Luanda - Consta que alguns membros do Bureau Político e do Comité Central do MPLA opuseram-se a que se violasse o regulamento do concurso, pois isso mancha a credibilidade e transparência dos actos do partido, mas, a fonte de F8 diz terem recebido uma reprimenda e contundente orientação da Presidência da República para que "a camarada Suzana Inglês, fosse indicada", e que nenhum outro juiz fosse chamado, "não fosse começar a levantar questões de legalidade e complicar o processo".


* William Tonet & Arlindo Santana
Fonte: Folha8


Teria sido o ministro da Administração do Território o portador da má notícia, que gelou os corredores do Kremlim, pois o MPLA tinha noção que todos lhe cairiam em cima e descredibilizariam antecipadamente a sua vitória.

 

Mesmo que as eleições se realizem, desde esta data, todos, absolutamente todos, sabem que elas não serão justas, livres nem transparentes.

 

Esta é uma grande mancha, não só para o sistema de justiça, como ainda para o Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

 

O suporte na Lei Constitucional, não colhe, pois ela faleceu há muito, ademais o concurso teve um regulamento e este era claro para que todos o cumprissem e esta figura argumentada agora, não vem nele, pelo que configura uma ilegalidade e ilegitimidade.

Por outro lado o concurso não apresentou resultados gerais, mas apenas se ateve a um indicativo e este pelo que se conta não foi jurídico mais político.

 

Uma pré-campanha eleitoral escaldante


 

O que é mais assustador nesta fase de pré-campanha eleitoral para o escrutínio anunciado para Setembro deste ano, não é tanto a série de toscas tentativas de preparação do terreno e das várias condicionantes do pleito eleitoral para a batota, é o descaramento e o à-vontade com que o regime JES/ MPLA amarfanha a lei, viola-a e olha com ar inocente para os seus congéneres políticos da oposição, totalmente atónitos e quase afónicos, perante tanta altivez, arrogância e indiferença em relação a todas essas derrapagens cometidas para atingir objectivos eleitorais inconfessos.

 

O MPLA e, sobretudo, o seu expoente máximo, um homem nomeado à pressão em 1979, a declarar nessa altura que se sacrificaria pela Pátria ao aceitar ser presidente, e que hoje, quase 33 anos mais tarde, é um predador ávido de riqueza material nas vestes de um sábio de medíocre factura, sem nível nem cultura política que dê para chegar aos calcanhares de um Nelson Mandela, ele e toda essa gente não fazem nada a não ser fortificar as suas barricadas douradas.

Servem-se de pessoas fiéis aos seus intentos e depois deitam-nos fora, como aconteceu, com Lara, Lopo, Moco, Miala e outros mais. Agem como se a lei fosse massa folhada para bolos que eles podem modelar da maneira que quiserem e continuam a angariar fundos obscuros para pagar gente que se ponha ao seu serviço e que será provavelmente posta de lado quando mais lhes convier.

A última da lista, que será certamente sacrificada, é Susana Inglês, peça pré-formatada de mais uma manobra propositada orquestrada pelo MPLA, uma jurista de renome que sacrifica a sua reputação e bom nome para ajudar o M a ganhar tempo a fim de o MAT ganhar também algum tempo para levar a bom termo os seus intentos de preparação da fraude, com o retardar da transferências das competências para a CNE.

Que as eleições vão ser fraudulentas já toda a gente mais ou menos sabia, mas agora sabe com certeza! Com esta senhora da OMA e do MPLA, muitos dizem que as eleições serão um autêntico cemitério dos partidos da oposição e da democracia que se pretende construir em Angola.

Como podemos ficar calados diante de uma aberração que está a vista de todos? Que moral tem o M para exigir que os outros cumpram com a lei? Sabendo-se de antemão que o M vai ganhar outra vez, porquê alimentar estas jogadas baixas que trazem suspeitas e descrédito? E tão estupidamente.

Estupidamente porque se o andor continuar por esta tortuosa senda, confirmar-se-á o que os angolanos anónimos, a massa popular, toda a gente sadia, em peso, menos deseja: o fomento duma nova guerra cujas culpas serão em bloco atribuídas aos partidos da oposição, tal como comenta de Kiluange no portal do club k.

 


«Enquanto José Eduardo dos Santos continuar a ouvir vozes hipnóticas dos seus mais directos comparsas, assegurando-lhe uma epifania [aparição divina] dentro do sistema político e económico angolano, tudo mantém-se no mesmo!... Apercebendo-se de que JES possa vir a usufruir d[um]a imunidade, os seus comparsas mais directos, de mãos cheias de sangue, fazem o jogo de gato e rato para causar e culpabilizar a oposição de um possível regresso `a guerra civil em Angola...Quanto mais forem expostos nos media a nível nacional e internacional, JES e seus comparsas menos chances terão de se perpetuarem no poder!...»


Aqui chegados temos mais um novo conflito criado pela Presidência da República, pois os três partidos da oposição parlamentar: UNITA, FNLA e PRS, decidiram não emprestar o seu verniz à tomada de posse de Suzana Inglês, despertando assim, uma vez mais, a comunidade internacional do sinuoso caminho da fraude eleitoral, projectada para Setembro, onde o MPLA pretende ganhar por 99%, como forma de excluir todos e legitimar a nova ditadura do século XXI.