Malanje - A maioria dos desalojados das chuvas que inciaram a construção de casas no bairro da vila Matilde, a mais de cinco quilómetros a oeste da cidade Malanje continuam ao relento, muitos espaços estão livres.


Fonte: VOA

Perto de 50 residências foram erguidas com esforços dos próprios sinistrados. Para outros, as obras nem estão à meio, tudo porque no local indicado pela Administração Municipal de Malanje não há água disponível e as entidades competentes atrasam-se a entregar as chapas de zinco,numa época em que chove com pouca intensidade.


Maria Graça, 50 anos de idade é uma das poucas que tem erguida e coberta a pequena, tentando esquecer o martírio nas tendas sem água e comida para sustentar a família.  Ela tornou-se lavadeira:“Quando cairam as casas, nós viemos das janelas, ninguém levou nada, tudo que nós temos quem nos deu é a família e o que nos deram a mais é o que estamos a vender para comprarmos água para fazermos os adobes.Fizemos os adobes até agora! (...) as pessoas da Quizanga já lhes deram água, lhes deram chapas e nés estamos à espera, nem água, nem chapa".


"Essas chapas aqui que eu meti aqui- diz Maria da Graça - tinha que emprestar na igreja, porque eu não estava mais a aguentar. A casa alheia da minha irmã, onde eu estiva a viver a dona da casa, também é uma solteira, depende das rendas daquela casa,logo oito meses é muito. Deixei a casa da mana, a Igreja nme deu algum dinheiro e comprei essas chapas, logo 17 folhas a 22 mil kwanzas”.


O novo bairro não tem arruamentos,quase todas as casas não têm tecto,poucas famílias vivem no local.O ancião António Félix diz que foi duro concluir a sua casinha, sem água e agora com a ausência da chapa de zinco.Diz ele:“Nós não tinhámos possibilidades de contruir,para alugar o poço depiám-nos três mil ou quatro mil kwanzas para poder fazer os adobes e fizemos. A casa está aqui, acabou,mas chapas não têm e a chuva já chegou e o que vamos fazer pai?O Estado é o nosso pai e a nossa mãe,vou falar mais o quê? Os outros da Quizanga receberam água e chapa,nós da Vila Matilde nada?”.

 

O único centro de saúde e escola Kudielela próximos pertencem à igreja católica e os serviços são pagos,o que de imediato não satisfaz a vida dos desalojados das enxurradas de Fevereiro deste ano, na cidade de Malanje.

 

Toya Gaspas, 21 anos de idade, frequenta a nona classe na referida escola e afirma que a falta de água é um problema serio para a nova comunidade. Vinte e cinco litros de água estão a ser adquiridos a 50 kwanzas,o que obriga muitas crianças que estudam no centro ou arredores da cidade a faltarem. Diz Toya:“A água estamos a comprar, até mesmo que estamos aqui com as casas já feitas, mesmo que meter as chpas a água sempre é comprar, então, queria dizer que, senhor governador se está a me ouvir para fazer uma gentileza, dá um amor ao próximo.Que no próximo ano ou mesmo no fim deste ano, que nos meta aqui, pelo menos, um chafariz dali a gente vai ficar bem e tranquilo”.

 

A VOA tentou contactos com as autoridades competentes para se pronunciarem sobre o assunto. Infelizmente, não tivemos sucesso, o que prometemos continuar a fazer para trazermos a versão oficial.


Uma fonte bem colocada admitiu,igualmente,que a maioria das pessoas que estão a viver na zona depois de Maio devem ter comprado terrenos das mãos das autoridades tradicionais ou de alguns funcionários da Administração Municipal de Malanje.