Luanda -  A UNITA convocou os jornalistas para uma conferência de imprensa mas algumas horas depois ninguém tinha aparecido no local. Só mais tarde se percebeu porquê. O partido hesitou em desencadear uma acção que configura a mais revoltante falta de respeito para com o Presidente da República, o mais alto magistrado da Nação, e calúnias contra os seus colaboradores mais próximos. Prevaleceu a irresponsabilidade e embora com horas de atraso, o golpe foi posto em marcha.

Fonte: Jornal de Angola

Angola conhece bem a UNITA e os seus dirigentes. Uma organização que começou mal, lutando de armas na mão ao lado dos colonialistas e contra a Independência Nacional, dificilmente vai mudar de rumo. Em 1975, a direcção da UNITA teve a oportunidade de se redimir do seu passado colaboracionista, mas deu um passo em frente na traição. Aceitou ser biombo das agressões do regime racista de Pretória contra Angola.


Nas primeiras eleições multipartidárias a UNITA teve a oportunidade de abraçar a democracia e a paz. Mas perante a derrota eleitoral, preferiu fazer tudo para tomar o poder pelas armas, matar a democracia no ovo e destruir Angola de lés a lés. E quando todos pensávamos que a Paz de Luena ia marcar uma adesão sincera ao Estado Democrático e de Direito, o líder do partido, Isaías Samakuva, partiu para a cruzada mais perigosa contra a Angola. Sempre que pode, manipula as populações e lança jovens ou desmobilizados contra as instituições do Estado.


A direcção da UNITA, ao mesmo tempo, lança lama sobre titulares dos órgãos de soberania e faz tudo para desacreditar os órgãos do Estado. Na Assembleia Nacional, falta a votações importantes, como foi o caso da aprovação da Constituição da República. Nas últimas eleições lançou as habituais suspeitas de fraude sobre o processo e particularmente sobre a Comissão Nacional Eleitoral. Durante a campanha, Samakuva e outros elementos da direcção do partido lançaram insultos e lama sobre os adversários políticos directos. Uma vez apurada a derrota, apresentou recursos para as entidades competentes. Mas não tinha razão.


Desde então, a UNITA comporta-se como um corpo estranho à democracia e está em permanente conflito com as instituições democráticas. Ao mesmo tempo fomenta a subversão contra o Estado de Direito. A última diatribe do partido foi anunciar, em conferência de imprensa, que ia apresentar uma queixa contra o Presidente José Eduardo dos Santos, o mais alto magistrado da Nação e que venceu as eleições com maioria qualificada. Uma das acusações é a de traição à pátria. Samakuva, com este gesto, colocou a UNITA definitivamente fora do jogo democrático.


Uma coisa é defender posições políticas e ideológicas com todas as forças. Outra é agir como se não existisse uma Constituição da República ou como se não tivessem existido eleições gerais, com total falta de respeito pelos adversários. Angola tem órgãos de soberania legítimos, porque legitimados pelo voto popular. Se a UNITA não é capaz de convencer os eleitores, a sua direcção só tem que dar lugar a outros mais capazes. Mas Samakuva não pode continuar a agir como se apenas ele esteja com o passo certo e todos os outros, inclusive alguns colegas de partido que acabaram por bater com a porta, estejam errados. O líder da UNITA tem de estar à altura das suas responsabilidades de líder da oposição. Se prefere comportar-se como um escriba ao serviço de traficantes de diamantes, está a criar um problema ao país, a toda a oposição e particularmente ao seu partido.


Que um escriba de aluguer apresente queixa na Procuradoria-geral da República contra cidadãos honrados e empresas honestas, para servir os traficantes que lhe pagam, está mal mas atendendo à sua insignificância, passa sem censura. Samakuva é deputado eleito e líder do maior partido da oposição. Não pode comportar-se como um marginal que se serve das instituições democráticas e do Estado de Direito para apunhalar a democracia e atentar contra a honra do Chefe de Estado.


A direcção da UNITA tem de perceber, de uma vez por todas, que o seu inimigo não é o MPLA, os seus dirigentes ou o Chefe de Estado. O inimigo do partido de Samakuva e de todos os angolanos é o subdesenvolvimento e a pobreza. E esse inimigo combate-se quotidianamente com ideias e com acções. Samakuva mandou um dos seus colaboradores atentar contra a honra do Chefe de Estado e foi para o Kuando-Kubango, para fingir que nada tem a ver com a mais revoltante diatribe política que o Galo Negro alguma vez lançou contra o Estado Democrático e de Direito. É uma tentativa – mais uma – de lançar angolanos contra angolanos, provocar instabilidade, atentar contra a paz.


A direcção da UNITA está fora do jogo democrático e, por isso, não respeita nada nem ninguém. A denúncia caluniosa anunciada é prova dessa preocupante realidade. Esperamos que, pelo menos, Samakuva perceba que o Presidente José Eduardo dos Santos foi eleito com mais de 70 por cento dos votos e quando ele é difamado ou insultado, estão a ser igualmente difamados os eleitores que lhe confiaram o voto.