Lisboa -  A Sonangol passará a ser o principal accionista da Galp e, por concomitância, a exercer o controlo jurídico da gestão da companhia, independentemente da grandeza que vier a ter a participação a adquirir à ENI, como desfecho de negociações entre ambas, mas implicando outros interesses, de momento em curso em Lisboa.


Fonte: Africamonitor.net


O interesse da Sonangol, inspirado em orientações das autoridades angolanas, consistia em adquirir integralmente a participação da ENI, 33,34%, o que, em junção com a participação indirecta de c 16% que já tem através da Amorim Energia e de eventuais aquisições em bolsa, lhe permitiria ter 51% e o controlo accionista da companhia.

 

O Governo português, agindo por efeito de uma atitude de inferida reserva política em relação às pretensões mais ambiciosas da Sonangol, terá persuadido esta a conformar-se com uma maioria simples da Galp, eventualmente 34%, o que significará que a aquisição da participação da ENI será parcial.

 

A par da negociação com a ENI (aspectos chave delineados numa recente viagem a Luanda do seu presidente, Paolo Scaroni), está também em curso um processo com vista a desligar a Sonangol da Amorim Energia, entidade que também tem uma participação de 33,34 da Galp (45% da Sonangol).


Na lógica da Sonangol, a sua indirecta participação accionista na Galp, através da Amorim Energia, correspondeu a uma fase própria de circunstâncias ultrapassadas; pretende agora um estatuto de accionista mais conforme com objectivos como aquisição de prestígio externo e próxima entrada na NYSE.


A ENI, enquanto tal ou através de uma subsidiária, Agip, tem interesses antigos e vastos na exploração de petróleo em Angola. A alienação da sua participação na Galp a favor da Sonangol, no todo ou em parte, é considerada relativamente fácil de negociar tendo por base a concessão de vantagens em Angola entre as contrapartidas.