Luanda - A mulher angolana é guerreira por natureza. Independentemente das dificuldades, jamais atira a toalha ao tapete, pelo contrário, vai à luta e encara de frente os desafios... Isso não é de hoje nem de ontem, vem de longe – dos tempos de Nzinga a Mbandi, passando pelas guerreiras da luta de Libertação Nacional, até aos dias de hoje, com as mulheres a se destacarem nos mais variados sectores da vida económica, social e política. Por isso, não é nenhum favor tê-las em cargos de alta responsabilidade no Governo, nos Partidos Políticos, na Igreja etc.

Fonte: Club-k.net

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, não é demais recuar no tempo para se falar da participação das nossas guerreiras na linha da frente durante a luta contra o colonialismo português. Apesar do seu inquestionável contributo, pouco ou quase nada se tem falado dessas senhoras, salvo raríssimas excepções. Tirando as histórias de algumas heroínas que combateram na guerrilha do MPLA, e tiveram a merecida honra de terem os nomes eternizados em Avenidas, Hospitais ou em outros lugares públicos – as demais, aquelas que fizeram a luta colonial nas trincheiras da FNLA e da UNITA, até hoje, não foram tidas nem achadas. Comete-se injustiça ao não se dar o merecido reconhecimento às heroínas desses dois movimentos de libertação. Elas também deram no duro: consentiram os maiores sacrifícios; encararam de cabeça erguida as dificuldades da vida no maquis. Mesmo no pós-independência, continuaram com a mesma garra e o mesmo espírito de entrega e sacrifício. É exemplo a Tropa Feminina da UNITA – do famoso Batalhão 89 – a primeira unidade compacta de mulheres das FALA, sob comando da destemida Major Dulce Chingufo.

 

Com o surgimento do Batalhão 89, as mulheres, para além do apoio que davam aos soldados na transportação de "cunhetes" para as Frentes de combate, passaram a fazer parte das manobras combativas e a estar nas trincheiras com o dedo no gatilho – encarando o "inimigo" olhos nos olhos. Mas a parte que mais apreciava e admirava delas era quando participavam do Desfile na Parada Principal do B.I. (Batalhão de Instrução). Acompanhadas pela Banda Militar, ao som de cornetas, trompetes e tambores, marchavam com genica! Quem não aplaudia quando a Comandante Dulce Chingufo batia continência ao passar pela Tribuna de honra, onde se encontrava o Alto-Comandante das FALA e General de Exército, Jonas Malheiro Savimbi!? Aquilo era “pongue” ou quê!? Quem não se encantava ao ver as Comandantes de Companhia, de Pelotão e de Secção muito bem aprumadas, cara-de-limão, numa perfeita sintonia, batiam pala ao avistarem a Tribuna, enquanto o grosso do Batalhão erguia a mão esquerda, na posição perpendicular ao peito, com a cabeça vira para a direita, em respeito ao seu Alto-Comandante!? Era realmente lindo de se ver. Elas demonstravam que tinham orgulho de ser soldados que lutavam por uma Angola verdadeiramente independente. Uma Angola que colocasse o angolano em primeiro lugar. Enfim...

 

Por isso, mais uma vez, digo: todas as mulheres, enquadradas ou não nos partidos políticos, merecem o respeito e a admiração de todos nós.

Feliz dia internacional da MULHER!

Voltarei...

Luanda, 08 de Março de 2024.
Gerson Prata