Lisboa - Um garrafa de 18 litros de vinho tinto Benfeito, do Douro, foi leiloada em Luanda, Angola, por um valor raramente obtido por um vinho português: 21.600 dólares, o que equivale a cerca de 14.800 euros.


Fonte: Agencia financeira



O leilão teve lugar no restaurante Oon.Dah, de Isabel dos Santos, filha do Presidente da República de Angola, no final da semana passada, e a respectiva receita reverteu a favor do projecto de conservação da palanca negra (símbolo da nação angolana), que é levado a cabo pela Fundação Kissama.



Criada em 1996 por um grupo de sul-africanos e angolanos preocupados com a situação dos parques nacionais daquele país africano e com a conservação dos seus recursos naturais, a Kissama tem como patrono o próprio chefe de estado angolano, José Eduardo dos Santos, escreve a Lusa.



«Esta é uma notícia muito importante para os vinhos portugueses, mas sobretudo para a região do Douro. No rótulo do Benfeito, damos bastante ênfase à origem do vinho, sublinhamos que é feito na mais antiga região demarcada do mundo», sublinha o enólogo Pedro Sequeira, que assina, com Ricardo Guerra, a autoria deste vinho.



Dados do Instituto do Vinho e da Vinha relativos ao ano de 2010 mostram que Angola «é o principal destino dos vinhos portugueses, com um peso de 27 por cento em volume e 17 por cento em valor».



A garrafa de 18 litros foi disputada durante quase uma hora por Manuel Silva, administrador do Populão, uma das maiores empresas de venda de vinhos a retalho em Angola, e Carlos Andrade, administrador da SeaTrade e um dos accionistas da Olivewine.


Resultados vão ajudar a impulsionar as vendas



O vinho acabou por ser arrematado por Manuel Silva, o qual justificou depois que «para a palanca não há preço».


Segundo Ricardo Guerra, «os resultados do leilão vão ajudar muito a impulsionar as vendas do vinho Benfeito, mas também dos restantes vinhos portugueses».



Elaborado a partir de vinhas velhas, o Benfeito nasceu graças à vontade de quatro amigos - dois enólogos e dois investidores portugueses radicados em Angola -, que se uniram para criar uma empresa, a Olivewine, para produzir vinhos do Douro para exportação e, em simultâneo, para apoiar causas sociais em cada país de destino.



O primeiro vinho Benfeito, uma série com 4500 garrafas, teve Angola como destino e como causa a preservação da palanca negra gigante, animal em vias de extinção.


Na mira daquela empresa estão já mercados como o Brasil e a China, fazendo parte dos seus planos a causas sociais mobilizadoras direccionando para estas uma parte da venda das garrafas de vinho.


Os vinhos Benfeito terão assim rótulos originais para cada país, «de acordo com as causas locais» que a empresa apoiará, para desta forma «ilustrar uma história e chamar a atenção do mundo para essas mesmas causas», informa Ricardo Guerra.


O Benfeito (Palanca Negra) nasceu no Douro e é um vinho de grande estrutura com taninos presentes, mas finos e persistentes. Com 14,19 % com álcool, este vinho foi produzido a partir de diversas vinhas velhas, com mais de 80 anos.