Lisboa - Em entrevista exclusiva ao “Sol”, Isabel dos Santos, não acha que o presidente João Lourenço possa ter algo contra si porque é “uma das empresárias que mais contribuí com impostos para o Estado” angolano.

Fonte: SOL

O que tem o Presidente João Lourenço contra si para a substituir?

Sou um dos maiores investidores e empregadores em Angola. Sou uma das empresárias que mais contribui com impostos para o Estado. Estes impostos servem para construir escolas, hospitais, estradas, etc...

 

Os bancos em que participo são os maiores financiadores da economia angolana e do Estado. Ficaria muito surpreendida se houvesse alguma coisa contra alguém, como eu, que tanto acredita e investe no nosso país. Partilho a mesma visão e ambição do Executivo, de tornar Angola um país desenvolvido e sustentado nas suas capacidades e recursos.

 

Viu como afronta que um homem que afastou da Sonangol tivesse sido escolhido para a substituir?

Eu fui para a Sonangol com um mandato de gerir e reestruturar a empresa. Na qualidade de gestora profissional que sou, nunca poderia entender dessa forma a alteração da vontade do acionista Estado.

 

Preferia que o Presidente tivesse escolhido outra pessoa?

Não me cabe a mim criticar ou escolher o perfil necessário de quem deve integrar o Conselho de Administração da empresa. A título de exemplo, os currículos dos membros do anterior Conselho de Administração foram alvo de muito escrutínio e debate público na imprensa, ao contrário do atual. No meu entender, a Sonangol precisa de um líder, um profissional com visão estratégica, experiente, arrojado, que veja mais à frente. É uma empresa muito grande, complexa e com desafios diários. Precisa de um sentido empreendedor para desenvolver a sua visão estratégica. A petrolífera nacional, na situação de grande debilidade em que se encontra, deveria ser liderada por alguém com uma visão mais alargada sobre o negócio, que ultrapasse os conhecimentos restritos a um gestor público. Alguém com elevado sentido ético, seriedade e sobretudo, sem agenda própria. A Sonangol é um negócio e deve ser gerido como tal, e não como uma repartição pública. Rentabilidade, eficácia, competitividade, excelência e transparência têm que ser as prioridades do gestor e do negócio. Só tornando a Sonangol num modelo de negócio, ágil, competitivo e lucrativo é que resolvemos o problema do país e consequentemente das pessoas.