Brasil - O jornalista angolano, Fernando Camuaso, analisa seu continente e protagoniza documentário. Os países do norte da África passam por revoltas populares neste início de 2011. Do oeste para o leste o movimento impulsionado pelo Islã cresceu. Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia e Egito passam por revoltas populares que reivindicam valores democráticos. O primeiro jornalista diplomado cego de Angola graduou-se em dezembro de 2010 na Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) e abordou o tema em entrevista para o jornal on-line Unisul  hoje.


Fonte: UNISUL HOJE

Confira o sucesso de Fernando Camuaso - Vídeo

O jornalista Fernando Camuaso é angolano e vive no Brasil desde seus dezenove anos. Hoje com 28, atua como massoterapeuta enquanto procura uma oportunidade no jornalismo catarinense. “Estou enviando meu currículo para os veículos de Santa Catarina. Quero experimentar o mercado de trabalho por aqui antes de voltar para Angola”.


Ele pretende retornar a seu país e contribuir no desenvolvimento da nação. “Participo de um programa de intercâmbio entre o Brasil e Angola. Aguardo um chamado do governo angolano para retornar. Aqui procuro algo no jornalismo falado, em rádio ou TV”.


Com relação aos acontecimentos no norte da África, ele diz que o continente precisa mostrar uma nova cara para o mundo. “Muitos países da África são governados por líderes que precisam pensar em mudanças. Governos que está a muitos anos no poder precisam aceitar a democracia”, aponta.


Em Angola o Islã não é uma força em evidência como no norte do continente. A partir de 1961, eclodiu a luta armada contra Portugal. Três forças, hoje consideradas partidos políticos, conduziram este movimento, a União Nacional para a Libertação Total de Angola (UNITA), a Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA) e o Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA). “O MPLA é o partido que está no poder, mas existem muitas críticas da época da guerra porque disputavam o poder com a UNITA. José Eduardo dos Santos está no poder desde 1979”, contextualiza Fernando.


A UNITA, formada pela maior etnia do país os Ovimbumdus, e o FNLA, do norte de Angola, uniram-se na década de 80, suportados pelos Estados Unidos e pelo regime do Apartheid da África do Sul, contra o MPLA, que representa os Ambundu e o segmento populacional dos mestiços, apoiado por Cuba e União Soviética. Com o fim da Guerra Fria em 1992 foram realizadas eleições para presidente em Angola.


A eleição foi para o segundo turno, mas a FNLA e a UNITA contestaram a votação e o segundo turno não ocorreu dando continuidade à guerra civil. Esta nova etapa da guerra só teve fim em 2002 com a morte do principal líder da UNITA, Jonas Savimbi, por forças da MPLA. Desde então UNITA e FNLA tornaram-se partidos pacíficos.


Nas primeiras eleições legislativas desde 1992, em setembro de 2008, o MPLA de José Eduardo dos Santos, venceu com 81,64% dos votos, conquistado 191 dos 220 lugares da Assembléia Nacional de Angola. No entanto, ainda não estão agendadas as próximas eleições presidenciais.
O documentário abaixo foi produzido pelo acadêmico do curso de Jornalismo Vitor Gnecco. Ele também trabalha na universidade  como técnico de edição de imagens e tem passagens pelas principais TVs de Santa Catarina. “Como o Fernando ia apresentar a monografia decidimos fazer um documentário com ele. Na verdade a idéia foi do professor Jaci Gonçalves”, afirma Vitor.


O professor Jaci acredita que o documentário é uma obra de arte. “Por Detrás da Janela é um documentário em DVD com 10min21seg lançado neste Natal (2010) pelo Núcleo Unisul/Revitalizando Culturas no Youtube sobre a vida universitária de Fernando Camuaso Segundo. O fio condutor do audiovisual tece o percurso acadêmico de Camuaso desde que, num gesto de ousadia, emigrou para Florianópolis, candidatando-se ao curso de graduação em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo” conta Jaci.