Luanda - No passado dia 18 de Janeiro completou-se mais um ano desde que o fio da vida de Ricardo de Mello (jornalista, director, fundador e proprietário do «Imparcial Fax») foi abruptamente cortado.


Fonte: SA


ImageFoi na noite de 18 de Janeiro de 1995 que homens até hoje não identificados decidiram (sem vacilar) cortar fria e firmemente o fio da vida de um jornalista de 38 anos de idade que se preocupava simplesmente com a dignidade de Angola, acreditava normalmente na sua missão e confiava exageradamente na pretensa democracia pós-91: Fernando Ricardo de Mello Esteves!  O assassinato do director do «Imparcial Fax», que teve como cenário um dos prédios situados na antiga rua Direita de Luanda, foi uma infeliz tragédia que revelou que ainda há pessoas em Angola que descem (e continuam a fazê-lo) tão baixo, ao ponto de manifestarem a sua discordância matando e que não aprenderam a discordar sem serem violentamente discordantes.


Ricardo de Mello incomodou, Ricardo de Mello desapareceu! Foi há 17 anos. Há políticos que querem que o nome do fundador e director do «Imparcial Fax», Ricardo de Mello, não mais seja invocado.


Contudo, quem for honesto, há-de convir que o pioneiro da imprensa privada em Angola, que está a passar por maus bocados, diga-se, foi um jornalista destemido, indomável e corajoso. Foi depois da sua morte que o panorama da Imprensa angolana passou a ser diferente. Disso devem lembrar-se os jornalistas angolanos e não só.


Ricardo de Mello incomodou, Ricardo de Mello desapareceu! Foi há 17 anos. A Direcção Nacional de Investigação Criminal, à época dirigida por Eduardo Sambo, jamais se preocupou verdadeiramente em deslindar o caso.


O jornalista foi extinto, afastado do nosso seio para sempre,  mandado para o «país das cem ervas». Há quem considere que o devemos rebaixar, que devemos fugir até da presença da sua memória, que o excluamos da História dos nossos turbulentos tempos.


Ricardo de Mello incomodou, Ricardo de Mello desapareceu! Foi há 17 anos. Há jornalistas (?) angolanos e estrangeiros que tapam os ouvidos quando o nome do então director do «Imparcial Fax» é invocado. Contudo, querendo ou não, tem de se admitir que Ricardo de Mello foi vítima de um sacrifício que abriu caminho para a existência dos semanários (à excepção do então Comércio Actualidade e do Correio da Semana) que hoje são editados e publicados na capital do país.


Ricardo de Mello incomodou, Ricardo de Mello desapareceu! Foi há 17 anos. Cuidemos, pois, de nunca esquecer que a sorte de todos pode estar em jogo. Alguém conhece por aí o nome do próximo «Ricardo de Mello» em potencial? Seja ele quem for, e pode ser qualquer um de nós, tem direito à vida. Que disso se lembrem os que apertam o gatilho ou, e sobretudo, os que mandam apertar o gatilho.