Condenamos veementemente o nível organizativo do pleito eleitoral e exigímos a demissão do sr. Presidente do Conselho Nacional Eleitoral.

Neste contexto e por imperativo de consciência nacional, porque a nossa pátria em primeiro lugar, tornamos público o seguinte:

1. Dedicamos ao povo angolano o maior protagonista e exemplo de dignidade, demonstrado em torno de todo processo eleitoral, mesmo com fome e estômago vazio despertou ao amanhecer, para exercer o seu direito à liberdade. Pelo seu carácter excepcional e sentido de missão contribuiu para o fortalecimento da reconciliacção e com orgulho soubemos dignificar o nosso país tal como em 1992.

2. Foi com grande surpresa que tomamos conhecimento do conteúdo público da sra. Luiza Morgantini, chefe da Missao de Observação Eleitoral da União Europeia(EU) que acompanha as segundas eleições legislativas, 16 anos depois das primeiras eleições fraudulentas ocorridas em 1992. Após ter declarado que o processo eleitoral angolano era um desastre, horas depois dá o dito pelo não dito e afirma que o desastre inicialmente constatado não refletia todo o processo eleitoral.


3. Estranhamente no seu último pronunciamento a sra. Luiza Morgantini, omite que tais desastres caracterizou-se por flagrante atropelos a lei eleitoral, atraso na abertura das assembleias de voto o que provocou uma autêntica desorganização organizada, com falta de boletins de voto, excluindo a fixação das listas vital para o controlo dos eleitores.

4. Assistimos a fixação de bandeiras do MPLA junto das áreas de votação numa clara e total violação da lei eleitoral. Relatos apontam a pressões exercidas contras os eleitores de terceira idade para votarem no número 10 por parte de alguns delegados da assembleia de voto.

5. O atraso deliberado na abertura das assembleias de votos, nos municípios de maior concentração populacional em Luanda, enquadra-se numa estratégia laboratorial visando a abstenção de alguns eleitores que depois de várias horas de espera e aglutinados acabaram por levar pancada sendo vítimas de várias agressões físicas exercida pelo corpo de segurança policial. Os angolanos foram vítimas de agressões com bastões e mangueiras por acreditarem que tinham direito a eleger os seus representantes governativos. Mas outra violação dos direitos humanos e básicos dos cidadãos.

6. É do conhecimento público nacional e internacional, a existência de graves pressões sobre os brigadistas levando muitos deles ao consumo exagerado de alcóol em plenas funções em assembleias de voto, perdendo a ética e decoro, o que permitiu que muitos eleitores votassem em mais de uma assembleia de voto. O descontrolo era total.

7. As urnas ficaram em vários pontos de Luanda expostas a todas as possiblidades de fraudes uma vez que se registou a falta de luz, durante várias horas em várias mesas de assembleia durante a noite, sem que ninguém soubesse os seus verdadeiros contornos.

8. Reparamos que o material utilizado, cabines de papelão, e urnas de plástico transparentes. Muitos dizem que é material descartável, será que todo dinheiro gasto justifica esse material e ainda por cima houve “falha logística”! Alguém falhou, alguém cometeu erros e até agora não houve punição, os encarregados deviam demitir-se do cargo, foi uma vergonha, cabines debaixo dos prédios sem protecção na parte superior, quem estivesse na varanda do prédio via onde se punha o X (o voto é secreto? Aqui não)! Foi o lamento mais ouvido entre os angolanos.

Num momento em que se esperava que as segundas eleicoes legislativas pudessem enterrar as velhas memorias de1992 e guindar Angola como exemplo de referência em Africa, vemos com enorme preocupação um evidente propósito de manipulação, viciação e subtracção dos factos com a cumplicidade do governo português que aparece a legitimir um processo desastroso, tornando normal o que é para nós angolanos genuínos uma anormalidade.

Apelamos aos dirigentes portugueses para olharem Angola como um todo e não apenas como uma fonte de capitais estratégicos para Portugal.

Apelamos ainda aos dirigentes políticos angolanos para não fustrarem as expectativas dos angolanos e respeitarem o decisão soberana do povo angolano.

E para terminar apelamos a sociedade civil, às igrejas, à opiniao pública portuguesa para julgarem estes factos e todos trabalharmos para a Consolidação da Paz, da Reconciliação Nacional e da Estabilidade e Fraternidade dos dois Povos Irmãos.»

Fonte: Noticias Lusofonas