Luanda -  Passado quase um ano desde da morte do jornalista da Rádio Despertar Alberto Graves Chacusanga o Comando Provincial de Luanda ainda não sabe do paradeiro dos autores do crime e os familiares dizem estar agastados com a corporação.


Fonte: NJ


Os familiares da vítima dizem não entender como é que passado quase um ano o Comando Provincial de Luanda ainda não tem qualquer informação sobre os autores da morte do jornalista.



“É muito triste que após um ano a polícia não conseguiu descobrir quem foi, quem matou ou mandou matar o nosso parente. Isso não é justo, não sabemos como é que as coisas aqui neste país funcionam, estamos a sofrer muito com a ausência dele”.



A mulher do jornalista, Isabel Silepo Chacusanga, disse que desde a morte do marido a sua vida transformou-se num inferno.


“Já não sou mais a mesma, tenho de criar os filhos sozinha, não tenho ninguém com quem possa contar neste momento. Sou a mãe e pai dos filhos, não  estou a conseguir fazê-lo sozinha. Os meus filhos sentem a falta do pai”.


Isabel Chacusanga disse estar muito triste também com o comportamento da família do falecido marido, que vendeu os bens sem o seu consentimento. “A família do meu marido deixou me na miséria, não tenho nada e nem me apoiam. Venderam a casa em Luanda, onde a gente vivia, e o carro sem antes falar comigo, e não apoia os meus filhos. Eu fui casada com ele e tenho três filhos, como é que vendem as coisas se as coisas são dos meus filhos e do outro filho que ele deixou? É muito triste até custa acreditar que as pessoas são assim”.


O Novo Jornal contactou um dos familiares do jornalista Alberto Chacusanga, que confirmou que a família vendeu a casa, por 22 mil dólares, e o carro do falecido.


“Ela sabia que nós iríamos vender a casa e o carro, para pagar algumas dívidas deixadas pelo falecido. Demos 7 mil dólares ao primeiro filho que o falecido teve com uma outra senhora e o resto do dinheiro nós, a família, dividimos”. A fonte acrescentou que a mulher com quem o jornalista foi casado ficou com uma casa no Huambo e dois terrenos.


A viúva afirmou ainda que o processo está entregue ao investigador Germano, da divisão de Viana. “A última vez que lá estive a informação que o investigador me deu é que já haviam prendido dois jovens do bairro que eram os principais suspeitos, e que os mesmos estavam presos na Comarca de Luanda. Depois de alguns dias tive a informação que isso não correspondia à verdade.  Não sei onde isto vai parar, não sei se os autores da morte do meu marido vão continuar no segredo dos Deuses”.



Isabel Chacusanga disse que mesmo assim tem esperança que os autores da morte do marido apareçam e que seja feita justiça, porque os assassinos do seu marido não podem ficar impunes.


A jovem aproveitou para fazer um apelo a quem de direito. “Já não sei o que fazer, peço ao comandante provincial de Luanda para ver essa situação, porque sempre que vou à divisão de Viana, somos ignorados. Já não sei a quem recorrer. Por favor, me ajudem, ela é mãe e sente o meu sofrimento”, diz a mulher com lágrimas nos olhos.



O Novo Jornal contactou o porta-voz interino do Comando Provincial de Luanda, Nestor Goubel, que disse não ter informações sobre o caso. Tentámos também contactar a comandante de Luanda, mas não obtivemos sucesso.


Alberto Chakusanga era professor da Faculdade de Letras e Ciências Sociais, da Universidade Agostinho Neto. Até à altura da sua morte, foi realizador e apresentador de um programa generalista de opinião, em língua nacional umbundo, durante três anos.



O crime ocorreu no dia 5 de Setembro de 2010, por volta da 01h00 da madrugada. O jornalista tinha 32 anos, foi morto a tiro dentro de sua casa, no bairro do Camadeira, município de Viana, segundo testemunhas.