Lisboa - A manipulação de “encenação de homens violentos” contra o rapper brigadeiro matafrakus é, no ver de figuras políticas angolanas consultadas como a “ponta do iceberg”. Consta que os primeiros casos de “manipulação política” aconteceram contra Holden Roberto da FNLA. Na década de 60 quando os russos decidiram solidarizar-se com a luta do MPLA, contra o colonialismo portugues, lançaram, no jornal PRAVDA, um editorial insinuando que a FNLA era um movimento formando na base tribal. Desde então Holden Roberto nunca mais se livraria de tal conotação até a data da sua morte. Na altura, o seu movimento foi desacreditado internacionalmente perdendo aceitação mundial.
Fonte: Club-k.net
Dentre os casos de manipulação mais visíveis, da historia angolana, consta os seguintes casos tidos como os que mais marcaram a política domestica do país.
A Saber:
- Logo após a Independência de Angola, o regime angolano lançou uma campanha insinuando que a FNLA comia pessoas. Mais tarde vieram, a saber que as carnes mostradas na TPA como comidas por este partido eram carnes de cão. Era tido como principal entusiasta, um medico do MPLA, Mac Mahon. A cerca de 4 anos, uma escritora portuguesa lançou um livro explicando que para tal acção usaram uma médica portuguesa que depois foi morta.
- Lançamento de panfleto com fotografias dirigentes da FNLA numa festa com copos nas mãos. Em baixo, o regime escreveu que a “Nas hostes dos assassinos do Povo, UPA/FNLA/UNITA, a corrupção é uma constante”.
1 - Na véspera das eleições de 1992, um especialista brasileiro, Sérgio Guerra, ao serviço da campanha eleitoral do regime manipulou uma foto de Jonas Savimbi, em que ele aparentava pegar na pistola durante um discurso. Savimbi passava a mão para pegar papelinhos com referências em línguas locais, pórém, um fotógrafo brasileiro identificado por Maurício, tirou uma centena de fotos com sistema de repetição, para acompanhar o movimento das mãos do Presidente da UNITA, até que pegaram numa mais próxima junto a cintura. De seguida Savimbi foi destruído em termos de campanha.
2 - Em Setembro de 1992, militares das forças armadas angolanas atiraram contra a residência de Jonas Savimbi no miramar. Em resposta, um grupo de soldados das FALA tentou mostrar o seu grau de superioridade militar e fez cair uma antena da TPA, naquela proximidade. O regime usou as imagens da queda da antena e anunciou que a UNITA estava tomar Luanda pelo uso das armas. O povo ficou chateado e em simultâneo o governo distribuiu armas a população para ajudar a combater a UNITA. A estratégia seria evitar os acordos que ditavam a realização da segunda volta das eleições presidências que seriam assinados na tarde daquele mesmo dia pelas duas partes. Pela UNITA, o acordo seria assinado por Geremias Chitunda que fora despachado do Huambo para Luanda, dois dias antes dos massacres.
a) - A então representante da ONU em Angola, Margareth Anstee, escreveu nas suas memórias que ligou cerca de 7 vezes ao gabinete da PR angolana para pedir que evitassem o ambiente de guerra mas só veriam atender o seu telefonema semanas depois quando o ambiente já estava “quente”
3 – Durante os confrontos de 1992, foi colocado o corpo de um morto em frente da casa do Presidente do Partido Democrático angolano, Alberto Neto, na vila-alice. Momentos depois apareceu a policia e a TPA, prendendo o líder político. A Idéia era criar a imagem que o mesmo tivera recebido armas da UNITA, para participar nos confrontos ou matá-lo para justificar a sua morte como retaliação popular pela sua suposta aliança ao “Galo Negro”. O facto de terem conhecido a sua antipatia a UNITA, a comunidade Internacional rejeitou as insinuações contra Alberto Neto a acções militares acabando por ser mais tarde posto em liberdade.
4 - O então candidato a Presidência da Republica Simão Cacete foi arrancado de um avião por um grupo de policia anti-motim que cercaram a aeronave quando este político deslocava-se a Namíbia em tratamento médico. Quando a comunidade política internacional reagiu, o regime alegou que recebeu informação que a vida do mesmo estava em risco por isso foram buscá-lo para dar proteção.
5 - Uso de um áudio na TPA de alguém a falar em Umbundo dando ordens para matar “tudo que respirasse”. A voz foi apresentada como sendo a de Salupeto Pena, então dirigente da UNITA. Mais tarde, pessoas que conviveram com o malogrado disseram que aquela voz, e pronuncia não era de Salupeto Pena. A idéia do regime era para criar ódio na população em torno do malogrado sobrinho de Jonas Savimbi. Quando foi morto, o povo festejou o seu assassinato sob alegação de que ele fazia ameaças a população.
6 - Publicação de uma das paginas do diário do então Vice-Presidente da UNITA apresentado como prova de que desejavam tomar o poder pelas armas. Tão logo que chegou a Luanda, Chitunda escreveu que: “No interior há ambiente tenso, ao contrario de Luanda que havia muito paz, incluindo raparigas andarem de fato de banho na Ilha”. O então Vice-Ministro do Interior, Fernando Dias dos Santos apanhou as ultimas palavras e mostrou na TPA que “a paz em Luanda estava a fazer confusão a UNITA”. Extratos do diário foram de seguida publicados diáriariamente no Jornal de Angola. O regime teve de interromper a publicação após serem alertados que no diário percebia-se que o Geremias Chitunda estava a fazer uma analise mostrando a contradição entre o que observou no interior, e em Luanda, onde “havia muita paz e que as pessoas na Ilha até andavam de fato de banho”. Através dos escritos do seu diário, compreendeu-se que se estava diante de um “cientista” e não de um “fazedor de guerra”.
7 - Filmagem de três jovens, um no Cassenda, outro no São Paulo e Terra Nova dizendo que “Nos população atacamos os comitês pilotos da UNITA”. A repetição das imagens serviria para mostrar ao Mundo que os ataques de 1992 contra a UNITA estavam a ser movidos pelo povo e não pelos soldados das FAA.
- Evidencia que desvendava que se estava diante de uma manipulação da reportagem: a) Na filmagem os jovens que assumiam a autoria dos confrontos apareciam sozinhos; não se faziam acompanhar de grupos de outros colegas que seria normal num ambiente de guerra’ b) repetição constante da mensagem “nos população fizemos a guerra”; c) A População não tinha experiência de guerra para derrotar um exercito preparado como eram as FALAs. d) Em país, nenhum as forças armadas se fechariam em quartel quando a capital esta a ser supostamente atacada.
8 - Colocação de um engenho explosivo na residência do dirigente político as extinta FpD, Nelson Pestana “Bonavena”. Os órgãos de comunicação do regime alegaram ser botija de gás dando a entender que o político era um descuidado. Porém, especialistas alegaram que uma botija de gás não causava uma explosão daquela dimensão.
9 – Simulação de que dariam a Vice- Presidência da Republica ao então líder da UNITA, Jonas Savimbi. Quando Jonas Savimbi soube que a proposta provinha a criação de duas vice-presidência, um para o MPLA que seria assumida por Lopo do Nascimento e outra para ele que passaria a responder ao então assistente jurídico da presidência Carlos Feijó, o mesmo rejeitou. A UNITA considerou, na altura, que a proposta tinha fins de propaganda visto que Savimbi nunca aceitaria ser um vice-presidente sem poderes e a despachar com Carlos Feijó.
10 – Tentativa de rapto de dois filhos de Jonas Savimbi em Lomé. Um com resultados positivos e outro resultando na intervenção dos serviços secretos do Togo que teriam prendido um agente do SIE, no terreno, Casimiro da Silva que participava na operação. O jovem Araujo Sakaita teria sido instrumentalizado para “falar mal do pai”. A estratégia era provocar desgaste emocional a Jonas Savimbi com a mensagem de que “até os seus filhos estavam a condená-lo”. Em 2006, uma jovem Luiana, filha de Fernando Miala, agastada com a detenção do pai, desvendou o “segredo ” relatando que Araujo Sakaita estava escondido em sua casa após o rapto. Soube-se depois que Araujo Sakaita estava internado no hospital psiquiatra de Luanda em conseqüência de distúrbios mentais por ter sido dopado. Quando alucinado citava o nome de Jorge Valentim como alegada pessoa que lhe convenceria a falar sobre o pai, na TPA.
11 - Uso de um sobrinho de Isaias Samakuva, que fora apresentado pelo Jornal de Angola como filho do Presidente da UNITA. O diário angolano lançou uma manchete dizendo que “Samakuva nega paternidade do filho”. O Jornal usou dizeres atribuídos ao jovem e na sua reportagem questionava “como um dirigente que não aceita reconhecer, um filho desejava ser um dia Presidente de Angola”. Dias depois, veio a se saber que Wandilika era sobrinho de Samakuva e que os filhos do presidente do “Galo Negro” viviam em Londres. O Jornal de Angola foi criticado pela manipulação e pelos possíveis danos que poderia ter causado ao lar do líder da UNITA.
12 - “Caso Benedito” contra o líder da FNLA, Ngola Kabangu acusado pelos órgãos de informação do regime de manter um ex-soldado do seu partido em cárcere privado. O Caso aconteceu no inicio do ano quando Luanda enfrentava terríveis chuvas. A estratégia segundo analistas serviu para distrair, o caso dos populares da Samba que estavam a rebelar-se exigindo ao regime que pagasse as suas casas que foram destruídas pelas chuvas.
13 - Levantamento do caso da União das Tendências do MPLA, por parte de JES, numa reunião do Comitê Central do partido. A estratégia, segundo se estima era desviar as atenções dos rumores em torno do caso do então Vice Presidente do MPLA que pedira demissão do cargo. Era suposto, o partido dar explicação do assunto que rolava na imprensa privada. Os membros do Comitê Central foram distraídos com conversas da “União das Tendências” que estavam a espalhar panfletos dentro do partido.
14 - Apresentação na TPA de “falsos” assassinos no caso da deputada do MPLA, Beatriz Salucombo. Os mesmos foram mal preparados e um deles disse que atirou com a arma porque o irmão da deputada queria reagir com a sua pistola. O malogrado irmão da deputada era funcionário do SME e estes não usam armas de fogo. Os familiares de um dos “falsos assassinos” apareceram a desmentir dizendo que o seu parente não podia ser o assassino visto que ele, se encontrava a cumprir pena de prisão, a já algum tempo, por um outro motivo. A filha da malograda deputada (que presenciou) revelou em círculos familiares que a características dos “assassinos” não correspondiam aos que mataram a sua mãe. A estratégia do regime era passar a mensagem que a policia estava mesmo a trabalhar, em reação as orientações do PR. Desde 2009 não se houve falar do julgamento dos “falsos assassinos”.
15 - Aproveitamento da realização do CAN 2010 para fazer aprovar o modelo de constituição atípica. Na altura o povo, e os políticos estavam distraídos com a partida de futebol e o regime aprovou o modelo de constituição sem as pessoas darem conta. Os dirigentes do MPLA, foram também apanhados de surpresa pelo PR. O então Líder do grupo parlamentar, Bornito de Sousa que também não concordava com o contestado modelo de eleição presidencial foi obrigado a falar a imprensa que os membros do seu partido escolheram aquele modelo numa “desconhecida” reunião do CC. O então porta-voz do MPLA, Kwata Kanawa que fora apanhado de surpresa rejeitou falar do assunto simulando estar de férias no interior do país.
16 - Insinuação de que as autoridades prenderam um navio americano com armamento supostamente da UNITA para voltar a fazer a guerra. A estratégia seria dar argumento as informações que o regime pos a circular insinuando que a UNITA voltaria a fazer a guerra no dia 7 de Março. A UNITA desmentiu e uma semana depois o governo do Quênia confirmou que o matéria era seu e que não eram armas conforme as insinuações do regime mas sim munição. O regime levou quase 15 dias para passar a versão do governo do Quênia. Soube-se depois que o navio encontrava-se em terras angolanas a cerca de 15 dias do suposto dia da detenção e quando este se preparava para deixar as águas angolanas foi anunciado como “aprendido”.
17 - Comunicado insinuando que a FLEC de Nzita Tiago estava a furtar-se das negociações que estavam a ter com o governo e que doravante as autoridades usariam a força para dar resposta a guerrilha de Cabinda. Uma semana depois a FLEC desmentiu e revelou que demarcou-se dos contactos porque desejava negociações abertas, com a presença da imprensa e de observadores internacionais para dar autenticidade ao assunto, ao contrario de “negociações secretas”, ao qual o regime fazia gosto.
18 - Uso de panfletos falsos com dizeres de regresso a guerra apresentados pela TPA fazendo crer que pertenciam aos jovens promotores da manifestação do dia 25 de Maio. O jornalista Reginaldo Silva reconhecido pela sua integridade ficou indignado com a manipulação e mostrou no seu blog, imagem do panfleto mostrado pela TPA e o original dos jovens que podia ver-se que nos dizeres “liberdade e democracia”, dos papeis originais, o regime colocou palavras violentas de insinuação de regresso a guerra.
19 - O ultimo caso aconteceu com o jovem rapper Brigadeiro Matafrakus. Para dar a entender que as manifestações em Angola não eram genuínas, o regime mobilizou um grupo de 100 jovens para fazerem confusão em casa de Luaty Beirão a pretexto de não terem sido pagos para se juntarem na manifestação contra a ausência de democracia em Angola. Em outros círculos entenderam a encenação como medida para desacreditar o jovem musico. Foi também notada a seguinte contradição: Os órgãos de comunicação do regime teriam reportado que a manifestação que o jovem apoiou no inicio de Abril, era composta de um numero reduzido de dezenas de pessoas. Na reportagem com os “falsos manifestantes”, o regime alegou que em casa do rapper foram cerca de 100 elementos que participaram na mesma manifestação.
20 – Envio no passado dia 2 de Junho, de 50 elementos em casa do advogado David Mendes pelas mesmas motivações a que invocaram quando foram fazer confusão em casa de Luaty Beirão. Neste caso, os órgãos de comunicação do governo hesitaram avançar com tal versão com receio de que o povo rejeitasse visto que David Mendes não esteve a frente de nenhuma manifestação em Angola.
Há também informações de que para breve, será lançada uma campanha contra o Bloco Democrático. Antes teriam recuado numa outra campanha que visava apresentar os dirigentes deste partido como provocadores de “uma guerra em Angola”. O recuo foi justificado de que não pegaria porque o povo não iria acreditar que este partido teria capacidade e meios para fazer guerra em Angola.
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