Luanda - Um memorando reivindicativo contra a actual direcção da UNITA foi posto a circular a semana passada em Luanda, nos principais órgãos de informação privado, por supostos apoiantes de Abel Chivukuvuku, que exigem a realização nos próximos dias do X Congresso deste partido.


Fonte: Club-k.net

Anseio por uma Angola fortalecida

O memorando que fez, curiosamente, manchete em alguns jornais privados, uma vez que apenas na quinta-feira começou a circular, uma altura em que os jornais já estão a trabalhar no seu fecho de edição, trás como principais mentores Joaquim Icuma Muafumba e Américo Chivukuvuku, antigo ministro do Comérico, indigitado por este partido no GURN, e o irmão mais novo de Abel Chivukuvuku, um dos principais interessados no cadeirão da presidência da UNITA.

 

Eu era até pouco tempo das pessoas que apoiava, como angolana e alguém interessada que a democracia se instale por essas bandas, e ainda como jornalista que nos últimos tempos tem acompanhado de perto a trajectória deste partido, que a Abel Chivukuvuku, pela sua juventude, dinâmica e inteligência deveria ser dada a chance de assumir a presidência deste partido. Confesso que hoje já não tenho a mesma opinião. E passo então a explicar as razões:

 

Primeiro: os acontecimentos de 7 de Março, aonde o MPLA tentou fazer da UNITA o bode espiatório, levantando no ar a suspeita de um eventual regresso a guerra, foi gerida de forma exemplar e inteligente pela direcção deste partido, liderado por Isaías Ngola Samakuva. Penso que este partido sobe sacudir do capote de forma inteligente a poeira que pairava sobre si, e deitou por terra a teoria de conspiração.

 

Segundo: a forma tempestuosa como Chivukuvuku tem reagido em alguns momentos da sua trajectória como político, deixa muito a desejar e demonstra alguma imaturidade política, embora não seja propriamente um amador nestas andanças. Chivukuvuku largou o secretariado para os assuntos eleitorais do seu partido, apresentando uma justificativa pouco convincente, num momento que muito se precisava dele, deixando assim de exercer qualquer cargo dentro desta organização, participando apenas das reuniões da Comissão Política. Penso que um bom líder não é aquele que só ambiciona o poder, mas também aquele que trabalha em prol do seu fortalecimento e  coesão.

 

Contra Chivukuvuku pesa também o facto de ser considerado pelos militantes do seu partido como alguém elitista, distante das massas, diferente de Lukamba Gato, e Isaias Samakuva.

 

Penso mesmo que a ansiedede aliada a um excesso de vaidade, ofuscam o brilho daquele que, na minha modesta opinião, seria um candidato brilhante para uma Angola já democratizada e reconciliada. Não para este momento, onde faz falta alguém com a maturidade e traquejo de Isaias Samakuva, que foi ganhando ao longo da sua bem sucedida carreira como diplomata, onde mereceu elogios da própria rainha de Inglaterra, Isabel II, terra onde esteve como representante do galo negro, muitos anos.

 

Penso que, tanto Abel Epalanga Chivukuvuku, como Paulo Lukamba Gato seriam peças importante nas eleições que se avizinham, para 2012, contra o seu arqui-rival, MPLA, o único que sai favorecido nestas quesilhas que têm afectado a UNITA ultimamente, curiosamente, a poucos meses do ano em que vamos pela segunda vez eleger os nossos representantes.

 

Com este memorando passou a fazer parte das conversas de bastidores nos mais diversos locais da capital, assunto, como supostos aliciamentos, e mesmo envolvimentos de membros da UNITA, a negociatas com figuras ligadas ao poder, de quem são sócios em vários negócios.

 

Pela inteligência que os reconheço, e pelo apego que têm por esta organização, penso, onde sempre estiveram ligados, não vejo qualquer razão para, tanto Chivukuvuku, como Lukamba Gato, desejarem avançar já a presidênia deste partido, ao menos que estejam interessados que a UNITA seja justamente humilhada nas urnas, em 2012.

 

Isaías Samakuva tem sabido levar o seu partido de forma inteligente, e dizer que não é um líder capaz de dar a UNITA mais representantes no Parlamento, tendo como base as eleições de 2008, é a mesma coisa que acreditar que estas terão sido exemplares, honestas e justas.

 

Penso que alguém, de forma inteligente terá incutido na cabeça de alguns que, a derrota, fabricada, da UNITA, terá sido culpa de Isaías Samakuva e companheiros, e desta forma para que 2012 seja diferente, é necessário rostos novos. Puro debalde.


Como angolana, anseio por uma Angola fortalecida, com partidos fortes para que possa existir uma verdadeira democracia, com pluralidade, e um Parlamento mais equilibrado, e para isto aconteça, precisamos que as agremiações políticas estejam fortes internamente, e a UNITA é somente o maior partido da Oposição, e representa uma franja importante de angolanos, daí a importância da sua reconciliação interna.