FNLA atrapalhava a missão dos guerrilheiros do MPLA

Durante os catorze anos  de luta armada Mobuto  Sesseko , o ex-ditador  zairense, quase que sacrificou toda sua fortuna ajudando seu cunhado  e o exército que o mesmo dirigia. O corpo de inteligência que mantinha e sustentava  o exército de Holdem Roberto, a chamada ELNA,  era a própria CIA.

 Ou seja, a FNLA durante os catorze anos de luta armada tinha instrumento suficiente, quer militar, político e econômico para acelerar a independência de Angola. Para expulsar  usando todas suas táticas de guerra e guerrilha e  assim como sua ferocidade, para infringir pesadas baixas ao exercito colonial português. E, assim -repetimos- acelerar a independência de Angola.  Nossa pergunta é: Por que então não fez!?  Por que a luta armada teve que durar longos   14  anos?

 A resposta é a seguinte: o desempenho de sua luta, visivelmente “caótica e desorganizada”  de uma estratégia  de guerrilha, que todos sabem , consistia em atrapalhar a missão dos guerrilheiros do MPLA. As provas do ato de atrapalhar existem. E vamos recordar: e é de que muitos guerrilheiros e militantes do MPLA foram  fuzilados  pelo temido exército do  jovem, velho  e hoje falecido Holden Roberto.  Que nos últimos anos, pela velhice e  o fracasso  visível de suas empreitadas no passado, passou a reivindicar, não se sabe com que direito , um respeito  que durante os anos de sua juventude ninguém lhe proporcionou. Um exemplo, é o chamado título de pai do Nacionalismo Angolano. Para mim, é mais uma piada dessas,  que torna a todos à que escutam à mesma, uma turma de idiotas. Para não dizer mesmo, a dimensão do estrago  que provoca na personalidade  daqueles que acreditam  em tal  piada.

Costumo ser criticado de usar adjetivos pesados que possam cair diretamente  sobre a pessoa do sujeito a ser criticado. É baseado nisso que quero fazer uma pergunta. Existe alguém entre nós  que acredita que se em 1975 a FNLA tomasse o poder,  ou até mesmo a insignificante UNITA, qualquer um desses dois grupos estaria disposto a implantar um regime democrático de direito? É claro que não. Simplesmente, porque todos nós aqui somos inteligentes e ninguém nesse momento estaria disposto a mostrar-se tão idiota e imbecil para dizer que sim.

Culpar o MPLA pela guerra é uma outra mentira  que já ninguém  consegue mais escutar, por ser uma proposição tão idiota e descaracterizante  de quem assim afirma ou pensa. Para mim, da pena e dó fazer esse tipo de afirmação, é uma ressurreição da maldade  de tudo quanto há  na mente de certas pessoas , a ressurreição  da ignorância, da ma fé, da estupidez humana, da cegueira, da falta de informação e  de todas as mentiras possíveis que a mentalidade humana e angolana vem criando ao longo desses 32 anos de independência. Culpar o MPLA  pelas desgraças do país é a síndrome  de tanta raiva e mentira daqueles que não se conformam  com as imensas vitórias do partido no poder.

Ao  MPLA não só  lhe devemos a gratidão de que a desgraça não foi pior  ao longo desses trinta anos, mas, também,  devemos ao mesmo partido, movimento, ideologia, cultura, e tradição a existência de uma nação chamada Angola com os limites geográficos que tem. Essa é a pura e simples verdade. Difícil de ser aceita e engolidas  pelos adversários políticos internos e externos. E essa não aceitação dos fatos históricos é um produto imaturo, verde, despreparado,  e o reflexo de um fracasso  da luta pelo poder,  daqueles que ambicionam chegar ao poder a qualquer custas.

E para muitos que fazem questão de ignorar a história e vivem  inventando fatos a seu bel prazer, vamos fazer questão de recordar alguns fatos históricos. E provar que o que se disse em cima, nesse artigo,  é produto do conhecimento da história desse nosso grande país. Nosso país, Angola, tem páginas lindas de histórias escritas por homens  e os heróis dessa  terra; coisa que jamais esqueceremos; porque não nos convém, porque é parte da nossa dignidade como gente que somos; porque é parte, sim, das nossas tradições; é parte daquilo que mais amamos e tentamos manter , e vamos manter , ao longo desses anos e  para a eternidade se for preciso: A Unidade Nacional.

Para terminar esse texto, sem querer cair  em atos de revanchismo e vingança, coisa que não caracteriza o espírito de luta dos militantes desse partido(MPLA). Vamos fazer recordar e tentar fulminar a amnésia do mais velho Holden Roberto. Para isso vou, sim, e se me permitem aí os antigos e velhos camaradas, dedicar esse artigo aos cincos guerrilheiros do MPLA fuzilados  1968 na base de Kimkuso  a mando do jovem e temido Holden Roberto. Cincos e tantos outros, entre eles o camarada Benedito  e  Simão Nelumba. Não se trata aqui de remover as cinzas do passado. Mas o que todos deveriam  perguntar-se: como Holden Roberto justificaria, hoje e no passado, essa atitude que levou a morte  a dezenas  e possivelmente centenas dos nossos patriotas e jovens, que o único sonho era ver Angola livre dos colonialistas portugueses?

O aviso, vindo de uma consciência lúcida,  de uma alma transparente, de um coração que bate tentando seguir o compasso da vida. Essa vida que exige paz e solidariedade, e que convida a todos a reconstrução da nação: é de que a felicidade das futuras gerações depende da verdade de como elas encarem os problemas do país. Em outras palavras, não se pode, de maneira nenhuma,  edificar o edifício da democracia  com mentiras. Não  haverá nunca democracia, em terra nenhuma, se não soubermos assumir nossas responsabilidades, e arcarmos com ela. E é aqui que reside a nossa condição de homens.

* Nelo de Carvalho
Fonte:
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