Luanda - De acordo com o Jornal Folha8, um antigo relações públicas, Januário Macamba, homem às ordens do ex- director do Gabinete do Presidente da República, José Leitão, um dos actuais milionários feito, pela sua passagem pelo governo e tráfico de influência está a ser acusado de se ter locupletado de terrenos e acções do seu antigo cabo de guerra. 


Fonte: Folha8


 Um laranja, que aparece, também, numa série de empresas como  accionista, mas apenas para dar cobertura a dirigentes como José Leitão e outros, falou ao F8, como anónimo, “para me proteger pois eles matam”, visando denunciar a situação extremamente precária de Januário Macamba, “hoje, formado em economia, mas desempregado, desde a altura que José Leitão saiu da Presidência da República e, transferiram-lhe para o Conselho de Ministros, mas aí lhe mandaram esperar em casa”.

 

A engenharia é muito complicada mas a verdade é que este humilde cidadão é, desde à muito tempo, um dos verdadeiros guardiões da riqueza de José Leitão e do Grupo GEMA, opiulenta Sociedade Anónima vocacionada para muita coisa, nomeadamente, actividade bancária, fabrico de cimento e o imobiliário. Como em Angola quem tem o poder tem tudo e se arroga mesmo em tirar o pouco aos pobres, no caso, este humilde e pacato encobridor da riqueza, considerada ilícita do chefe, tinha um terreno no gaveto da José Pirão, à Avenida do Brasil, e como estava a ser cobiçado por graúdos, por sugestão do governador de então, Simão Paulo, ao confirmar a legitimidade dos seus papéis, sugeriu-lhe que o colocasse em nome de algum peso pesado. E a primeira opção que lhe surgiu foi de pensar no seu chefe, José Leitão, considerado por si como um pai, para efeitos de protecção e eventual solidariedade em caso de apuros, sempre possíveis em negócios de alto voo.

 

No GPL, a esse respeito não há segredos, todos sabem que o terreno a que neste artigo fazemos referência era propriedade original de Pedro Macamba, portanto, passá-lo temporariamente para o nome do seu parceiro de negócios que se comportava com ele como se fosse padrinho, pareceu-lhe ser uma excelente ideia.Mas o problema é que o gosto pela riqueza cresce exponencialmente com o seu aumento e, quanto maior ela for, a riqueza, quer dizer, quanto mais ela se acumula nas mãos de um homem, mais este tende a agir como um verdadeiro predador, fazendo com que ele tente abocanhar tudo quanto é valioso e passe ao seu alcance.

 

José Leitão é um homem cuja riqueza está dentro de um sistema de progressão enorme e quando ele se viu na posse dos títulos, tratados pelo Macamba, o homem não resistiu à tentação de adquiri-los, fazendo tábua rasa da amizade que até então ele nutria pelo seu “protegido” e, por via de raciocínios especiais, esclarece a nossa fonte, convenceu-se José Leitão de que esse bem imobiliário era mesmo dele, sem ter em conta que muitas das suas coisas, como servidor público, “adquiriu-as de forma pouco lícita, pondo-as em nome do desgraçado”, quando sabiam ser do Estado. Esse, de resto, é o caso da GEMA, onde José Leitão se apresenta como o empresário multimilionário, único a ter o privilégio, por orientação exclusiva de Eduardo dos Santos, de beneficiar de 500 milhões da linha de crédito chinês, para a construção do shopping do JIKA.


Aqui Macamba encobre ainda, como “a árvore que esconde a floresta, outros negócios, tal como o general Maua, da Guarda Presidencial a sociedade do Morro Bento, um condomínio situado na antiga rotunda da Corimba, que afinal é também de José Leitão, mas que, no papel de constituição um dos sócios é Januário Macamba.


Sigam o meu olhar, se houver pesquisa no sentido de apurar quem é o proprietário de muitas empresas geridas pomposa e garbosamente por José Leitão e, sobretudo, de onde veio o dinheiro: os biliões de dólares, Macamba poderá perfeitamente servir de amortecedor.

 

Como se dizia, no caso da Avenida do Brasil, José Leitão passou a perna ao seu subordinado e a ditosa associação vai dar seguramente zebra. Zangaram-se as comadres e o caldo entornou, pois Macamba e os outros sócios laranjas ficam a ver navios, uma vez que o chefe não lhe deu nada daquilo que ele podia reivindicar. E o que era legalmente dele, segundo parece, passou a ser desse seu protector e amigo, que Macamba pensava que era dele, mas afinal era do alheio.

 

Leitão não esteve com meias-medidas, comeu tudo. Vendeu uma bruta loja ao BPC e tem, segundo se diz, um grande apartamento seu, uma vivenda no segundo andar, que aluga por cerca de 30 mil dólares a uma empresa estrangeira. Tudo tráfico de influência. Tudo ganância cega.

 

Entretanto, Macamba, que se encontra ao que se diz nos Estados Unidos, em tratamento, está a passar por sérias privações, que o relegam para uma situação de dependência aflitiva, com a mulher que terá de ser sujeita a uma delicada intervenção cirúrgica e outras desgraças que lhe caem em cima confirmando o ditado de que uma infelicidade nunca vem sozinha.

 

A sua situação é má, muito má, e há quem diga que para comer, o homem está a trabalhar numa empresa de limpeza de neve e jardinagem, para não cair na indigência total, quando o seu nome surge em sociedades que estão a facturar milhões. E é essa faceta de parceiro de negócios para fiscais ver, que ainda lhe serve de arma de defesa contra os abusos cometidos em seu prejuízo. Recentemente, Macamba e um conjunto de outros sócios introduziram em justiça uma queixa formal contra a sociedade GEMA, acusando-a de, apesar de eles serem sócios com quotas, nunca terem sido postos ao corrente de qualquer informação sobre a vida da sociedade, suas actividades em curso, seus projectos e, muito menos ainda, sobre os seus benefícios anuais.

 

Assinale-se, a esse respeito, que essas informações, que devem ser fornecidas pelos serviços administrativos da empresa, constituem uma obrigação prevista por lei e não um favor. Mas, ao que parece, para a José Leitão & GEMA, nem obrigação nem favor, informações não as dão!Este é o ambiente por ora vivido por Pedro Januário Macamba, Joaquim António Carlos dos Reis Júnior, Sónia Moisés Nele, Ângelo Maria Feijó, Estêvão Paulo Pereira da Costa, mas também por muito boa gente, que serve o Gabinete Presidencial e obrigada a conviver com pessoas muito atreitas a apetências para o dinheiro, o peculato, o não pagamento de dívidas, as vigarices e a corrupção.

 


Tudo bem poderia ser diferente, mas este comportamento parece fazer parte da cultura dos dirigentes presidenciais, que consideram o posto que ocupam como um trampolim para um enriquecimento rápido, quiçá ilegal. Pedro Januário Macamba, contactado ainda nos Estados Unidos, não confirma nem desmente algumas questões que F8, lhe colocou,  prometendo pronunciar-se quando estivesse em Angola “e no local próprio, pois existem questões sensíveis que não devem ser tratadas na praça pública”. Infelizmente, até agora, não sabemos se Macamba o rico/pobre da GEMA, já se encontra ou não em Angola.José Leitão, contactado por telefone pela nossa redacção não atende às nossas chamadas, talvez convencido que lhe queiramos pedir patrocínio, dinheiro ou uma cobrança qualquer.


É verdade que o caso é insólito e que de abonatório pouco ou nada tem, pelo contrário, dá uma péssima imagem da mentalidade reinante nessas altas esferas dirigentes deste país.


*Voltaremos em próxima edição