Lisboa - O dossiê da sentença de Nerika Ferreira Pires da Conceição  Loureiro, a jovem   acusada de ter  assassinado o esposo Lopo Loureiro encontra-se no tribunal supremo por efeito de um apelo  de  recurso (da sua defesa)  sob  alegação de que a mesma padece de insanidade mental.


Fonte: Club-k.net

Por causa de uma alegada insanidade mental

O estado de sanidade  de Nerika foi   objecto de três  estudos  em diferentes fóruns profissionais, considerados pela sua idoneidade. O primeiro exame foi feito a  12 de Maio na Clinica da Sagrada Esperança (CSE) em Luanda por um medico  cardiologista, Antonio Capita que concluiu que o “cérebro e o tronco não apresentam alterações”.  Neste mesmo dia foi também vista por um especialista em  neurologia,   Victor Dorogovtsev que lhe passou um relatório declarando  “EEG anormal” e “sinais  de actividade epileptifone”.

 

Cinco dias depois de ter sido vista na CSE, Nerika Loureiro  voltou a ser vista no Hospital da Psiquiatria de Luanda por uma equipa de três médicos constituídos por   Natalia de Espírito Santos, Antonia  Sousa e Mariquinha de Oliveira. A equipa concluiu  que a argüida “não sofre de qualquer doença mental” tendo mesmo adiantando que “pode  assumir as  responsabilidades que lhe forem atribuídas”.

 

De todos os exames, o que terá dado sustento a tese  que põem  em causa a sanidade mental de Nerika Loureiro  foi, um  feito no Departamento dos Serviços prisionais, a 26 de Maio e que teve como  perito forense, um medico psiquiatra Rui Pires da Encarnação. O exame foi feito com recurso a três entrevistas dadas  pelos familiares (pai, mãe e um cunhado). Ao longo do depoimento, Nerika revelou ao medico que não se recordava de  nada. Disse que lembra-se  apenas que o seu malogrado esposo teria pegado a filha de três anos para ir dar banho  e de repente a mesma  sentiu que o esposo ria-se dela e a filha menor  tinha as mãos nos órgãos genitais do pai. Alega que já não se lembra de nada e que veio a  saber por terceiros que o esposo estava morto. Teria dito também que nos últimos tempos sentia-se tensa e achava que todo mundo falava mal de si tanto no trabalho como nas  lojas por  onde passou em Portugal.

 

No relatório  apresentado, o perito forense  considerou que a mesma  apresentava “desatenção, parcial orientação no tempo e espaço, alem de Estado mental alterado”. O psicólogo Rui Pires concluiu ainda que por causa da “perturbação mental grave, era ao tempo da acção, totalmente incapaz de entender o caracter ilícito do facto ou  determinar de acordo com esse entendimento”.

 

Os familiares da mesma  também estão convencidos  que Nerika andava com  alguma  “alteração mental”. Alegaram ao médico Rui Pires, que um grupo de  prisioneiras as reportou  que na prisão de Viana, a argüida apresentava comportamentos  paranormais consubstanciado em desejos ou pretensão de pegar/acarinhar os seios das outras colegas.

 

Nas ultimas semanas manifestou “forte” desejo de ver o filho mais novo. A sua  manifestação quanto aos filhos coincide ou calha numa altura em que a defesa do malogrado Lopo Loureiro  conseguiu  consenso  que permite os “pequenos” a estarem alguns dias com a família paterna.


Nerika é defendida por um advogado angolano Sergio Raimundo, com créditos firmados no mercado judicial. Por parte dos familiares de Lolo, tem uma advogada Paula Godinho. O processo é   acompanhado por um juiz do tribunal provincial de  Luanda, Manuel Antonio Morais.


O “Caso Nerika” abalou a cidade de Luanda desde o passado dia 1 de Abril quando a jovem Nerika provocou a morte do marido com    mais de dez golpes de tesoura e faca nas regiões do pescoço, tórax, e abdômen. A   autora do crime   formou-se em direito em Portugal e no regresso a Angola passou a trabalhar para a SONAIR, empresa filiada a SONANGOL. Já o malogrado esposo, Lopo Loureiro, igualmente  formado em terras Lusas,  era funcionário do Banco de Comércio e Indústria (BCI). Era um jovem muito calmo, conforme uma discrição em meios qualificados.