A meta de 1,3 milhão de empregos do MPLA para a próxima legislatura, que começa após as eleições de 5 de setembro e termina em 2012, foi feita pelo presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e presidente da República, José Eduardo dos Santos, durante a 3ª Conferência Nacional do partido, em junho.

Na ocasião, José Eduardo dos Santos prometeu também baixar a taxa de desemprego para um valor inferior a 15%.

No seu manifesto eleitoral, documento que sintetiza o Programa do Governo, o MPLA propõe aumentar os cursos tecnológicos, com conteúdos “virados para a aprendizagem de matérias que facilitem a rápida integração dos jovens no mercado de emprego”.

O partido que ocupa o poder em Angola há 33 anos prevê ainda investir na criação de mais centros de formação profissional e “fomentar”, a partir destas instituições, o “auto-emprego” com a criação de uma “rede de incentivo e apoio às micro e pequenas empresas”.

A proposta passa ainda pela promoção do “acesso dos angolanos a um emprego produtivo, qualificado e socialmente útil”, assegurando “a valorização sustentada dos recursos humanos nacionais”.

O número de 1,3 milhão novos postos de trabalho, somado à promessa da construção de um milhão de casas, constitui um dos principais objetivos traçados pelo MLPA para a próxima legislatura, mas merece amplas críticas da oposição e sindicatos.

São “mesmo e só” promessas eleitorais, considera o maior partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).

A Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) entende que se trata de “uma promessa precipitada” e, segundo o líder do partido, Ngola Kabango, o presidente do MPLA “terá de assumir as conseqüências se falhar no cumprimento do prometido”.

De acordo com o secretário executivo da Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), Francisco Jacinto, para se cumprirem essas promessas têm de ser adotadas “medidas sérias para que o acesso ao investimento seja mais fácil e também regulado o acesso ao emprego”.

O dirigente sindical cita que "a maioria dos empregos exige que se tenha uma experiência de cinco anos", mas, "para um jovem que acabou de terminar a licenciatura, isto não é razoável”, afirma.

Francisco Jacinto destaca a cooperação de Angola com a China, segundo a qual uma das condições das linhas de crédito para financiar os projetos de reconstrução nacional é a contratação de pessoal chinês”.

“O Governo deve evitar isto, caso contrário, criar mais de um milhão de novos empregos não passará de promessa eleitoral”, advertiu o sindicalista que estima que o desemprego em Angola esteja próximo dos 40%.

Camalata Numa, secretário geral da UNITA, aproveita para lembrar que a promessa do MPLA “é contraditória com a sua prática”, porque está a importar mão-de-obra desqualificada da China que existe “em abundância no país”, sublinhando que “Angola precisa de uma mudança estrutural”.

O último relatório econômico da Universidade Católica de Angola indica uma taxa de desemprego de 25,5% da população ativa em 2007.

Na edição de sexta-feira do semanário Novo Jornal, o coordenador deste estudo, Alves da Rocha, citou que "a redução do desemprego pode ter um impacto negativo sobre a produtividade, se não for acompanhada de qualificação da força de trabalho e da reciclagem dos trabalhadores".

Fonte: Lusa