Lisboa -  O Gen Geraldo S Nunda, definiu como prioridade na sua acção a construção/recuperação de quartéis e outras instalações militares; a rede respectiva apresenta insuficiências e/ou está degradada. Foram-lhe prometidos pelo chefe da Casa Militar, Gen M H Vieira Dias “Kopelipa”, de quem é próximo, apoios necessários ao lançamento do plano.


Fonte: África Monitor


Na visão do Gen G S Nunda, ao qual é geralmente reconhecido um enraizado espírito de organização, o estado de degradação dos quartéis (os mais robustos remontam à época da administração portuguesa) ou a sua mera inexistência, dão azo a distorções consideradas fomentadoras de descontrolo interno e indisciplina nas unidades.

 

É consabido que as unidades militares estão em geral desfalcadas, por efeito de deserções ou desmobilizações irregulares; a evidência nunca é, porém, superiormente participada pelos comandantes das unidades ou das respectivas regiões militares, que assim fazem reverter a seu favor os soldos destinados aos chamados “efectivos fantasma”.

 

2 . No plano orgânico estrito, outro “handicap” de vulto nas FA é o dos baixos níveis de preparação e competência dos membros do seu corpo de generais – em geral. Também está determinado que o fenómeno é mais expressivo entre o generais oriundos do MPLA; menos nos da UNITA, dotados de mais aptidões.

 

A origem do Gen S Nunda, que até 1992 integrou a UNITA, em cuja estrutura militar exerceu funções de responsabilidade no plano operacional e da organização, não lhe permite, porém, nomear para funções de grande visibilidade nas FA outros oficiais oriundos da UNITA – sob pena de gerar desconfianças e mal estar.

 

Este condicionalismo está a reflectir-se no processo de nomeação de um novo CEM do Exército, cargo vago pela nomeação do Gen J Barros “Nguto” para vice-CEMGFA. O Gen Jack Raul, originário do S, mas conotado com o MPLA, é dado como podendo vir a ser o escolhido – preteridos outros, mais habilitados, mas com a desvantagem de provirem da UNITA.


3 . O Gen S Nunda goza nitidamente da confiança pessoal e política de José Eduardo dos Santos (JES), mas este, nas suas decisões no plano das FA, precisa de atender a sensibilidades implantadas no sector e no regime (AM 507), que ainda encaram com reserva a ascensão na hierarquia de oficiais procedentes da UNITA.

 

Um elemento demonstrativo de que o novo CEMGFA goza da confiança presidencial é a capacidade que denota para se envolver em negócios pessoais – concentrados na agricultura, mas a alargar-se a outros sectores. Tem como parceiros outros antigos oficiais da UNITA reabilitados pelo regime, entre os quais Adriano Mackenzie e Alex Campos, mas igualmente outros, identificados com o MPLA.


É a uma subtileza destinada a fazer esbater a contradição entre a confiança de que S Nunda goza ao mais alto nível e a conveniência de promover a ideia da existência de uma atitude vigilante em relação ao mesmo, que são devidas medidas como a imposição de algumas restrições, sem precedentes (AM 508), às suas competências formais.


P ex, a sua capacidade para ordenar movimentos de tropas está restringida, quando comparada com a que vigorou anteriormente, e não dispõe de competências plenas para promover directamente aquisições de equipamento militar, incluindo armas e munições, mas também veículos, sobressalentes, uniformes e outros atavios.