Luanda -  Os grandes problemas que afectam a cidade são quase crónicos e muitos deles estão ligados à sobreposição de tarefas e competências das estruturas administrativas ao longo dos anos, admitiu ontem o governador da provincia.


Fonte: JA


José Maria dos Santos, que falava durante a reunião do Conselho de Auscultação e Concertação Social, deu como exemplo a questão da recolha do lixo e a gestão dos espaços verdes. Adiantou que está em fase final um estudo para alterar o quadro actual, no âmbito da nova filosofia de trabalho.

 

“Em Luanda, não existe, em quase parte nenhuma da cidade, um jardim em condições, mas há contratos e prestações de serviços que merecem a nossa interrogação. Ainda assim, o governo provincial tem obrigações”, referiu.

 

José Maria dos Santos que foram identificadas áreas onde as parcerias público-privadas estavam numa linha indefinida. Considerou que se chegou a esse ponto, fruto da forma como foi desenvolvida a governação ao longo da qual, durante algum tempo, quase tudo foi dado aos agentes privados e desmantelados os serviços comunitários, acrescentando que os privados não cumpriram o seu papel.

 

“Para resolver essas situações teríamos de alterar também a forma como foi sendo gerida a província nas mais variadas áreas e domínios. Não defendemos que o governo deva fazer tudo, nem as parcerias público-privadas, onde o governo finge que paga e o privado finge que faz”, disse  o governador.

 

Nesse sentido, José Maria dos Santos defendeu a adopção de uma metodologia de governação interactiva, em que os gestores possam trocar entre si preocupações e sejam capazes de ajudar a governação. Realçou que tem vindo a potenciar os serviços comunitários com brigadas e meios.

 

“Antes, os serviços comunitários não possuíam área técnica mas apenas administrativa. Por isso, não podiam fiscalizar, e o que estamos a fazer requer algum esforço e sacrifício, porque vamos ter de mudar a atitude e chocar com interesses”, referiu.
O governador também manifestou a sua preocupação com o saneamento básico e a forma como as populações vivem nas comunidades, salientando que estão a ser idealizadas estratégias para solucionar o problema, no quadro do “Programa do Executivo para a Boa Governação de Luanda”.

 

O Conselho de Auscultação e Concertação Social do governo de Luanda é um órgão de consulta do governador e as decisões tomadas nas reuniões não têm carácter vinculativo. O governador de Luanda, José Maria dos Santos, conferiu ontem posse a António Manuel Fiel (Didi), no cargo de assessor para a área da sociedade civil e comunidades, em acto realizado no salão nobre do governo da província.

 

Na mesma cerimónia, tomaram posse Bernardo António Januário, para o cargo de assessor do governador para a área política e social, enquanto Hélder da Conceição José passa a exercer, em regime de acumulação, o cargo de assessor do governador para a área técnica e das infra-estruturas.

 

Em declarações à imprensa, António Manuel Fiel (Didi) disse que tudo vai fazer para não defraudar a confiança em si depositada. Lembrou que os problemas que afectam a cidade de Luanda dizem respeito a toda a sociedade, razão pela qual todos devem contribuir para os solucionar.

 

“Uma das linhas fortes é juntar a comunidade aos problemas de Luanda numa simbiose governantes e governados onde os problemas sejam discutidos à mesma mesa”, disse.

 

Crimes

 

Luanda regista diariamente mais de 20 crimes diversos, a maioria entre as 18h00 e as 5h00, disse, ontem, na capital, o delegado do Ministério do Interior na província.  Segundo o  comissário da Polícia Nacional Tito Munana, que apresentava, no conselho de concertação social, o relatório sobre a segurança pública em Luanda, referiu os municípios do Cacuaco, Sambizanga, Cazenga, Viana, Kilamba Kiaxi e Ingombota como os que registam maior número de delitos.


O comissário Tito Munana apontontou as dificuldades socio-económicas, ganância e ambição  como as sendo as principais causas dos crimes.


Frisou que os crimes que se registam em Luanda se resumem a roubos, furtos de artigos diversos e de valores monetários na via pública, em residências ou em viaturas. Os crimes cometidos por ambição e desejo de enriquecimento fácil, garantiu, têm sido praticados por pessoas que trabalham e são socialmente estáveis.

 

“Estes crimes caracterizam-se por roubos e furtos de avultadas somas monetárias em bancos e empresas”, disse, mencionando também o roubo de toneladas de produtos diversos em camiões contentorizados ou armazenados.

 

Os crimes, confirmou, envolvem maioritariamente jovens entre os 18 e 30 anos. Tito Munana declarou que 60 por cento dos crimes são praticados com arma de fogo, 25 com objectos cortantes e 15 por espancamento.

 

*Com Angop