Luanda - Desconhecidos, alguns dos quais encapuzados, atacaram neste sexta-feira, 09, com armas brancas vários organizadores da manifestação antigovernamental marcada para sábado em Luanda, disse à Lusa um dos elementos do grupo atacado.


Fonte: Lusa


Segundo Sampaio Liberdade, o ataque visou a residência de Carbono Casimiro, "rapper" que tem estado na linha da frente das manifestações antigoverna-mentais em Luanda.

 

Este ataque sucede ao espancamento, na quarta-feira no bairro do Cazenga, em Luanda, de outros dois organizadores da manifestação, convocada para exigir o afastamento da presidente da Comissão Nacional Eleitoral e a demissão do Presidente José Eduardo dos Santos.

 

Segundo Sampaio Liberdade, que também ficou ferido no ataque, os agressores, empunhando barras de ferro e paus, entraram na casa de Carbono Casimiro, no bairro Nelito Soares, no município do Rangel, onde se encontravam outras três pessoas.

 

"Isto tem tudo a ver com a manifestação de sábado, mas estamos determinados e vamos mesmo sair para a rua", garantiu Sampaio Liberdade, que juntamente com Carbono Casimiro, os que ficaram menos feridos no ataque, apresentou queixa do sucedido na 6ª esquadra da Polícia Nacional, no Rangel.

 

Segundo Sampaio Liberdade, das outras três pessoas que ficaram mais feridas, um indivíduo chamado Santeiro, teve de receber cuidados médicos no Hospital Américo Boavida, em Luanda, devido aos ferimentos que recebeu na cabeça e nos braços.


"Os outros dois, Caveira e Nelito, foram levados por nós (Sampaio e Carbono) ao posto médico da Polícia Nacional da 6.ª esquadra, onde receberam primeiros socorros", afirmou.

 

O ataque ocorreu dois dias depois de Mário Domingos e outro dos organizadores da manifestação, conhecido por "Kebambe", terem sido metidos à força numa viatura e espancados por desconhecidos, tendo horas depois sido abandonados na zona da Terra Vermelha, no Cazenga, com ferimentos na cabeça e nos braços.

 

Sampaio Liberdade acrescentou que a manifestação de sábado começará com uma concentração entre as 09:00 e as 10:00 (entre as 08:00 e as 09:00 em Lisboa) junto ao tanque do Cazenga, após o que os organizadores tentarão desencadear uma marcha até à Praça da Independência, na capital angolana, onde esperam chegar duas a três horas depois.

 

"Já recebemos a garantia de que dirigentes de partidos da oposição se vão juntar a nós, na concentração e na marcha até à Praça", adiantou.


Os dirigentes que já confirmaram a presença são Filomeno Vieira Lopes, Nelson Pestana Bonavena e Luís Nascimento, do Bloco Democrático, e Adriano Sapinala e Rafael Massanga, da Unita, este último filho de Jonas Savimbi, fundador da Unita, cuja morte em combate há 10 anos conduziu ao fim da guerra civil em Angola.