Bem Comum: O sonho angolano

Entre as várias confirmações que se esperam, e talvez a mais importante, será a certeza de que em Angola já não há lugar para guerras nem conflitos!

Esta confirmação que tem sido propagada como um exemplo que se vai dar à África e ao Mundo da maturidade dos angolanos, primeiro que tudo deve ser um exemplo que devemos dar a nós mesmos. Os angolanos têm de demonstrar uns aos outros que estão dispostos a viver em democracia, em paz, reconciliados e em harmonia. Existem outros países que já provaram ao Mundo que este tipo de convivência é possível em África. Não precisamos ir muito longe para reparar que a vizinha Namíbia há muito vive em democracia; que na África do Sul a transição de regimes foi até certo ponto pacífica, apesar dos problemas que vão surgindo; que Moçambique está a caminho das quartas eleições, sem qualquer problema…

Esta nossa forma angolana de estarmos no mundo, em que primeiro e antes de tudo temos de mostrar aos outros que somos diferentes, que somos melhores deve, em boa verdade, ser ultrapassada e em seu lugar ser cultivada a tendência de provarmos a nós mesmos que “somos diferentes mas todos iguais” e que “angolano é quem ama Angola todos os dias”, como canta Paulo Flores.

Nós não temos nada que provar ao Mundo, pelo contrário. Temos que assegurar que na segunda-feira, por exemplo, as crianças vão vestir novamente as batas brancas e sem medo de nada regressar à escola. Temos de assegurar que todos os trabalhadores, independentemente das suas convicções políticas voltarão aos seus postos de emprego sem no entanto serem despedidos ou despromovidos. Temos de assegurar que os partidos concorrentes irão felicitar-se uns aos outros pese embora os resultados finais. Temos ainda que assegurar que muitas das promessas eleitorais ganhem corpo e contribuam para a efectivação do Bem Comum, o que no fundo é o que qualquer angolano espera na verdade…

Estes são os meus sinceros votos

* Humberto Costa / Jornalista Angolano residente no Canadá
Fonte: Club-k