Luanda - O ministro angolano das Relações Exteriores, Georges Chicoty, afirmou ontem em Luanda que Angola nunca foi consultada por ninguém para acolher no país o líder deposto da Líbia, Muammar Kadhafi.


Fonte: Lusa

Regime aconselha negociações com o coronel

"Nunca fomos consultados por ninguém, isso é uma pura e simples especulação jornalística", disse, antes de deixar Luanda para Adis-Abeba, Etiópia, para participar numa cimeira de chefes de estado da União Africana (UA) sobre a ajuda humanitária à Somália e a actual situação na Líbia.

 

Segundo o governante angolano, a UA reitera o seu desejo de haver uma solução pacífica, que tenha em conta os interesses do povo líbio. "Sempre foi desejo de Angola e de África de ver um roteiro aprovado pela UA, que fosse a base da solução política na Líbia, que envolvesse não só os membros do Conselho Nacional de Transição, mas também o presidente Kadhafi e todos os líbios", sublinhou Georges Chicoty.

 

O chefe da diplomacia angolana considera ainda válida a solução do diálogo, após a conquista do quartel-general de Kadhafi em Tripoli pelos rebeldes, porque "ninguém tem a solução", nem mesmo os que estão a usar a força.

 

O ministro sustentou o seu discurso exemplificando o apelo feito pelo secretário-geral das Nações Unidas - "para que tenham em conta a necessidade de uma concertação ampla entre a ONU, a UA, a Liga Árabe e os próprios líbios, para um processo de transição inclusivo".

 

"Quer dizer que estaremos a voltar para aquilo que a UA já dizia há uns tempos atrás", referiu o ministro, acrescentando que "a solução não é tardia, porque ninguém tem a solução e mesmo os que estão a usar a força vão precisar de parar".

 

Chicoty considerou que a situação na Líbia é "difícil, precária, mas na qual a UA tem que se envolver, naturalmente na base da aplicação dos seus estatutos".

 

"Por um lado, queremos que se apliquem os estatutos, mas por outro encorajemos os líbios a falarem, a negociarem, a implementarem um roteiro, tal como aprovado pelo conselho de paz e segurança da UA, que possa trazer paz para todos os líbios", reforçou.