Luanda - O Presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, chamou hoje, sexta-feira, a atenção pelo facto do mundo parecer retornar aos métodos da época da Guerra Fria, nas relações internacionais.


Fonte: Angop

JES: “Somos o partido da verdade…
…um Governo do povo”
 

Discursando na abertura do IV Congresso Extraordinário do MPLA, o político lembrou aquele período caracterizado pelo uso da força e a ingerência em assuntos internos de Estados soberanos, que prevalecia sobre o Direito e respeito pela igualdade soberana das Nações.

 

Naquela altura, explicou, "utilizava-se vários pretextos ou critérios subjectivos, ou ainda uma política selectiva em função dos seus interesses".

 

O também Chefe de Estado disse que alguns países industrializados ocidentais estão a realizar intervenções militares condenáveis para condicionar a resolução de problemas internos de outros países soberanos.

 

Estas intervenções, argumentou o estadista, só são possíveis em países nos quais as sociedades e os povos estão divididos, e a África está a ser usada como campo de ensaio para essa política, cujo objectivo é certamente o acesso fácil às matérias-primas e o ressurgimento do neocolonialismo.

 

Segundo José Eduardo dos Santos, a resposta mais adequada e mais eficaz a dar a esta situação é fazer valer os valores e princípios que sempre nortearam o MPLA, isto é, reforçar a unidade nacional, consolidar a paz, a democracia e afirmar a liberdade e a soberania nacional.

 

Disse que com a conquista da paz, em 2002, o partido definiu uma estratégia para a normalização da vida nacional, que implementou com êxito.

 

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Programa Eleitoral do MPLA que mereceu em 2008 a concordância de mais de 81% {/xtypo_quote_right}Entre estes, referiu, está o reassentamento de mais de quatro milhões de pessoas em vários pontos do território nacional, desminagem e a reconstrução das principais vias de comunicação e pontes, permitindo a circulação de pessoas e bens e a instalação da administração do Estado em todo o país.

 

De igual modo, referiu-se a reabilitação das centrais eléctricas, linhas de transporte de energia eléctrica, escolas e o aumento do número de alunos de cerca de um milhão e meio para mais de cinco milhões, reabilitação do sistema de captação e tratamento de água e dos principais centros de saúde.

 

A desminagem e a reabilitação dos caminhos-de-ferro, início da desminagem dos campos agrícolas, estabilização dos indicadores macroeconómicos, redução da inflação, relançamento da actividade económica e social, consolidação da paz e da democracia, bem como a promoção da reconciliação nacional, fazem parte dos objectivos citados pelo Presidente da República.

 

Segundo José Eduardo dos Santos, de um modo geral, isto permitiu conferir dignidade e esperança no futuro a um povo saído de duras e prolongadas guerras e de um período de grande sofrimento e privações de todo o tipo.

 

"Hoje sabemos exactamente o que queremos e temos um rumo seguro, plasmado numa Plataforma Política e numa Estratégia de Reconstrução Nacional de longo prazo, que estão inscritas no livro Angola - 2025", precisou.

 

O Programa Eleitoral do MPLA que mereceu em 2008 a concordância de mais de 81 porcento dos eleitores angolanos é a primeira fase dessa Estratégia, que está a ser cumprida satisfatoriamente, acrescentou.

 

Lembrou que a crise económica e financeira internacional, que atingiu de forma mais ou menos grave todos os países, afectou ou atrasou alguns dos compromissos então assumidos, mas não nos desviou da sua essência e dos seus objectivos fundamentais.

 

É assim, referiu, que estão projectos em curso ou já realizados, e a todo o instante novos e rigorosos levantamentos vão sendo feitos por dirigentes e técnicos competentes, para avaliar novas situações e problemas, bem como as reais necessidades das populações no sentido de se definir as acções urgentes e intercalares a realizar.

 

"Ninguém sabe tudo e ninguém pode fazer tudo sozinho", disse.

 

Referiu que o partido promove o diálogo com os parceiros sociais e a discussão dos problemas com as comunidades, com as pessoas interessadas e com os quadros, no âmbito da democracia participativa, por forma a envolver os cidadãos na apreciação e resolução dos seus problemas.

 

"Como afirmamos no passado, somos o partido da verdade, o partido da liberdade e do povo, trabalhamos para ter efectivamente um Governo do povo, para o povo e pelo povo", concluiu.

 

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