Luanda - O MPLA acusou ontem o deputado e secretário-geral da UNITA, Camalata Numa, de estar na origem dos distúrbios ocorridos na província do Huambo.


Fonte: Jornal de Angola

Está sem projecto  político viável

Os incidentes no Huambo ocorreram depois de uma reunião que o deputado da UNITA teve no Bailundo, durante a qual os militantes do partido receberam instruções para causarem distúrbios.

 

A denúncia foi feita ontem à noite, no telejornal da Televisão Pública de Angola, pelo secretário do MPLA para a Informação, Rui Falcão Pinto de Andrade, que esteve em directo no noticiário principal da TPA.

 

O porta-voz do MPLA descreveu detalhadamente a forma como  se desenrolaram os acontecimentos desde a data da reunião realizada pelo deputado da UNITA no Bailundo.


O deputado Camalata Numa, juntamente  Liberty Chiaca, dirigiu as reuniões entre 27 e 31 de Janeiro e a 2 de Fevereiro, no Bailundo, com o propósito de "semear o pânico e lançar calúnias sobre a população e manchar a imagem do MPLA", indicou Rui Falcão. A agressão a Silvestre Sambongo, soba de Caiumba, no Huambo, foi "encenada" depois dessa reunião no Bailundo, para ser atribuída ao MPLA, como um acto de "intolerância política praticado por elementos do MPLA".

 

Ameaça de queixa

 

O secretário para a Informação do MPLA reagia às declarações feitas ontem, em conferência de imprensa, em Luanda, pelo secretário-geral da UNITA, durante a qual ameaçou fazer uma queixa contra o Estado angolano por "violação dos direitos, garantias e liberdades fundamentais". Na conferência de imprensa,  Numa declarou que o seu partido "vai promover e patrocinar uma acção contra o Estado e seus órgãos e agentes, por serem responsáveis por acções ou omissões que resultaram na violação dos direitos, garantias e liberdades de cidadãos". O secretário-geral considerou que as instâncias competentes do ordenamento jurídico angolano "se mostrarem incapazes de fazer respeitar os direitos e liberdades" e por isso "a UNITA recorre às instâncias internacionais competentes".


Nas declarações à TPA, o secretário do MPLA para a Informação referiu que Silvestre Sambongo foi agredido por quatro pessoas desconhecidas que depois ser veio a saber serem da UNITA. "A vítima dirigiu-se às autoridades policiais, onde apresentou queixa formal, mas no percurso de regresso à casa voltou a ser agredido por António Caputo, militante da UNITA e primo do agredido. A Polícia Nacional deteve o agressor para investigar o caso".

 

Rui Falcão disse que o secretário-geral da UNITA tentou interferir a favor do agressor no trabalho de investigação das autoridades, lamentando que isso tivesse acontecido, porque Angola "tem leis e quem prevarica deve ser julgado e condenado pelas autoridades competentes". O porta-voz do MPLA acusou Numa de utilizar o cargo de deputado para interferir na justiça.

 

Rui Falcão considerou "propositado e com intenção de manchar a imagem" do seu partido o facto de Numa associar o MPLA à agressão. O MPLA, sublinhou, acompanha com preocupação a intenção da UNITA de envolver os seus dirigentes em cenas de desacato.  Essa atitude da UNITA é preocupante porque "pode exacerbar os ânimos que podem levar a situações menos boas", disse Rui Falcão, sublinhando que Angola é Estado de direito democrático e com uma Constituição que deve ser respeitada.

 

Rui Falcão considerou que "a UNITA está desesperada e sem projecto ou programa político viável" e defendeu que, por causa das ameaças que os dirigentes da UNITA têm feito aos militantes e dirigentes do MPLA, "o recurso à justiça será o caminho a seguir". O MPLA promete levar o assunto à debate na Comissão de Ética da Assembleia Nacional, por se tratar do comportamento grave de um deputado da Assembleia Nacional.

 

Rui Falcão lembrou que "o país já não está mais num processo negocial". "Os cidadãos já sabem que quando vimos a público denunciar, devemos fazê-lo com responsabilidade e não entrar nesse tipo de acções", disse.