Luanda - No cenário político atual, a comunicação eficaz entre os políticos e seus eleitores nunca foi tão crucial. No entanto, uma observação mais atenta revela uma desconexão significativa, especialmente nas redes sociais, onde muitos deputados, em particular os do MPLA, exibem uma presença quase nula. Hoje pretendo explorar as dimensões dessa lacuna comunicativa, destacando a importância da presença digital para os servidores públicos, as vantagens de se investir em comunicação digital profissional, a necessidade de transparência nas ações políticas e a aparente despreocupação de políticos mais jovens com a comunicação substancial nas redes sociais.

Fonte: Club-k.net

O primeiro ponto de preocupação é a limitada presença dos deputados nas redes sociais, com especial enfoque nos membros do MPLA, cuja ausência digital é notável. Essa falta de presença não apenas os distancia de uma parcela significativa do eleitorado, mas também reflete uma desconsideração pelas tendências modernas de comunicação e engajamento público.

 

A importância dos servidores públicos em manter uma presença digital ativa vai além da simples comunicação; trata-se de uma ponte vital para o eleitorado mais jovem. As redes sociais oferecem uma plataforma única para o engajamento direto e a construção de relações de confiança entre políticos e cidadãos, especialmente aqueles da geração mais nova que, tradicionalmente, são mais difíceis de serem alcançados por meios convencionais. E aqui vai um ponto positivo para a Administração de Belas, do Talatona, da Maianga e do Kilamba - que apresentam comunicação actualizada e presente.

 

Reconhecendo que nem todos os políticos possuem a habilidade ou o tempo necessário para gerir eficazmente a sua presença online, a contratação de assessores de comunicação digital apresenta-se como uma solução pragmática. Estes profissionais podem não apenas curar conteúdos apropriados e estratégicos, mas também assegurar que a mensagem política seja transmitida de maneira eficaz, aumentando assim o alcance e o impacto dos políticos nas redes sociais.

 

Temos bons exemplos que, dado ao nosso contexto político, comunicam melhor que os seus pares, como o caso dos Deputados Paulo Faria, Olívio Kilumbu, Sampaio Mucanda e Nelito Ekuikui (por sinal todos da bancada parlamentar da UNITA). Quanto as instituições públicas, temos o Ministério das Finanças, o BNA, PNA, Portal do MIREX, sem esquecer da principal máquina de comunicação do MPLA no momento, o Governador de Luanda Manuel Homem, como os que mais actualizam e comunicam no digital.

 

Um aspecto frequentemente negligenciado na comunicação política digital é a prestação de contas. Deputados e servidores públicos devem utilizar as plataformas digitais não apenas para promover suas agendas, mas também para informar os cidadãos sobre suas ações, incluindo propostas de leis e decisões legislativas. Esta transparência não só reforça a confiança pública, mas também promove uma cultura de responsabilidade e envolvimento cívico.

 

Por fim, é lamentável observar que, mesmo entre os políticos mais jovens, que teoricamente deveriam estar mais afinados com as dinâmicas das redes sociais, muitos falham em reconhecer o valor dessas plataformas como ferramentas de comunicação política séria. Em vez disso, predomina uma tendência para se perderem em conteúdos triviais, como memes e tópicos de interesse pessoal, negligenciando a oportunidade de discutir assuntos de substância política e legislativa.

 

Dentro de um quadro comparativo de comunicação política, nos veículos modernos essencialmente, o MPLA está baixa expressão e presença, se comparada com a UNITA que tem mais representantes nessa arena. Mas os próprios Deputados e Dirigentes da UNITA precisam reforçar essa presença no digital, assim como o MPLA precisa se abrir mais e compreender que perde um palco de conexão com o eleitorado Millenial.

 

A comunicação política nas redes sociais é uma faceta indispensável da governança moderna, exigindo mais do que uma mera presença online. Requer uma estratégia deliberada de engajamento, transparência e diálogo significativo. Para os políticos, especialmente no contexto angolano e dentro dos principais partidos, há uma necessidade urgente de reconhecer e abraçar o potencial das redes sociais como ferramentas de comunicação eficazes.

 

E Ignorar essa realidade não é apenas um desvio das expectativas contemporâneas, mas também uma oportunidade perdida de conectar-se autenticamente com o eleitorado, comprometendo a eficácia política e a confiança pública no processo.

 

Emerson Sousa.
Escritor e Analista político.