Luanda - Penso que a eleição de um papa é o acto mais antidemocrático, por todo secretismo que envolve e por não ser universal, nem transparente. É curioso saber que a Igreja Católica que apregoa tão estridentemente valores como a democracia, inclusão e justiça social, procede exactamente de forma contrária na eleição do seu líder máximo. Recordar que, o papa, que supostamente é o “ pastor universal”, a sua eleição  passa apenas por  um círculo restrito de 115 cardeais, com menos de 80 anos, em que as mulheres não têm qualquer possibilidade de eleger nem de ser eleitas… desta forma, não será hipocrisia falar-se em igualdade e promoção da mulher?

Fonte: Club-k.net

Sobre a eleição do papa argentino, Jorge Mário Bergoglio, que adoptou o nome de “Francisco I”, destaca-se:


·         Não é jovem, como se esperava (com 76 anos, menos 2 dos 78 de Bento XVI, quando foi eleito em 2005 e não acredito que tenha muitas décadas de pontificado), não “sacudiu” assim, a “pressão” que estava sobre a igreja, no que tange ao factor idade do papa, já que o seu antecessor, Bento XVI, resignou por isso. Pelo nemos, foi o que disse publicamente…


·          Claramente a igreja “cedeu” à “pressão/apelo” de todo mundo, de que era “justo” ter um papa da América Latina, sobretudo, por ser a região que alberga mais fiéis católicos e por precisar de uma atenção especial, relativamente às questões sociais.


·         O actual papa, tem inúmeros desafios à sua frente: unificar a igreja, que ficou bastante fragilizada com os últimos escândalos de pedofilia, exploração de menores e sobretudo o tão propalado caso “Vatileaks” de 2012. Terá de ter grande capacidade de diálogo com outras igrejas e instituições do mundo, bem como “muita coragem” para implementar reformas, que se mostram necessárias: uma posição clara sobre o uso do preservativo, face ao “flagelo” do VIH/SIDA, a questão do aborto, em que muitos sectores ligados à medicina, defendem a sua efectivação, em casos específicos etc.


·         Do ponto de vista político, desde que em 1929 o Vaticano tomou a categoria de “Estado”, através do Tratado de Latrão (importa dizer que a designação de “Estado do Vaticano”, continua a não merecer consenso, sobretudo, nas Relações Internacionais, enfim, é outro tema para análise…), o papa, é também um “Chefe de Estado” e nesta condição, espera-se que tenha uma “diplomacia apurada”, face aos conflitos que grassam pelo mundo.


Afonso Pina