Luanda - Entre patetices, gabarolices e fanfarronices, próprias do seu estado terminal/demencial, Artur Queirós (AQ) também mentiu descaradamente na entrevista concedida esta terça-feira ao programa do Zé Rodrigues na LAC ao assumir a paternidade do Kudibanguela, um programa popular de agitação política favorável ao MPLA que começou a ser transmitido em Dezembro de 1974, ainda sob o tecto da então Emissora Oficial de Angola (EOA).


Fonte: morrodamaianga.blogspot.com/


Um dos quatro sobreviventes do Kudibanguela garantiu-nos esta terça-feira que AQ nunca teve nada a ver com o programa, que foi uma iniciativa da Coordenação da Comissões de Bairro que inicialmente contou com o apoio da direcção do MPLA na pessoa do próprio Agostinho Neto. Da equipa do Kudibanguela faziam parte: Manuel Neto (MBala), coordenador e na altura DG da RNA; Adelino Santos (Betinho); Costa Benjamim NGalangandja; Emanuel Costa (Manino); Rui Malaquias (Ngila); Colosso; Evaristo Rocha; Ricardina Rocha (Didina).

 

Técnicamente o programa era assessorado na sonoplastia pelo Fernando Neves, o Artur Arriscado e o Óscar Gourgel, que em momento algum foram tidos como membros da equipa.


É bom recodar aqui que no periodo revolucionário, AQ trabalhou na EOA pouco mais de cinco meses, conforme ele próprio nos deu a conhecer, tendo em conta que o seu regresso a emissora se deu em Setembro de 1974, depois da sua primeira admissão em 1966 como "assistente literário".


Artur Queirós mentiu igualmente em relação a não existência de um estatuto do jornalista em Angola.

 

O estatuto (decreto do Conselho de Ministros) existe desde 1996 (salvo erro) e só não foi implementado conforme ele deveria ser, por ausência da Comissão da Carteira Profissional, que tarda em ser criada, por razões que ultrapassam de algum modo a classe.
Com a aprovação da nova Lei de Imprensa em 2006 voltou a falar-se da necessidade de se aprovar um novo estatuto do jornalista. Até agora estamos todos a aguardar que o "milagre" aconteça.


O inicio das hostilidades


AQ é uma das penas/bocas mais sujas que já passou pela nossa imprensa, sobretudo quando cobardemente, a coberto do anonimato com recurso a conhecidos pseudónimos, se fartou de atacar e achincalhar honrados profissionais angolanos da imprensa privada com as mais abjectas considerações.


Entre nós, AQ é o último dos mortais a ter o direito de representar o papel de virgem estuprada, pelo que, no mínimo, foram patéticas as suas lamentações à LAC relacionadas com a existência de uma selva na paisagem mediática local.

 

Desde que nos primeiros anos da década de 90 regressou a Angola auto-imbuído do papel de salvador do jornalismo angolano, foi ele que deu inicio a todas as hostilidades que agora cinicamente diz lamentar.

 

São da sua autoria as palavras que se seguem, retiradas de uma famosa/famigerada entrevista que há mais de 15 anos concedeu à Silvia Milonga:

 

"Em Angola não há jornalismo independente. Existem alguns oportunistas, mal formados e pior educados que são uma espécie de candongueiros da Informação e fazem dos jornais tendas de negócios de ocasião. Só sobrevivem e prosperam porque o Poder está interessado neles, para se ver livre dos adversários por pouco dinheiro. Em Angola, os órgãos de Informação mais sérios e credíveis são do Estado. Pelo menos nesses sabemos donde vem o dinheiro e o patrão foi eleito em eleições declaradas pela ONU livres e justas. Os restantes são leprosarias!"  Depois desta declaração de guerra, a que se seguiram outras tantas do mesmo baixo coturno, ele queria o quê?

 

Se calhar ainda estava a pensar nos tempos das roças do Uíje e do tratamento que era dispensado pelos colonos portugueses aos contratados...

 

A desonestidade intelectual

 

AQ fugiu de Angola antes de Maio de 77. Sabe-se lá por quê. A versão da perseguição de que estaria a ser objecto por parte dos "nitistas" não faz muito sentido, até porque na altura em que foi parar ao Jornal de Angola (acho que ninguém se lembra desta passagem) já tinha havido uma considerável alteração da correlação de forças no seio do MPLA a favor dos seus amigos e protectores.


Em Portugal destacou-se por um artigo de opinião que escreveu no semanário Expresso sobre o "socialismo de sanzala", em defesa de um dos seus amigos de peito que em Luanda tinha caído em desgraça, depois de ter andado a aquecer todos os ferros quentes que havia na sua oficina.


Foi, nos anos 80, um dos artigos mais hostis ao MPLA escritos na imprensa ocidental de que tenho memória.


Definitivamente, a desonestidade intelectual de AQ é um dos traços mais característicos da sua personalidade.


Não se sabe por que carga de água, mas este disparatado filho de transmontanos nunca quis dizer onde nasceu, sendo ponto assente que, à semelhança do que aconteceu com muitos portugueses da época, ele terá vindo para Angola com dois ou três anos de idade, antes de se matricular na escola primária do Negaje.


Por que razão ele evita dizer em que terra nasceu?


AQ é de facto "especialista" em retirar da sua auto-biografia as passagens que politicamente não lhe interessam muito no âmbito da sua estratégia pessoal que tem a ver com a afirmação de uma "angolanidade" que ultrapassa a média, numa altura em que o seu salário real já deve rondar os dez mil dólares mensais.


Neste âmbito não há qualquer dúvida que a sua "angolanidade" ultrapassa de longe a média dos jornalistas angolanos.

 

Para quem já confessou que nunca estudou jornalismo e agora se apresenta aqui como um formador certificado pela União Europeia, convenhamos que o homem descobriu a mina. Para além disso AQ também "limpa" do seu CV profissional as passagens mais incómodas, como foram, nomeadamente, o periodo em que trabalhou em Lisboa para um panfleto esquerdista chamado "Página Um" e o livro que escreveu sobre Marcolino Moco, quando o político era Primeiro-Ministro.


Desonestidade intelectual (2)


Das reacções a que já tive acesso na sequência de conversas que tenho vindo a manter com pessoas que ouviram toda a verborreira destilada por AQ na última terça-feira, dois dos meus interlocutores mostraram-se particularmente chocados com a afirmação gratuita do entrevistado segundo a qual tudo o que ele é se deve ao MPLA.

 

De facto esta afirmação também prendeu a minha atenção, porque todos os que não temos memória curta, nos lembramos da postura bastante crítica que AQ assumia na altura em relação à linha ideológica do MPLA e à postura política do próprio Agostinho Neto, situando-se muito mais à esquerda do EME, onde de facto ele "militava" ao lado de outras sensibilidades que na altura já se opunham à estratégia dos "camaradas", recém-chegados das matas.

 

Um dos meus interlocutores está mesmo em condições recordar algumas das críticas que AQ fez a Agostinho Neto na sua presença.


A não ser que ele prove com documentos, AQ nunca teve qualquer ligação mais orgânica com MPLA, como também não há registos de que antes da independência ele tenha tido alguma actividade clandestina ao serviço da luta de libertação nacional.


Aquela história dele ter ido entregar todos os salários que recebeu da EOA ao "camarada Rita", dificilmente poderá ser comprovada, sobretudo, porque o antigo tesoureiro do MPLA já morreu e ele sabe bem disso.