Cidade da Praia – O MPLA está preocupado com a "falta de boa-fé" do Governo de Transição na Guiné-Bissau, salientando que, se ela persistir, "dificilmente" haverá solução para a crise guineense, disse nesta segunda-feira, 19, um dirigente daquele partido angolano. A preocupação foi expressada pelo secretário do Bureau Político para as Relações Internacionais do MPLA, Afonso Van-Dúnem, após um encontro com o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, na Cidade da Praia.

Fonte: Lusa

"Na Guiné-Bissau, sabemos o aconteceu, apesar dos grandes esforços do Governo de Angola para manter a paz e ajudar na organização do Estado e do Governo guineenses. Deu no que deu e lamentamos bastante a situação. Aliás, voltou a haver escaramuças, o que preocupa a comunidade que fala Português", referiu.

Para Afonso Van-Dúnem, encontrar uma solução para a Guiné-Bissau "não é fácil", é até "complicada", pelo que tudo depende da vontade dos guineenses e da ajuda que a comunidade internacional "possa dar e que tem vindo a dar".

"Se o Governo instalado na Guiné-Bissau for de boa-fé, se olhar para as questões do desenvolvimento do povo, da educação e da solução dos problemas que são do passado, estou em crer que se pode vir a encontrar a paz desejada, o progresso e o desenvolvimento", defendeu, insistindo que tudo depende da vontade de Bissau.

"Mesmo com a ajuda internacional, se não houver por parte do Governo instalado uma aceitação e colaboração, dificilmente se poderá empreender ações que venham a resolver os grandes problemas que ainda enfrenta a Guiné-Bissau. A decisão do Governo em direção à boa-fé ainda não foi tomada e espero a tome em breve, em nome do povo guineense e em nome dos países que falam português", disse.

Na conferência de imprensa, Van-Dúnem disse também aos jornalistas não acreditar que se concretizem as ameaças da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que, na semana passada, ameaçou voltar a pegar em armas para combater o regime de Maputo.

"No caso de Moçambique, se a oposição voltar às armas vai ser um problema difícil. Mas não estou em crer que a Renamo possa voltar a pegar em armas contra um Governo instituído democraticamente", disse, respondendo a uma questão sobre a ameaça feita nesse sentido pelo líder da oposição moçambicana, Afonso Dhlakama.

O dirigente do MPLA, igualmente presidente da Fundação Sagrada Esperança, está desde domingo à em Cabo Verde para, segundo disse aos jornalistas, analisar com as autoridades cabo-verdianas a "experiência" local sobre os jogos de fortuna e azar que Luanda pretende implementar em breve.