Lisboa –  A  UNITA mostra-se  “espantada” com a atenção que as autoridades angolanas prestaram esta semana na comunicação social estatal  a cerca da adesão  do casal  Hamukaya (Aniceto e Albertina) ao MPLA, num comício  dirigido por Roberto de Almeida na província do Cunene.


Fonte: Club-k.net

Já largaram a UNITA a mais de  6 anos

O espanto da UNITA deve-se ao facto de os mesmos terem deixado de fazer parte das suas fileiras a cerca de seis  anos atrás e terem somente sido agora  apresentados como se tivessem renunciado ao “Galo Negro”, nos dias de hoje.

 

Albertina Hamukaya deixou a  UNITA entre 2004  a 2005, ao tempo ainda Ministra da Saúde.  Em resposta, a sua desvinculação partidária, a  UNITA decidiu pedir a sua saída do cargo que ocupava no GURN sob alegação de que não poderiam manter alguém naquele posto que já não pertence   ao partido. Foi então substituída por Sebastião Veloso.    

 

Já o seu esposo Aniceto Hamukaya é um quadro que logo após a sua formação em direito em Portugal regressou a Angola no período dos acordos de bicesse. Os confrontos em Luanda apanharam lhe como hospede do então hotel panorama na Ilha de Luanda. Na altura protagonizou-se como sendo um dos primeiros a fazer pronunciamentos desfavoráveis contra Jonas Savimbi. Após os acordos de Lusaka, tomou posse como deputado e numa convocatória que Jonas Savimbi fez aos então deputados para se deslocarem ao município do Andulo, o mesmo foi tendo se reconciliado com o líder guerrilheiro. Teria pedido “desculpas” a Savimbi pelas palavras que dissera na televisão alegando ter sido possuído pelo domínio. Há versões de que teria se ajoelhado para pedir  perdão a  Savimbi.   

 
Foi também um dos impulsionadores da UNITA-Renovada tendo se notabilizado como um dos primeiros  quadros a incompatibilizar-se com a ala “Savimbista”, desde Setembro de 2002, ao tempo da comissão de gestão liderada por Lukamba Gato. Na altura, Aniceto Hamukuya, e dois dirigentes da “Renovada”, Abel Sapingala e Jorge Martins deram uma conferencia de imprensa para expressar desapontados com  o comportamento dos  elementos (Savimbistas) que representavam a UNITA na Comissão Conjunta. Algum tempo depois refez-se e era visto em algumas actividades partidárias, porém, reduzido   em termos de algumas  responsabilidades política.  Em 2009, remeteu uma carta a direcção da UNITA dando a conhecer que congelaria a sua militância por não desejar mais se envolver na política. Solicitou que a sua carta fosse tornada a publico,  o que não veio acontecer. A direção do seu partido  entendeu que teria de ser ele a fazê-lo. 

 

Há ventilações   de difícil apuração  alegando que as autoridades poderão  lançar-lhe  para um cargo diplomático. Aniceto é muito  ligado ao Ministro das relações exteriores,  George Chicoty e personalidades que com ele privaram no passado alegam que o estilo de projeção que Chicoty teve no MPLA, é o modelo que mais se alinha com o perfil de  Aniceto Hamukaya, razão pela qual o seu anuncio de ruptura com a UNITA  foi internamente visto sem “surpresa”  e   como um sinal destinado a anunciar as autoridades a sua disponibilidade para um “posto”.

 

Por outro lado, em círculos fora da  UNITA, o anuncio de  adesão ao MPLA,  do casal “Hamukuaya” , foi encarado  como um marketing destinado a produzir   facto político para a semana.  Já em meios da sociedade civil,  encararam o propósito do governo em tentar passar a mensagem de que “a oposição esta fraca”. Tais meios, entendem que as autoridades estão com isso  a ensaiar a campanha eleitoral no sentido de preparar  a sociedade a ter a mentalidade de que em caso de uma vitoria eleitoral do MPLA superior a 85% dos votos nas eleições de 2012  será fruto do fracasso da oposição reflectido nas “deserções da familia Hamukaya e de outros”.

 

A conclusão é apoiada  nas declarações de um  analista dos órgãos de comunicação social  governamental, Belarmino Van-dunem que foi chamado no noticiário da TPA do dia 19 de Maio para analisar a “deserção do casal Hamukaya”.