Luanda - As pesquisas sociais demonstram sem equívocos, que as anomias na sociedade são causadas por vários factores Sócio - políticos e económicos, e tem um impacto desastroso e duradouro que vai afectar várias gerações e principalmente as crianças.


Fonte: Club-k.net


Angola, neste particular, esta a viver um momento dramático, uma situação de tripla crise, causada pela disseminação cada vez mais gritante de HIV e SIDA, Pobreza e violência ou conflito, que tem um impacto imensurável sobre as famílias e sobretudo nas crianças, adolescentes e jovens de toda a nação.


Nos últimos dois anos tive contactos com uma organização denominada, REPSSI (uma Organização Não Governamental regional baseada na África do Sul, com actividades em quase toda a África Austral), que tem o seu foco principal na promoção de acções que contribuam para a melhoria do bem-estar psicossocial das crianças, famílias e comunidades. A mesma organização, assume que a tripla crise, ou seja o HIV/SIDA, a pobreza e o conflito, são a causa principal dos problemas psicossociais das crianças, famílias, comunidades e já agora de toda a nação. O HIV/SIDA, sem dúvida tem estado na base de muita descriminação e estigmatização de muitas crianças, jovens e famílias, criando consequências psicossociais dramáticas, que levam muitos cidadãos ao suicídio, no caso de Angola, é bem conhecido o drama das pessoas que vivem com HIV/SIDA.

 

A pobreza, é a outra face da moeda que esta na base da falta de recursos suficientes, para que se promova um ambiente familiar sadio e confortável por formas a promover o conforto das crianças, das famílias e no fim do dia de toda a comunidade. A pobreza afecta todas as vertentes ligada a educação, a alimentação de qualidade, o tempo entre pais e filhos, a relação parentesca entre familiares, e ela esta na base da promoção da delinquência nas sociedades, principalmente por parte dos jovens. Assim os efeitos da consequência da pobreza, acabam por ser determinante na atitude e acção do indivíduo na sociedade.

Em relação ao conflito, Angola vivenciou no seu dia-a-dia o impacto dramático deste factor, porquanto sofreu uma das guerras mais longas e violentas da história da humanidade, que advém historicamente com a Guerra Colonial que durou cerca de 14 anos, depois a guerra civil que durou quase 30 anos e que terminou com os acordos de 4 de Abril de 2002. A guerra é um dos acontecimentos mais traumatizantes, as vítimas de um conflito armado perdem familiares, amigos, haveres pessoais, valores, hábitos e costumes, muitas vezes têm de deixar a região onde vivem para irem para outra mais segura, como aconteceu com as populações do Huambo, Moxico, Kuando Kubango, Kwanza Norte, Malange, Uige, Bie, só para citar estas, como consequência da mesma, as crianças, as famílias e comunidades completas ficam expostas a todo o tipo de violência, abuso, negligência e exploração.

Em Angola, temos tido acesso a várias noticias que, com uma regularidade temerária, as rádios, os jornais (Publico e privados), as reportagens televisivas, tem estado a passar em relação aos crimes (mortes de namoradas mulheres e maridos, violações de menores, acusações de crianças feiticeiras, encarceramento de pessoas, espancamentos, etc.), vulgarmente chamados de violência doméstica, crimes passionais, especialmente, contra crianças, mulheres e velhos. E este desagrado, com certeza, milhares de Angolanos, com o mínimo de Angolanidade sentem a mesma repugnância, nos dois sentidos: Em relação as noticias, primeiro, porque elas são muito chocantes e, em relação aos crimes em si pelas causas e motivações que os próprios criminosos de uma maneira sádica e louca confessam.

Agora meus caros camaradas, a situação actual do país, mostra claramente que as questões psico sociais, são a nossa prioridade e devem ser a bandeira do executivo, estamos conscientes de que não se deve reconstruir um país materialmente se os valores morais e éticos da sociedade, não são salvaguardados, se o respeito pelas regras de convivência social, a salvaguarda da vida, a educação, o bem-estar físico e psicológico, o respeito pela diferença de opinião, o ter vontade própria como indivíduo, o ter direito de escolha (se quero ser sua namorada ou não, se já não gosto de si), devem ser o modelo para os Angolanos, aliás na nossa tradição Africana as coisas são assim, não estamos a inventar nada que vêem do ocidente. Ou é por este facto que estes modelos não são copiados? Parece-me que, existe uma tendência generalizada do executivo, de valorizar os modelos que vêem de fora em detrimento dos nossos.

O actual cenário, esta a dizer a todos nós que devemos prestar atenção a nível das famílias, porque é ela o núcleo central da sociedade, são os sociólogos, os psicólogos, os comunicólogos e os educadores que o confirmaram cientificamente, são as famílias que lançam o produto/individuo na sociedade e se o produto/indivíduo que estiver a ser lançado na sociedade não for bom, então a sociedade também não será boa. È claro que, a família sozinha, também não consegue muito, ai é chamada a comunidade onde estamos inseridos e depois a Nação completa, mas como?


È aqui onde pensamos que o actual Governo, ou executivo (como mandam as novas regras) não esta a prestar a devida atenção sobre as questões psico sociais da sociedade Angolana, porque senão nesta altura, o Governo já teria disponibilizado orçamento, contratado psicólogos e sociólogos com o objectivo de fazer pesquisas cientificas, envolvendo as universidades (não só publicas, mas também privadas) a fim de permitir o lançamento de uma estratégia de Programa de Apoio e cuidado psico Social para as famílias Angolanas, tendo em conta os cenários da vida urbana, peri urbana e ate no meio rural.


Neste sentido o executivo, já teria criado estratégias públicas e guiões que apoiem e promovam o bem star-estar psicossocial das crianças, das famílias e das comunidades, indicando mecanismos reais para a promoção de políticas inclusivas de combate a pobreza e, especificamente ao desemprego, combate as desigualdades sociais que promovam uma sociedade mais estratificada, com tendência a evidenciar a posse económica ou material, como o único factor de valor, desvalorizando a ética e a moral, a posição social baseada no respeito da idade, das mulheres e das crianças.


Se o Governo (executivo) estivesse a ser serio com estas questões, Já teria se pensado na participação de indivíduos e comunidades a quem se dirigem os programas, alias, Como já foi provado, isto resultaria na criação de experiências mais fortalecedoras. A participação significativa das vítimas deste mal (que acabamos por ser todos os Angolanos) criando oportunidades de desenvolvimento de habilidades, confiança, e também formando e dirigindo o curso no qual os projectos e programas deverão progredir. Isto tornaria o trabalho do Governo (executivo) mais significativo e relevante na resolução das preocupações e realidades daqueles para os quais existe, e elevaria os níveis de alto estima de todos os Angolanos e, já agora, de Cabinda ou Cunene e do Mar ao Leste.

O Governo (executivo), deve urgentemente, utilizar parte dos recursos ganhos com os combustíveis, agir no sentido de interagir com vários profissionais destas áreas sociais, para visualizarem-se as possíveis soluções desta questão, porque as razões da má conduta dos jovens não é exclusivamente económica, mas sim social, partem da educação da família, da comunidade, da sociedade e em última instância de toda a Nação, da falta de atitude do executivo angolano em relação a esta questão, dos maus exemplos que os gestores públicos, suas famílias e os seus filhos dão a toda a sociedade. Será que somos uma Nação mal-educada?


Na ausência de tais politicas dentro das estruturas competentes do executivo, as intervenções que acontecem são meramente dependentes da paixão de certos indivíduos e outros factores que não podem ter um impacto sustentável e de longo prazo nas vidas das crianças, nas suas famílias e nas comunidades, o exemplo da psicóloga Encarnação Pimenta (que nos últimos anos, tem estado a se debater de uma forma pragmática e com cientifissidade, em prol das questões do apoio e cuidado psicossocial em Angola, mesmo a partir do ciclo universitário, como também na comunicação social) é um indicador claro da importância deste assunto.


Se estivessem a dar prioridades as questões psico sociais, as notícias repugnantes e os relatos dos criminosos confessos, já estariam a diminuir, porque as condições de apoio a acções psico sociais a nível das crianças, das famílias, da comunidade e da Nação já estariam a ser tratados com a seriedade e celeridade que os tempos exigem e os psicólogos e sociólogos já teriam o espaço que merecem na sociedade.


Mas sabemos também que vale tarde, do que nunca! Então, meus amigos, prestem atenção nos problemas sociais que estão na base destes comportamentos violentos dos Angolanos, e tentem ser sérios com estes Angolanos, que tem dado mostra de muita paciência, com os vossos programas, que somente focam os aspectos matérias (o que se revela importante também), mas que pecam por não incluírem a reconstrução dos aspectos de fórum psico social, esta falta grave limita o impacto dos investimentos públicos feitos a todos os níveis em Angola. Porque neste momento o futuro da nação depende grandemente da avaliação correcta dos grandes problemas sociais e das suas implicações psico sociais aos cidadãos de Angola.


Que este executivo, não fique a leste dos problemas do apoio e cuidados psicossociais.