Luanda - Nos discursos apaixonados que vão subindo de tom, sobretudo na capital, nos corredores do Poder, da Oposição e da Sociedade Civil – essa (felizmente) cada vez mais interventiva – ouve-se cada vez mais a palavra boicote. Principalmente se o CSMJ não recuar na nomeação da Dr.ª Suzana Inglês como Presidente da CNE. Ora boicotar as eleições significa que um ou mais ou mesmo todos os partidos da Oposição não vão participar nas eleições.


Fonte: SA


http://www.club-k.net/images/stories/opisicao%20suzana.jpgUma outra hipótese colocada pelos partidos da Oposição no cenário político dos próximos tempos – essa «emprestada dos jovens protagonistas disso ao longo do ano passado – é o das manifestações de rua. Segundo esta hipótese, manifestações em massa obrigariam o maioritário a «ordenar» o CSMJ a anular a referida nomeação. Ou então, numa escalada gradual, as manifestações conduziriam então ao boicote das próprias eleições.


Não sendo crível que o partido no poder queira avançar para eleições a solo – até mesmo para não mostrar à comunidade nacional e internacional um eventual «medo» do pleito eleitoral que fragilizaria a sua posição no contexto dos outros partidos governantes – qualquer dos dois cenários apenas pode ter dois desfechos: ou o partido no poder cede com tempo suficiente para haver uma campanha eleitoral com tempo (e aí a definição desse «tempo» varia de partido a partido) ou não cede ou cede tarde demais para os partidos da oposição poderem fazer uma campanha eleitoral «à maneiras», isto é, que atinja minimamente a extensão do País. Dali para o adiamento da eleições vai um passo. Não havendo clima político para realizá-las, e não querendo (ou não podendo mesmo) o MPLA concorrer sozinho as eleições poderão ser adiadas para o próximo tempo seco, entre Maio e Setembro de 2013.


Partindo desta premissa, fica a obrigatória questão? Será que o adiamento das eleições interessa a algum partido? E se sim, a qual deles e porquê?


É que, e apesar de a Constituição marcar claramente o período em que as eleições devem acontecer, os nossos partidos políticos não parecem estar preocupados com isso. Entretém-se, em vez disso, em quezílias perfeitamente evitáveis ora sobre a Lei Eleitoral, ora sobre o perfil do gestor do processo, depois será sobre a Lei do Registo Eleitoral, depois sobre qualquer quejando que sirva para satisfazer o (mau) hábito do «bilo» por dá cá aquela palha. E a «maka» da «bufunfa» para a fiscalização do registo eleitoral e para a própria campanha ainda é tipo procissão a formar-se no adro. Ainda não começou a cantar em direcção ao altar…

Atento a isso, o Semanário Angolense decidiu sair à rua e conversar com aos actores desse processo – as eleições – para pôr a seguinte simples questão. Aos políticos, membros da Sociedade Civil e a cidadãos comuns perguntámos: a quem interessaria um possível adiamento das eleições? Ao MPLA? À Oposição? À Sociedade Civil? Ao «povo em geral»? Afinal, o adiamento das eleições é ou não anti-constitucional? E, pergunta curial, eleições adiadas não seriam uma prova provada da imaturidade da nossa classe política e, por arrasto, da própria Nação Angolana?


É o que procuraremos responder nas páginas que se seguem…


*Celso Malavoloneke