Luanda - ″…O espaço Urbano constitui para os modernistas, um local de análise de reflexão e de discussão. Acompanhado de movimentos modernistas, as cidades passaram assumir um lugar de destaque e de construção do próprio indivíduo…’’.


Fonte: Club-k.net


A problemática do espaço hoje e, na vertente antropológica oferece-nos uma nova figura espacial, que tem como suporte, as chamadas utopias realizadas, proveniente de outros espaços existentes no interior de outras culturas que pertencem e são representadas, contestadas e invertidas pela posição de utopia, resultando nas chamadas “heterotopias” que não são mas do que lugares que estão fora de todos os lugares, mas que no entanto são localizáveis. Essas mesmas heterotopias, podem ter influência, nas teses foucautinianas, “heterotopias”, esta expressão foi utilizada pela primeira vez, em 1967, numa conferência dada pelo filósofo Michel Foucault, sob o título “ outros espaços” destinada a um grupo de Arquitectos franceses. 

 

 As heterotopias de colocação ou de lugares, podem ser definidas pela relação de vizinhança entre pontos ou elementos formalmente, que poderíamos descreve-las como séries de árvores, quadriculas (...) de uma forma ainda mais concreta, diríamos que o problema do lugar ou de colocação põe-se apenas aos homens, em termos de demografia, porque o problema da colocação humana não deverá ser simplesmente a questão de saber se haverá lugar suficiente para se viver ou não, como nos parece ter sido este o discurso que preside a fertilidade imaginaria de muitos dos nossos servidores públicos.

 

A questão é realmente mais profunda, passando por se saber de facto que relações de vizinhança, de armazenamento, de circulação, de controlo, de classificação dos elementos humanos existem, para se atingir determinado fim social.

 

Sabemos que muitas das psido-vozes autorizadas, cá do sítio, advogam o princípio segundo o qual, ’’ De que estamos hoje numa época em que os espaços nos são colocados’’e que o segredo passa sobretudo pela capacidade da sua gestão.

 

Cada grupo étnico constitui um objecto de estudo e analise cientifica, à Antropologia angolana deverá em nosso entender, elaborar um sistema de agrupamento do material estudado relativamente ao “ Povo, grupo e a etnia” bem como para desempenhar as leis gerais, cujo mote a própria Antropologia encarregar-se-á de fazer a utilização de alguns critérios de classificação tais como:

 

- A classificação Geográfica

- A classificação Linguística

- A classificação Antropológica

- A classificação Económica

 

Procuraremos, reflectir em volta da classificação geográfica, que em nosso entender se nos oferece mais oportuno, em razão da matéria em análise. Como cada grupo étnico tem o seu território étnico e, é nesta base, que se elaboram os mapas etnográficos, com efeito a distribuição actual dos grupos humanos, entre os diferentes países não é um facto consensual. É o resultado de um longo processo histórico.

 

O processo de ocupação visa ao homem de superfície terrestre bem como das migrações ulteriores dos grupos étnicos, desde o surgimento do homem até aos nossos dias, o que implica dizer, que a parte habitada pelo homem não deixou de se modificar, estendendo-se e alargando-se o estudo dos critérios de classificação geográfica, permitindo distinguir numa determinada zona, entre povos recém chegados na base do principio da “ Capacidade geográfica” no caso da classificação geográfica dos povos, há que cuidar em faze-los, segundo as zonas histórico-geográficas, que não são zonas casuais, mais sim reais e confeccionadas historicamente.     
                  


Noutros termos diríamos, e sem qualquer tipo de pretensão em “antropologizar” Foucault, que devemos viver num espaço em que se organiza a partir de um conjunto de relações, que se definem como colocações irredutíveis e absolutamente não sobreponíveis.

 

Provavelmente estaríamos, a entrar para ideia mais forte da Antropologia do Espaço em que para ser operacionalizada, nos obriga a um esforço aturado, metodológico e sobretudo analítico. Trata-se, de saber quais são e como estuda-los, os mecanismos que ligam o espaço ao social e ao cultural, de forma a constituir as identidades.

 

A relação com o espaço é o que poderíamos entender como o garante universal das particularidades e identidades, o que quer dizer que a “Dimensão espacial” não pode ser apreendida directamente, ela só se manifesta na intimidade dos sistemas e das estruturas sociais, na intimidade dos dispositivos simbólicos, não podendo manifestar a sua universalidade, senão tornando evidentes as operações que, a todas as sociedades lhes são comparadas.

 


Cláudio Ramos Fortuna
 Urbanista
 
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