Carta ao Director Nacional da Alfandega


AO
DIRECTOR NACIONAL DAS ALFANDEGAS
LUANDA
                          

                                                                                                              
Só escrevo porque no mês de outubro como importador tive muitos problemas junto da empresa Bivac para levantar o meu CRF. Eu obtive o numero  do PIP em Luanda em agosto para fazer a inspeção no Oshikango. Acontece que os meus contentores só chegaram em Outubro no porto do Welvis Bay e pedi a inspeção para outubro, mas foi engraçado que quando quis fazer inspeção me pediram novamente o talão de deposito que fiz no banco de Luanda. Mas se eu já tinha o PIP no sistema e há tantos meses porque me pedirem mais o talão? Se para a Bivac meter o meu PIP no sistema e preciso pagar! Eu perdi meu talão por causa das minhas viagens para o Huambo onde vivo, para o Cunene, para walvis Bai para Luanda. Já paguei e não tinha que pagar mais. Mas como o prazo estava no fim senão eu perderia o meu carro porque já estava a pagar muita subestadia. Paguei mais mil e tal dólares americanos!


A bivac esta a roubar-nos muito a nos como angolanos. Eu trabalhei alguns anos dentro desta empresa e deu para compreender tudo.  Esta roubalheira não só aconteceu comigo como também esta acontecer com vários cidadão sacrificados deste pais. Também esta a acontecer com grandes empresas privadas e do estado que estão a pagar duas vezes porque de durante muitos anos a empresa anda muito desorganizada, já fomos expulsos muitos porque teve sempre negocio escuros inclusive entre os brancos estrangeiros, mas fomos nos os negros que fomos despedidos e ameaçados.


Levanto esta situação agora porque, mas um amigo disse-me que também teve o mesmo problema. E como bom cidadão me sinto mal porque eu era obrigado a cobrar como os outros meus colegas são obrigados a dar a cara e arranjar conflitos com alguns clientes como o que eu tive algumas vezes coma Mazzaratti e outros clientes singulares.


Sr. Director,


Hoje eu e os outros colegas que já deixamos a empresa temos sido vitimas de coisas que éramos obrigados a fazer aos clientes.


A empresa agora passou a desconfiar de todos e de tudo, por isso não temos nenhum angolano num posto de relevo.


A empresa antes de eu sair tinha um director geral (Frances), directora comercial (portuguesa) e directora de operações (peruana). A directora de operações era o elo de ligação Bivac-Alfandega-Paris.

 

Com a saída da directora de operações para directora em Portugal esperava-se o nosso Joaquim Caixinha, bom trabalhador e muito honesto e integro, assumisse o cargo com todas as responsabilidades da anterior directora. Mas como nos os pretos angolanos não podemos ter cargos de direção nesta empresa, trouxeram mais um estrangeiro para assumir quase esta direção relegando o Caixinha para uma área decorativa e sem expressão, sem contacto e deslocações a paris e apenas servindo de contacto com a alfândega, porque o tal estrangeiro de nada percebe.

 


Alias, segundo as informações dos ex-colegas, tal estrangeiro trouxe consigo mais outros estrangeiros que estão a pisar angolanos capacitados e que tem agüentado a bivac desde 2002. Auferem grandes salários, carros comprados pela empresa e casas alugadas com valores mês superior a 10 a 15mil dólares americanos. Angolanos como eu e outros que ganhávamos 400usd, fomos substituídos por estrangeiros a ganhar  6 a 10mil usd.  Por exemplo, os colegas que estão ainda na empresa dizem que o Sr Caixinha ganha 3mil usd, mas a pessoa equivalente a ele e inferiores, só porque são portugueses ou franceses
Tem salários de 8 a 10mil usd!!  O carro que andava com um estrangeiro durante anos, já com muitos problemas e que foi dado ao Sr Caixinha, que nem anda com ele e ao dito estrangeiro foi-lhe comprado um carro 0 km. Não acha isso um grande abuso?

 

O engraçado e que em outubro passado o serviço de migração e estrangeiro, a alfândega, a policia econômica e a inspeção geral do estado foram alertados por um grupo de actuais trabalhadores da Bivac, que todos os estrangeiros desde o director geral ate a sua própria secretaria, também estrangeira (ganha mais de 5mil usd) não possuem Vistos de trabalho. Foi sempre assim, desde que entrei na Bivac em 2004 e já encontrei estes problemas.


Sr. Director,


A Bivac já e uma empresa de direito angolano e nunca teve nenhum director geral, nem directores adjuntos e outros angolanos. Isso não e contra a lei angolana? Alias em 2005 teve sim uma directora administrativa-financeira, Dra. Farida, e portuguesa, mas de origem angola. Por esse facto, desmembraram esta área e trouxeram uma portuguesa para assumir apenas a área administrativa ganhando 9mil usd e a Dra. Farida a ganhar 3mil! E uma injustiça! E descriminação.

 

Meus colegas, de certeza que vocês ainda se lembram de mim, sabem que eu discuti muito estas coisas, se vocês não tiveram coragem de falar disso, me desculpam que eu vou falar e quero que também ganhem coragem de acabar com esta bandalheira! Infelizmente a minha namorada ainda esta ai e sinto-me obrigado a solidarizar-me com ela e expor a nu toda esta porcaria. Chega. Ganhem coragem de falarem abertamente, ou temos de fazer uma revolução dentro da empresa tal e qual a do EGIPTO?


Sr. Director,


A alfândega sabe quantas vezes os inspetores foram obrigados a assinar relatórios de inspeção de mercadorias que não foram feitas, sobe pena de perderem os lugares? Isso já vem desde o Jean Michel, passou pela Patrícia Munoz e outros. Navios com sacarias no auto mar e sem inspeção, mas sempre entrou no pais! Por favor, autoridades façam alguma coisa. Façam uma investigação meticulosa, chamando alguns colegas de forma individual e propondo anonimato e vão ouvir tantas verdades que estes brancos poderão ir para a cadeia imediatamente.

 

Por exemplo, há mercadorias, principalmente de empresas portuguesas que já nem fazem inspeção, apenas emissão de relatórios e o CRF sai já. Isso devido à existência de muitos portugueses nas áreas sensíveis da empresa e os colegas que la estão sabem bem disso, apenas não tem coragem de falar ou ate tem medo porque isso virou máfia, com ganhos grandes.

 

Há também mercadorias provenientes de alguns mercados asiáticos que entram em angola, de forma camuflada e quando o inspetor da Bivac vai realizar a devida inspeção, os directores orientam “não precisam abrir nenhuma caixa ou volume, abram apenas o contentor, tirem o selo e registrem o nr do contentor e voltem rápido, porque eles são nos grandes clientes”
Normalmente nenhum funcionário questiona esta orientação porque e de estrita obediência. Estas são as grandes empresas dos cidadãos árabes, ligados possivelmente a redes terroristas.

 

Outro caso e a certificação errada do cimento que em alguns casos entrou em angola, cuja certificação passava pela Bivac que na época era única empresa de inspeção. O cimento que o pais importava não era 42,5R mais sim, 32,5R. E ate um dos nossos colegas que já saiu da empresa ainda tem um CRF nestas condições.

 

O mesmo continua acontecendo com o asfalto as empresas de construção de estradas importam. Não e o asfalto para o nosso clima que e quente e logo muito caro. Eles importam o asfalto para ser usado em climas muito frios e, portanto muito barato e aqui em arranjos com a nossa empresa, certificam como se fosse o mais caro e todo mundo na Bivac sabia deste negocio que rende muitos milhões de dólares e que fazem as nossas estradas não durarem nem seis meses, com buraco e a derreterem.

 

Quando eu entrei na Bivac ate a altura em que sai, porque já não agüentava tanta descriminação, não tive nenhum curso de superação, atualização ou refrescamento. Os que la encontrei disseram-me que também não tiveram formação nenhuma a exceção de um ou outro, que foram de assertividade.


Eles não dão cursos para os angolanos materem-se sempre em baixo, para justificar a contratação de portugueses e outras nacionalidades para fazerem aqui que os angolanos ate sem formação fazem melhor. Esta e a grande verdade!


A Bivac  existe há quase duzentos anos e nunca teve um grande Contrato como este de angola. Segundo conversas que na altura ouvi, parte do salário de todos os Escritórios existentes no Mundo são pagos com o dinheiro feito em angola.


Muito do dinheiro que e transferido para fora e em excesso e não corresponde a verdade. Eu estive la dentro e sei da verdade e estou disposto a colaborar com o governo, caso seja necessário e eu note medidas a serem tomadas imediatamente.


Eu aconselho a alfândega, antes da renovação da licença ou então para o cancelamento da licença que faca o seguinte com a maior urgência:

 

1 - Solicitar a Serviço de migração e estrangeiro, a verificação de todos os Vistos de trabalho, mas as Alfândegas têm de acompanhar, porque eles passam a vida a dar grandes gasosas aos inspetores da SME. (Aqui chamo a atenção do novo Ministro do Interior que esta a arrumar bem a casa).


2 – Que seja feita solicitações a presença de alguns funcionários da Bivac (de forma secreta para não sofrerem represálias) quer de Luanda quer das províncias e outros para individualmente prestar informações que em muitos casos atentam contra a nossa segurança nacional. 


3 – O Ministério das Finanças que celebrou o Contrato com a Bivac deve exigir imediatamente que a direção da empresa passe para as mãos de angolanos, como acontece em qualquer empresa de direito angolano.


Gostaria que os meus ex-colegas ganhassem coragem e pudessem pronunciar-se para acabarmos com toda esta violação da Legislação angolana.

 

Gostaria de não me identificar ainda, mas farei o mais breve possível.

 

Muito obrigado pela atenção