Corrupção institucionalizada no país

Isaías Samakuva defendeu que, “para inverter o quadro” de “corrupção institucionalizada” no país é necessária “uma mudança de regime”, sublinhando que o seu partido é o que está melhor posicionado para essa tarefa.

Numa cerimónia marcada pela presença de cerca de 400 pessoas, entre militantes e simpatizantes do partido, Samakuva considerou que, “os grandes problemas nacionais são a exclusão social, a pobreza, o desemprego, o sistema de educação e a corrupção”.

O líder da UNITA lembrou que mais de 68 por cento da população angolana vive na “pobreza extrema” e que a taxa de analfabetismo está estimada em 58 por cento em contraste com a média africana que é de 38 por cento.

Samakuva assinalou que entre 1997 e 2001, Angola consagrou à educação uma média de 4,7 por cento do seu orçamento, quando a média dos países que integram a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) foi de 16,7 por cento.
“Para além de limitados, esses recursos enfermam também de iniquidade na sua distribuição, sendo que para o litoral Angola disponibilizou 15 dólares per capita, enquanto no interior, cifrou-se em cinco dólares, o que é uma política discriminatória que resulta da cultura de exclusão”, frisou.

Quanto ao sistema de saúde, referiu que Angola disponibiliza apenas três a quatro por cento do seu orçamento para o sector e que a malária continua a ser a principal causa de morte dos angolanos, seguindo-se a tuberculose, desnutrição, tripanossomíase (doença do sono) e hipertensão.

“Angola, ao invés de um Estado de direito, tornou-se num Estado patrimonialista, mal governado, com um baixo índice de desenvolvimento humano, onde os jornalistas ainda são presos”, disse.
Ainda no domínio da economia, apontou que esta continua a crescer, mas “mal” quer na estrutura da produção interna, quer na distribuição da riqueza nacional.

A título de exemplo, o sucessor de Jonas Savimbi na liderança da UNITA sublinhou que mais de 80 por cento do PIB(Produto Interno Bruto) é produzido por estrangeiros e mais de 90 por cento da riqueza nacional privada “foi subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5 por cento de uma população de cerca de 18 milhões de angolanos”.
“A política económica em curso não garante a integração digna da juventude na sociedade, nem lhe assegura o primeiro emprego e não promove o desenvolvimento descentralizado do território”, considerou Samakuva.
O presidente da UNITA denunciou ainda que o acesso à “boa” educação, aos condomínios privados, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, grandes negócios e licitações de blocos petrolíferos está limitado a um grupo “muito restrito” de famílias ligadas ao regime no poder.

“Por tudo isso”, defendeu que o país “inteiro” pretende mudar esse quadro, garantindo que “apenas a UNITA está em condições de mudar de regime em Angola”.

“O povo está melhor colocado para operar a mudança, porque é ele que sofre todos os dias, não tem casa, emprego e comida”, disse.

Na sua intervenção, Isaías Samakuva defendeu que a UNITA é “o único (partido) que pratica a paz e reconciliação”, prometendo que, uma vez no governo, “assegurará os lucros das empresas e que os actuais governantes do MPLA terão os seus postos de trabalho garantidos e muitos (...) serão promovidos”.

Referindo-se particularmente ao regime político instituído no país, Samakuva considerou que apesar de parecer “muito poderoso” e com “muito dinheiro” e propaganda é “fraco”.

“Por isso o povo vai mudá-lo com uma arma bem simples e de papel, o voto”, justificou.

Nessa perspectiva salientou que as eleições de Setembro do ano em curso são “mais importantes” do que as de 1992 porque estas visavam acabar com a guerra e estas têm como objectivo acabar com a crise social, através da mudança de regime.
“A mudança que o povo quer (...) é um país em que a riqueza seja distribuída equitativamente por todos e não apenas por alguns”, acrescentou Isaías Samakuva.

O líder da UNITA prometeu ainda aos angolanos combater a pobreza, garantir a educação para os jovens além de habitação e saúde.

“A UNITA tem alternativas para o país, quadros preparados para governar, porque acredita que Angola é de todos e não obra de um só partido e resulta do diálogo entre todos os angolanos”, concluiu.

Fonte: Lusa