Luanda - Fernando Heitor dissipa o que chama de equívocos em alguns meios, sobre o significado do Governo Sombra, afirmando que o mesmo não é mais do que unidade técnica criada pela UNITA, para o levantamento e estudo científico dos vários problemas que apoquentam a sociedade angolana, com vista a elaboração do programa do Governo da mudança.


Fonte: Unitaeuro


ImageO Primeiro-ministro do Governo Sombra da UNITA, Dr. Fernando Heitor explica as linhas principais do seu programa de acção. Falando em entrevista à Despertar, o também Coordenador do GS revela os objectivos perseguidos pela unidade técnica que dirige, tendo destacado, entre várias, o recenseamento dos principais problemas e anseios da população e dos empresários e a monitoria das actividades do Governo do MPLA, há 36 anos no poder, vis a vis as suas promessas eleitorais.


Fernando Heitor dissipa o que chama de equívocos em alguns meios, sobre o significado do Governo Sombra, afirmando que o mesmo não é mais do que unidade técnica criada pela UNITA, para o levantamento e estudo científico dos vários problemas que apoquentam a sociedade angolana, com vista a elaboração do programa do Governo da mudança.


“O Governo Sombra não é um governo secreto, fantasma ou paralelo, nem é uma força obstaculizadora da acção do governo no. Pelo contrário, é uma força que irá fazer estudos juntos das populações e das empresas, para recensear os principais problemas, os grandes anseios desses segmentos da população angolana, para com isso gizarmos um programa de governo para a mudança”, explica Fernando Heitor que além de coordenador também responde pela pasta de Economia e Finanças do Governo Sombra.

 

De notar que Governo Sombra é integrado por um conjunto de quadros academicamente qualificados e alguns especializados que são militantes da UNITA e outros que são apenas simpatizantes e amigos da UNITA e conta com 16 ministérios tidos como os mais fulcrais, abrangendo as áreas de economia, finanças e produtiva.

 

Além do ministério de economia e finanças, outros ministérios são de agricultura, pecuária e pesca, emprego e formação profissional, segurança social, juventude e desportos, energia e águas, justiça e direitos humanos, mulher e família, do reordenamento do território, da saúde, dos assuntos de defesa e segurança interna, da probidade administrativa e combate à corrupção, do Ambiente, do urbanismo e habitação, da educação, ensino e cultura, do combate à pobreza e dos petróleos.


Falando do desempenho do actual governo do MPLA, Fernando Heitor não tem meias palavras para caracterizar o desempenho do Governo no poder começando por referir-se ao facto de em 36 anos ainda não ter apresentado a conta geral do Estado.


“A Conta geral do Estado é um documento fundamental e completo que expressa a actividade, a situação económico-financeira e patrimonial do Estado, esse governo do MPLA nunca apresentou, mas ao que sabemos, porque vivemos aqui e sabemos o que as populações e os empresários dizem, chegamos à conclusão de que o desempenho do Governo do MPLA o ano passado não foi satisfatório”, acrescenta.

 

Fernando Heitor diz, por outro lado, que o aludido crescimento da economia angolana de 4% não compensa os vários anos em que o país esteve em recessão.

 

“Fala-se numa taxa de crescimento de 4% acumulada, digo fala-se, ainda não está plasmado em algum documento valido. 4% de crescimento de uma economia como a de Angola é muito pouco, o país precisa de crescer a dois dígitos, o país está muito atrasado do ponto de vista social, qualidade de vida, humano, económico e financeiro. A diferença abismal existente entre Angola e África do sul tem que ser percorrida em muito menos tempo. Esse menos tempo exige que o desempenho da economia angolana seja muito mais acelerado”, aponta.

 

Para Fernando Heitor, economista e consultor internacional, Angola não se pode vangloriar, com o crescimento de 4% ao ano. Angola com uma base de partida muito pobre e baixa precisa de recuperar muito mais rápido.


“Não podemos considerar positiva uma taxa de crescimento de 4%, se crescemos 4% hoje, durante 30 anos não crescemos, passamos muito tempo em recessão e decrescimento. É preciso analisar isso no global, 4% não compensa certamente a recessão que nós tivemos no passado”, defende.


Fernando Heitor chama atenção para o facto de a economia angolana estar a crescer apenas num sector, o dos hidrocarboneto e defende que a economia para ser sustentável precisa de estar assente em mais sectores.

 

“O nosso crescimento económico tem que ser transversal e não unilateral. Quando se fala do crescimento da economia angolana está-se, unicamente a falar de crescimento provocado pelo sector dos petróleos”, alertou o economista para quem “a dependência da economia angolana aos hidrocarbonetos é exagerada e perigosa”.

 

Sustenta a sua argumentação com dados do Orçamento Geral para 2012, que indica que as receitas fiscais ficarão dependentes das receitas do petróleo em mais de 65%.

 

“Isso quer dizer que o nosso crescimento é mau e distorcido. A partir de 2012 vai-se juntar ao petróleo o gás que também é um hidrocarboneto. Todos os demais sectores crescem pouco ou grande parte deles nem sequer cresce”, acrescenta o Primeiro-ministro do Governo Sombra da UNITA.


Fernando Heitor é de opinião de que uma economia que vive ancorada num único sector que como é o petróleo, é uma economia débil e avança que a economia de Angola estaria melhor se estivesse assente numa base de sustentação diversificada.

 

“Uma casa fica mais sólida quando está assente em quatro pilares, ou seja, quando o preço do petróleo no mercado internacional sofre um abanão a nossa economia também sofre, quando nós temos potencialidades no país capazes de fazer ancorar a nossa economia em pelo menos quatro pilares de sustentação e não apenas um”.


Fernando Heitor fala também da maneira como o Governo Sombra se vai articular para concretizar o seu programa e assegura que vai contar com os quadros do seu pelouro, mas espera, igualmente, que as populações, os empresários que vivem problemas no seu dia-a-dia sejam eles também agentes da monitorização das actividades do governo.


“Cada um tem que saber monitorar, cada um tem ouvidos para ouvir e olhos para filmar os acontecimentos”, afiança o Coordenador do Governo Sombra, que denuncia o facto de o Governo actual criar obstáculos quer aos empresários nacionais quer estrangeiros, enquanto permanecem sem solução os problemas básicos de distribuição de água potável, energia eléctrica e saneamento básico.