Luanda - Corre há semanas uma virtual convocatória para uma manifestação contra a ditadura e a corrupção personificada pelo Presidente José Eduardo dos Santos, que está há 32 anos no poder sem nunca ter sido formal e legalmente eleito como mandam as regras da democracia que o seu partido finge implementar no país. A manifestação convocada visa mostrar que o país está farto dele e do seu grupo, está farto do seu cinismo mascarado em incompetência, para ver se ele percebe isso e vai embora à semelhança do que aconteceu com os seus colegas ditadores do norte de África.


Fonte: Club-k.net



De início o MPLA pareceu ignorar a convocatória, mas com o passar do tempo percebeu que havia aí a germinação de algo poderoso que podia abalar as suas estruturas e reagiu no seu melhor: com ameaças e manipulação. Primeiro foi o velho Dino que surgiu a ameaçar com a tomada de medidas sérias. Como pode um líder partidário falar em nome do executivo? E que medidas sérias são essas que ele prometeu? Por acaso manda o MPLA na Polícia e nas Forças Armadas? A resposta àquelas perguntas parece implícita nas ameaças que o velho Dino(ssauro) proferiu à todo o país. Só a certeza da posição de controlo absoluto que o seu partido tem sobre os órgãos de defesa e segurança do país o permitiriam anunciar no tom arrogante que o fez as medidas sérias que prometeu.



Nas suas intervenções, o MPLA foi fazendo sugestões sobre o risco do retorno à guerra e tentou apelar à sensibilidade dos cidadãos lembrando-os dos males que a guerra provocou em todos nós. Nada mais ridículo! Só num país das bananas, como a Líbia, uma manifestação pacífica resulta numa guerra. E com esta atitude o MPLA uma vez mais mostrou que criou uma ditadura, uma não tão suave ditadura como lhe chama Agualusa, mas uma ditadura refinada onde o culto da personalidade ultrapassa.



Por tudo isso acho que a convocatória da manifestação já representa uma grande vitória. Representa uma grande vitória porque fez com que o regime percebesse que o povo não está assim tão contente com o seu desempenho, porque fez com que o regime percebesse que não está assim tão seguro e, principalmente, fez com que o povo percebesse o regime que tem. Um regime que não acredita ele próprio na constituição que fez aprovar e ameaça com guerra o mero exercício de um direito fundamental.



O que aqui está em causa não é a oportunidade e a conveniência de uma tal manifestação, o que está em causa no meio de tudo isto é a forma como o poder reagiu em face disso. Por isso, acho que, saindo ou não, o dia 07 de Março vai ser um marco histórico para o país, porque marca o início de algo muito importante, o renascimento da nossa força como povo e da nossa capacidade de operar mudanças.



A mensagem passou. O povo está farto!