Luanda -  A Bandeira Nacional tem no centro uma roda dentada. É um símbolo que tem tudo a ver com a História e a grandeza do Povo Angolano. Muitas vezes dou comigo a pensar no que já fizemos ou ainda nos falta fazer para que a roda dentada do progresso continue a girar, firmemente, em direcção ao futuro.


Fonte: JA

JES merece ser distinguido com o Prémio Nobel

Aquele símbolo devia ser um farol para todos os angolanos. A roda dentada da Bandeira Nacional representa o esforço de milhões de angolanos de todas as épocas. Não é preciso ir até às origens, quando os sumérios inventaram a roda, nas terras férteis do Eufrates. Os nossos passos levam-nos para Agostinho Neto, o poeta universal, um dos maiores líderes do século XX, combatente indómito, homem afável que amou o seu povo, a sua pátria, o seu continente, a Humanidade como ninguém. O poeta que plantou nos corações dos homens a sagrada esperança da liberdade e da dignidade.

 

Os nossos passos à volta da roda dentada levam-nos para tantos outros angolanos, que construíram dente a dente a roda do futuro. Recordo homens da dimensão de Hoji ya Henda, Holden Roberto, Vakulukuta, Sangumbe, o mais velho Tchingungi ou o seu filho Tito. O mais velho Nzau Puna ou o magnífico Tony da Costa Fernandes. Jorge Valentim, que deu uma ajuda preciosa na construção da roda dentada do progresso. Mas há mais construtores desse símbolo do progresso: Kamorteiro, um dos bravos da paz.

 

E por falar em paz, nesta máquina prodigiosa que faz mover Angola e a África Austral, há um engenheiro de excepção, José Eduardo dos Santos, que nunca vacilou na sua convicção de que só a paz é o caminho. Aquele que não hesitou um instante em enfrentar os invasores e ocupantes, mas sem perder a noção de que só o diálogo e a concórdia dão sentido à vida humana. José Eduardo dos Santos, um político cuja dimensão engrandece Angola, África e o mundo que ainda acredita no homem e a sua infinita capacidade de construir. Se alguém merece ser hoje distinguido com o Prémio Nobel, pelo que fez pela África Austral e o continente africano, é ele. Se alguém tem um percurso de tolerância fraternal, é o Presidente de Angola. Mas todos sabemos como o mundo de hoje é injusto.

 

A fabulosa máquina do progresso que faz avançar Angola tem muita gente a compor a roda dentada, estão vivos muitos dos seus construtores, aqueles que acreditam na exaltante missão de defender a paz das forças poderosas que querem voltar a pôr grãos na engrenagem. Todos colocaram mais um dente na roda dentada da Bandeira Nacional.


Mas há mais. O Cardeal D. Alexandre do Nascimento, um homem de cultura, um patriota, um homem de fé que ninguém conseguiu vergar, nem nas masmorras da polícia política do colonialismo, nem os que pensavam que com a intimidação o obrigavam a abandonar o seu povo que perecia. E muitos outros homens de fé, como o bispo Emílio de Carvalho, um homem que tanto fez pela roda dentada da Bandeira Nacional, sempre humilde, sempre amigo, mas sem nunca virar a cara à luta dos angolanos pela liberdade e a dignidade. São muitos os exemplos.

 

Na roda dentada da Bandeira Nacional vemos as mulheres e os homens que todos os dias estão nos seus postos de trabalho, nas repartições públicas, nas empresas, nos campos, nos quartéis, nas forças de segurança. Cada dente da roda dentada representa todos os que deram à pátria o melhor de si. E os que ainda vão dar. Os jovens que nas escolas estudam para que o seu futuro seja melhor do que o dos seus pais. Para que Angola seja um país de cientistas e investigadores, de técnicos e profissionais competentes, de mulheres e homens que conhecem as máquinas, sabem manobrar com elas e cuidar da sua manutenção, para que nunca parem na caminhada rumo ao futuro, à felicidade e à qualidade de vida.

 

Aquela roda dentada é uma bandeira que baliza a democracia e a convivência pacífica entre todos os angolanos. Todos somos construtores da democracia, porque ela é um projecto político aberto, apresentando sempre novas facetas e novas situações. Erram os que pensam que a democracia é um modelo acabado, feito segundo uma medida universal. Não é. Todos os países, todos os povos têm a sua roda dentada. No nosso país, todos aprendem todos os dias a construir a máquina prodigiosa que continua a manter Angola no trilho da paz, estabilidade, liberdade e justiça social.

 

O segredo para todos vivermos em democracia sem atropelos nem conflitos, é reforçarmos a unidade, respeitarmos acima de tudo a roda dentada da Bandeira Nacional e ao mesmo tempo colocarmos mais elos na roda dentada para que a máquina seja tão perfeita e tão rica que ninguém mais consiga parar.


Cada qual sabe como quer colaborar nessa construção e é preciso respeitar cada um, porque todos somos indispensáveis à construção da máquina. De resto, esse foi o segredo de Agostinho Neto. Soube rodear-se daqueles que tinham vontade e talento para construir a roda dentada e fazer dela um símbolo incontornável da Bandeira Nacional.


Leila Lopes, a Miss Universo, é também construtora dessa bela roda dentada que leva Angola para o sucesso.