Benguela - A secretária-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Luísa Rogério, apelou na última quinta-feira, 23, em Benguela, os órgãos de Comunicação Social a assumirem o compromisso de contribuir para a prevenção de conflitos eleitorais, assegurando no espaço público uma representação equilibrada das diferentes sensibilidades político-partidárias.
 
 
Fonte: Angop

luisa rogerio1.jpg - 13.01 KbDissertando sobre o tema “O Papel da Comunicação Social na Prevenção de Conflitos Eleitorais”, no programa “Quintas de Debate”, Luísa Rogério afirmou que os médias desempenham um papel preponderante no processo eleitoral, daí que devam cobrir os actos políticos com isenção, responsabilidade, independência e pluralismo, conforme estabelece o código ético-deontológico.
 
 
Admitiu que o papel dos jornalistas nos processos eleitorais deve ser visto na perspectiva da informação noticiosa sobre o contexto, explicando que o trabalho jornalístico exige regras claras de actuação, como à existência de uma informação plural diversa, rigor, profissionalismo, igualdade de oportunidades e a liberdade de expressão.
 
 
Considerando os processos eleitorais como fenómenos mediáticos de grande relevância, a secretária-geral do SJA alertou os jornalistas para a importância de evitar a manipulação informativa por força de interesses político-partidários, para se dirimir eventuais conflitos.
 
 
“Os jornalistas são uma parte fundamental do processo, mas não devem confundir o seu papel”, acentuou, ressaltando que devem levar em conta a sua condição de profissionais, visto que o país saiu há dez anos de uma guerra e ainda decorre a pacificação dos espíritos.
 
 
Para a prelectora, ao assumirem-se protagonistas do processo os jornalistas acabam por ser uma fonte de conflitos, pelo que há necessidade de manterem independência do poder político a fim de prestarem, à sociedade, um serviço público que concorra para a consolidação da paz.
 
 
Alertou para o facto de certa informação veiculada poder pôr em causa o processo eleitoral, tendo em conta o contexto político do país, marcado por uma guerra fratricida recente, havendo ainda entre os cidadãos frustrações, problemas e angústias à “flor da pele”.
 
 
Para prevenir conflitos eleitorais, de acordo com a Luísa Rogério, os jornalistas nunca se devem demitir da responsabilidade de informar com verdade, isenção e cumprir o princípio da presunção de inocência e do contraditório, pois a Comunicação Social pode determinar o curso eleitoral e, inclusive, influenciar escolhas.
 
 
A interlocutora, para quem em determinados contextos, o favorecimento da imprensa a um partido político pode descambar em conflitos, recomendou aos jornalistas a observarem o rigor no exercício desta profissão, para debelar possíveis desavenças eleitorais, devido à tensão da conjuntura eleitoral.
 
 
Aproveitou a oportunidade para salientar que os jornalistas devem estar conscientes de que os seus direitos são limitados, face a outras liberdades também consagradas por lei, razão por que a sua actuação deve procurar evitar conflitos susceptíveis de condicionar o processo eleitoral.
 
 
Promovido pela organização não-governamental Omunga, o debate, decorrido no auditório da Rádio Benguela, teve como objectivo proporcionar um espaço de diálogo sobre um tema da actualidade política e nele participaram, para além de jornalistas, representantes de partidos políticos, de igrejas, sociedade civil e estudantes universitários.