Buenos Aires - O embaixador de Angola na Argentina, Manuel Aragão, proferiu, segunda-feira, na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Palermo, em Buenos Aires, uma palestra subordinada ao tema "A Política Exterior de Angola e sua Relação com Argentina e América Latina".


Fonte: Angop


Embaixador de Angola na Argentina, Manuel AragãoO diplomata angolano partilhou com o corpo docente e discente da Universidade de Palermo, uma das mais prestigiosas da Argentina, algumas ideias sobre a política externa da Republica de Angola.

 

Salientou o sistema de governação presidencialista-parlamentar vigente em Angola à luz da Constituição aprovada em 5 de Fevereiro de 2010 que estabelece que o Presidente da República é o Chefe do Executivo, coadjuvado por um vice-presidente, para um mandato, ambos de cinco anos, e a existência  de um parlamento composto por 220 deputados eleitos.

 

Manuel Aragão frisou que Angola apesar de ser um país fundamentalmente agrícola, a sua economia assenta na exploração dos recursos minerais, destacando o petróleo e os diamantes.

 

"A política externa de Angola baseia-se nos princípios universais consagrados na Carta das Nações Unidas e também no acto Constitutivo da União Africana, que se consubstanciam na não ingerência nos assuntos internos dos estados, respeito pela soberania e autodeterminação, da igualdade jurídica dos estados, da cooperação internacional", explicou.

 

Nesta senda, disse o embaixador, o país prossegue o desenvolvimento das sociedades, a prevenção de ameaças do uso da força e de acções conducentes a paz e segurança internacionais.

 

Sublinhou ainda que em resultado desta actuação e da fortaleza dos princípios da sua política externa, Angola diversificou as suas relações político-diplomaticas e de cooperação económica com vários países do mundo.

 

Nesta conformidade, destacou os pressupostos da política externa angolana que se consubstanciam, entre outros, na preservação e fortalecimento da soberania nacional, no apoio ao desenvolvimento económico, político e social do país, através de uma maior inserção de Angola no mundo.

 

Referindo-se ao estado actual das relações diplomáticas entre Angola e Argentina, que datam deste 27 de Agosto de 1985, o diplomata angolano afirmou que os dois estados, através dos seus governos, têm mantido troca de delegações oficiais que visitam reciprocamente os dois países para o estreitamento e dinamização das relações político-diplomáticas e comerciais.

 

Destacou como ponto mais alto nas relações entre os dois países, a primeira visita oficial e de estado efectuada em Maio de 2005 pelo Presidente angolano José Eduardo dos Santos à Argentina, a convite do falecido presidente da nação sul-americana, Nestor Kircnner.

 

Manuel Aragão precisou que as excelentes relações político-diplomáticas existentes ainda não traduzem o desejado nível de relações económicas e comerciais, cuja balança comercial é de longe favorável a Argentina.

 

"Angola, não obstante ser considerada como o segundo maior parceiro comercial da Argentina na África Subsaariana, depois da África do Sul, importa mais produtos ao seu parceiro que Argentina a Angola", informou.

 

Da Argentina importa essencialmente produtos agro-pecuários, material de indústria metalúrgica, produtos manufacturados entre outros. Ao contrário, os argentinos importam de Angola manufactura de fundição de ferro.

 

Referiu-se, ainda, à cooperação existente entre os dois países no seio da Organização de Paz e Cooperação do Atlântico  Sul, na qual Angola detém a presidência da zona, então presidida pela Argentina, deste a sexta reunião ministerial realizada em Luanda de 18 a 19 de Junho de 2007, que aprovou um plano de acção até a sétima reunião a ter lugar no Uruguai em 2011.


Durante a troca de impressões, os estudantes questionaram o diplomata angolano sobre as relações de Angola com Portugal, após a descolonização, e com o Brasil, bem como a posição do  país em relação aos actuais conflitos no norte de África.

 

O embaixador de Angola na Argentina manteve, antes da palestra, um encontro informal com a direcção da universidade, representada por Luis Brajterman, secretário académico e Maria José Otero, coordenador das Relações Internacionais.