Luanda - O estado de letargia em que se encontra a Cruz Vermelha de Angola deve-se a falta de comunicação entre os seus dirigentes ao longo de12 anos, facto que levou a que o país perdesse muitos financiamentos por parte das instituições internacionais e, em consequência, o seu fraco funcionamento.

Fonte: Angop
Esta afirmação é do presidente interino da Cruz Vermelha de Angola, Elias Piedoso Chimuco, tendo afirmado que a instituição por si representada passa por momentos difíceis, fruto da resignação das funções da então presidente, Isabel dos Santos, e do seu secretário geral, Walter Kifica.

De acordo com a fonte, estas duas entidades resignaram-se da responsabilidade de cuidar os interesses da instituição e, com vista a não deixá-la ao abandono tendo em conta os estatutos, teve de assumir a sua presidência, levando a cabo uma série de acções que visam a sua dinamização.

Elias Chimuco anunciou que ao assumir as responsabilidades da Cruz Vermelha estabeleceu um programa de acções com vista a realização de uma assembleia geral, que não se realiza há 12 anos.

Referiu que, desde a eleição da anterior direcção encabeçada por Isabel dos Santos em 2002, nunca se realizou qualquer assembleia geral, extrapolando-se os mandatos de quatro anos, configurando três mandatos.

Informou que estabeleceu um período de quatro meses para a preparação das condições materiais para a realização de uma assembleia geral que culminará com a eleição de novos corpos gerais, com destaque para o conselho nacional, constituída por diversas personalidades da sociedade civil, e com a criação de uma mesa da assembleia geral de forma a evitar o prolongamento dos mandatos.

A fonte realçou que a equipa por si constituída conta com cinco integrantes, com a missão de elaborar o plano estratégico, as componentes jurídica, administrativa financeira, logística e marketing, aspectos que permitem que a instituição seja revitalizada.

Elias Piedoso Chimuco disse que a Cruz Vermelha de Angola é uma instituição de utilidade pública, logo o Estado tem grande responsabilidades sobre a mesma.

Ao longo deste período, a direcção da Cruz Vermelha encetou uma série de contactos com as suas congéneres de Portugal, Espanha, África do Sul e Suíça, com vista a tomar contacto com as acções levadas a cabo pelas mesmas junto das comunidades.

Na ocasião, lamentou que o secretário geral da Federação Internacional de Cruz Vermelha se tenha mostrado decepcionado com a inércia demonstrada por Angola ao longo dos últimos 12 anos, perdendo inúmeros financiamentos da comunidade internacional que poderiam ser aplicados nas áreas da saúde e reinserção social.

Questionado sobre a situação dos cerca de 90 funcionários dessa instituição ao nível do pais que não recebiam salários há 12 meses, Elias Chimuco anunciou que os mesmos estão em liquidação de forma a que por altura da assembleia geral, a ter lugar de 23 e 24 do mês em curso, todos tenham a sua situação regularizada.

Sobre as eleições, o presidente da Cruz Vermelha informou que foram legalizadas três candidaturas, designadamente de Alfredo Elavoco Pinto, Bibiana de Almeida e Carlos Gourgel, as quais irão apresentar as suas linhas de acção na próxima segunda-feira durante uma conferência de imprensa.

Elias Chimuco considera que o pleito está a ser aguardado com muita expectativa, augurando uma revitalização rápida da instituição que representa, predispondo-se a dar o seu contributo.

As inscrições para o cargo máximo da Cruz Vermelha iniciaram a 3 de Agosto e encerraram no dia 7. A 4ª assembleia da organização vai decorrer no Memorial António Agostinho Neto, com a participação de 120 delegados, dos quais 90 terão direito a voto.

O evento contará com a presença de representantes internacionais, com destaque para a Federação Internacional da Cruz Vermelha, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), e as delegações da Cruz Vermelha de Portugal, Espanha e África do Sul.

Também farão parte membros da delegação regional da Cruz Vermelha em Nairobi (Quénia) e da delegação regional da Federação Internacional da Cruz Vermelha. A assembleia vai decorrer sob o lema “Por uma Cruz Vermelha una e indivisível rumo ao desenvolvimento sustentável”.

A Cruz Vermelha de Angola foi criada a 16 de Março de 1978 e presta assistência social e médica à pessoas carentes.