Lisboa – Os jornais na Bulgária já escreveram sobre o assunto e toda gente naquele país a  conhecem como "a filha  do falecido Presidente Agostinho Neto" com uma cidadã búlgara.  Em Angola, a informação é do domínio de um núcleo restrito do regime que sempre tomou  cuidados para que o assunto nunca  viesse a publico. Há inclusive uma  informação  alegando que a  primeira vez que um jornalista angolano tentou escrever sobre isso,  foi em 1993, mas sem sucesso porque  três dias depois de ter sido municiado com a  informação acabou misteriosamente morto.

 

Fonte: Club-k.net

Reconhecimento dificultado por  Eugénia Neto

A mãe de Mihaela terá se envolvido com Agostinho Neto no decorrer  de uma viagem que o falecido  líder guerrilheiro do MPLA efectuou  a Bulgária entre os dias 13 a 19 de julho de 1973. Neto  se hospedou  no Hotel Rila na cidade de Sofia e ambos  terão se amigado  durante uma semana. meses depois, isto é em Fevereiro de 1974, nasceu a filha Mihaela Radkova Marinova.

 

Devido a pressão do sistema naquele país, que discriminava o  cruzamento de brancas com negros, a mãe de Mihaela  optou por entregar a filha,  a um orfanato tendo assinado um documento que permitisse a adopção da mesma ainda bébé. Logo após a independência de Angola, a senhora veio a saber que o político com quem se amigou no Hotel Rila se tornou presidente de Angola. Numa visita de Agostinho Neto a Bulgária, já nas vestes de Presidente a senhora contactou o então chefe de estado angolano  pondo-lhe ocorrente que tinham uma filha em comum. Em vida, Agostinho Neto,  costumava enviar dinheiro a Bulgária para apoiar a filha.

 

Há  informação fazendo defesa de que Agostinho  Neto teria  dado sinais de pretensão de receber a filha búlgara. A esta altura a  amante búlgara desconhecia o  paradeiro da filha, uma vez que havia entregue  para adopção. A senhora tentou procura em   orfanatos mas sem sucesso visto que na altura havia cerca de 100 internatos na Bulgária.

 

Mihaela foi re-encontrada pela mãe com ajuda das autoridades policiais, quando  já tinha 15 anos de idade. Esta informou a filha que o seu progenitor havia morrido e que se chamava Antonio Agostinho Neto. A mãe aconselhou-lhe a procurar os  familiares do seu pai solicitando por outro lado que  não a envolvesse no assunto visto que estava  casada, e não queria  problemas no seu  lar (Os  filhos e esposo desconhecem que tem uma filha com um negro.). São conhecidas revelações de uma irmã da mãe de Mihaela alegando que com o dinheiro que  Neto mandava-lhe chegou a comprar uma casa.


Após a insistente  circulação de informação do assunto, na Bulgária,   o Presidente angolano  José Eduardo dos Santos enviou, em 1995,  uma delegação a Bulgária  chefiada por um emissário  Felisberto Monimambo, então embaixador na ex-Jugoslávia  a fim de manter contacto com a suposta filha de Agostinho Neto. Estes conseguiram o contacto de Mihaela e a convidaram para um encontro. No seguimento do desenrolar do  contacto, o  embaixador Monimambo viajou entusiasmado a  Luanda para dizer aos familiares de Agostinho  Neto que a filha do “líder imortal” estava viva.  Monimanbo  terá abortado o dossiê logo após ter dado  conta que o assunto  tivera deixado a família Neto em dois campos opostos. As autoridades angolanas terão sentido que o embaixador se deixara comover com a versão de Mihaela e num sinal entendido como destinado a anular futuros contactos exoneraram-lhe do cargo de embaixador na Servia e de seguida  transferido  para outro país.

 

Em 1998,  Mihaela Marinova foi viver em Harare após ter casado com um cidadão  Zimbabueno com quem tem uma filha de 18 anos.  Neste país, manteve contacto com uma funcionaria da embaixada angolana em Harare, Luisa Chongololo que tem um irmão casado com uma das irmãs de Agostinho Neto. Luisa Chongololo i contactou Ruth Neto, a irmã do malogrado presidente e por sua vez, esta  deslocou-se, ao Zimbábue para ver a sobrinha, isto no ano de 1999.  Uma versão conhecedora ao assunto alega que Ruth Neto esteve preste a ter  um ataque ao ver Mihaela. Terá identificado nela traços paralelos a  família Neto. (Todos que  vêem Mihaela  dizem ser parecida com Leda, a filha mais nova de Agostinho Neto).  Ruth Neto terá movido influencias para tratar do assunto de reconhecimento tendo ela ficado pelo caminho devido a alegada oposição que enfrentou no circulo familiar.

 

O teste do DNA

 

Entretanto,  José Eduardo dos Santos, manifestando sensível tornou a   enviar um novo  emissário a Harare,  Francisco Romão para obter mais  pormenores. O enviado falou com  Mihaela sob a possibilidade de se fazer um teste de DNA de comprovação de  paternidade e esta aceitou. Foi lhe retirado o sangue em Harare e enviado para os laboratórios “Du Boisson and partner”,  em  Pretoria, África do Sul. Foram comparados com o sangue dos irmãos Irene Neto, Mario Jorge Neto e da viúva Maria Eugenia Neto.

 

O relatório dos resultados  assinado a 9 de Novembro de 1999 pelo medico A.S Greef, e que o Club-K teve acesso, concluiu que Mihaela não é filha de Maria Eugenia Neto acrescentando que não há dados para chegar a conclusão que  Mihaela, Irene e Mario  Jorge Neto partilham o mesmo pai. (Não há sangue de Agostinho Neto).  De acordo com uma apreciação  competente, o teste de DNA não deveria ser feito com Eugenia Neto, pois a mesma  não é,  mãe de Mihaela. Para se apurar, a paternidade tendo em conta que Neto já esta morto, poderia ser feito com fio do cabelo do falecido (Como aconteceu com o caso do fundador da DHL).  Em círculos restritos do regime, paira  suspeitas segundo a qual   terão enviado ao Presidente  José Eduardo dos Santos, a copia de um relatório falso, razão pela qual, o PR  terá se deixado convencer de que Mihaela nada tem haver com o  seu antecessor.

 

O dossiê “Mihaela” deixou a família Neto dividida. Há os que estão convencidos que a mesma é filha de Neto. Uma das figuras identificas como opositora do assunto é a  viúva Maria Eugenia Neto. Diz-se que teria inclusive contacto a Embaixada da Bulgária no Zimbábue para estes informarem a Mihaela para que deixasse em paz a sua família. A filha Leda Neto, identificada como tendo “bom coração” é a figura da família que tem postura diferente quanto a irmã (Diz-se que ambas tem  mantido contacto).

 

Mihaela Marinova presentemente em Londres, onde vive a 7 anos, faz trabalhos para área de hotelaria. É descrita como persistente a semelhança do pai e da irmã Irene Neto.  Em Novembro de  2004 esteve em Luanda, tendo se encontrado com Mendes de Carvalho que também terá se sentido comovido com a  historia. Esteve com o “tio” Roberto de Almeida que a recebeu no seu antigo gabinete  da Assembléia Nacional e falou com a sua irmã   Irene Neto.  A  Leda Neto  não pode a ver porque na  altura  encontrava-se hospitalizada.

 

Um jornal Zimbabueno que chegou a escrever sobre o caso, alguns anos atrás concluiu que uma das razões que leva o governo angolano a  não reconhecer Mihaela  é devido a receios que possam  afectar  a imagem do Presidente Neto que era visto como um homem que não se metia em deslizes.