Windhoek – Augusto dos Santos, que é cultivado em relações internacionais, lançou me para o debate, a questão de uma rotura na UNITA, em conseqüência de uma eventual saída de Abel Chivukuvuku ou de Lukamba “Gato”.
Fonte: Club-k.net
A influencia eleitoral e a saída das figuras históricas
As analises sobre estas questões devem ser também educacionais para ajudarmos os leitores a compreender as tendências dos fenômenos partidários. Tanto a UNITA, como o MPLA e a FNLA são partidos históricos. A realidade mostrou-nos que as pessoas que militam, mostram-se que são mais leais as siglas e a historia, dos seus respectivos partidos. .
Nestes partidos históricos as pessoas seguem primeiro a sigla, bandeira, historia e por último as pessoas. As pessoas originarias de outros partidos que aderem ao MPLA e que passam na TPA são claras em afirmar que aderiram por causa dos programas, do percurso e não por causa das pessoas. Estes partidos históricos são como a Igreja Católica, em que as pessoas aderem pela sua historia e não pelo carisma dos padres ou Papas.
Abel Chivukuvuku, por exemplo descarta a idéia da criação de um partido político como pensou no ano passado. Os militantes da UNITA que abraçam o seu pensamento o querem dentro deste partido para que ele marque a historia fazendo da UNITA poder em Angola e não como mentor de algo que se distancia do seu partido. Se a realidade fosse outra, ele já teria formado o seu partido em 2010
A evidencia que se tem de que na UNITA, as pessoas seguem antes de mais aos idéias do partido e não as pessoas vêem desde 89, com o caso Titismo. As pessoas estimavam Tito Chingunji mas desmarcaram-se dele quando começou a imaginar uma UNITA que deveria ensaiar na Jamba os preceitos de uma sociedade democrática, com realização de congresso com multas candidaturas. Foi interpretado como desejando dar golpe de Estado a Jonas Savimbi, e tornou-se numa figura isolada.
Em 1992, a UNITA teve uma das maiores roturas, com a saída de figuras que se confundiam com o próprio partido, como foi o caso de Miguel Nzau Puna, e mesmo assim, as pessoas não o seguiram, no ponto de vista da divisão do partido em dois.
O mesmo aconteceu no MPLA, em 1991, com o antigo director do departamento de informação (DIP), Paulino Pinto João que mesmo sendo uma figura poderosa não dividiu o partido em dois nem tão pouco trousse danos eleitorais. Teve consigo alguns quadros como Sita José mas estes acabariam por regressar ao MPLA. Lopo do Nascimento que é uma figura congregadora foi afastado e não dividiu o partido.
O mesmo se passa na FNLA, os veteranos desejam apenas uma liderança que defenda e que não deixe que se apague da historia dos símbolos do partido. Por isso tanto a direção de Ngola Kabangu como a Lucas Ngonda reúnem todas as tendências e as vezes vemos quadros como João Castro “Freedom” e Carlinhos Zassala, a estarem um dia com um e noutro dia como outro. O importante para eles é o símbolo e o nome FNLA. Se tanto Ngonda como Kabango decidirem criar um outro partido, não terão muitos seguidores internos, porque não é isso que desejam.
Voltando a UNITA, a sua juventude tem exemplos interessantes de que eles são antes de mais leais ao partido e não as pessoas. Tininha Elavoko, que é umas das principais mobilizadoras da JURA ficou ideologicamente do lado do partido quando houve a questão dos “16 Deputados”, e não do pai, o ex-deputado Malheiro Elavoco. A Secretária-Geral adjunta da JURA, Albertina Ngolo que é filha de Eugenio Manuvakolo é um outro exemplo. Mesmo se um dia o seu pai deixe a UNITA, não ira seguir o mesmo. Alias, o pai foi hostilizado ao tempo de Jonas Savimbi, e ela manteve-se fiel ao partido. Ela esta comprometida com a sua vivencia e amizades na UNITA. Alias, o pai foi hostilizado ao tempo de Jonas Savimbi, e ela manteve-se fiel ao partido. Ela esta comprometida com a sua vivencia e amizades na UNITA. Lhe vai ser difícil a apagar da memória quando viu um raid aéreo tirar a vida da sua amiga mãezinha a 7 de Outubro de 1999, no Andulo ou o dia em que nos seus 13 anos teve de saltar a janela da sala de aulas para sobreviver a bombardeamentos de um MIG que ia em direcção da sua escola.
O oposto das lealdades aos partidos tradicionais, encontramos em partidos, emergentes como é o caso do Bloco Democrático. Por ser novo, ainda não tem historia e as pessoas não seguem as siglas mas sim as pessoas que nele estão. Se Filomeno Vieira Lopes ou Justino Pinto de Andrade decidem sair e formar outras forças, os militantes irão seguir a eles tal como aconteceu com o PADEPA, em 2008. Uns seguiram o líder Carlos Leitão, devido a sua coragem e outros foram do lado do então Secretario Geral, Silva Cardoso.
Voltando novamente a UNITA, conforme o desafio de Augusto Santos. Pelos dados que temos, não há expulsão em curso neste partido. Esta realidade vai também ao desencontro da analise (superficial) feita por Lindo Bernardo, ex-PRS, a rádio VOA, quando dizia que a direção da UNITA não esta a saber unir as diferenças de opinião. Pelos dados disponíveis, os militantes seriam sancionados a luz de um estatuto partidário, cuja proposta deveria ir para o órgão Maximo do partido para aprovação o que não aconteceu por terem alegadamente tardado o seu trabalho ou que terão recuado para não causar interpretações destorcidas.
Portanto é falso quando se diz que a saída de algum histórico do MPLA, da UNITA ou da FNLA, ira causar estragos eleitorais. Os militantes destes partidos tradicionais como se disse atrás votam nas siglas e não nas pessoas. Os militantes destes partidos tradicionais, por mais descontentes que estiverem com as suas direções não traem votando para um outro adversário tradicional.
No ponto de vista das pessoas neutras que são as apartidárias e que correspondem a maioria não usam o voto para censurar o partido X por ter hostilizado este ou aquele. Se assim fosse, o MPLA teria problemas nas ultimas eleições pela hostilização a saída de Marcolino Moco. Se neste momento, Dino Matross, Roberto de Almeida e Bento Bento decidem por exemplo deixar o MPLA e criar o seu próprio partido ninguém os ira seguir nem trarão estragos na campanha partidária porque esta provado que a maior parte dos militantes dos partidos historicos não seguem as pessoas mas o percurso do partido.