Luanda - Segundo a fonte de O PAÍS, Ambrósio Lukoki, um histórico do partido no poder, terá feito chegar antecipadamente a proposta ao secretário-geral do partido, Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse”, mas não foi acolhida no último encontro do comité central por falta de preenchimento do requisito acima referido.


*Eugênio Mateus
Fonte: O Pais

Para próxima reunião do Comitê Central

Na sequência do debate havido a respeito, a proposta acabaria por ser acolhida após a entrega do referido documento por Ambrósio Lukoki, ficando a recomendação de que a sucessão de Dos Santos seja abordada durante os trabalhos da próxima reunião do comité central do MPLA, que congrega os militantes do topo da hierarquia do partido.

 

Vista até aqui como um verdadeiro tabu, e embora alguns dirigentes do partido no poder, abordados a propósito, dissessem que o partido a abordaria no devido tempo, Ambrósio Lukoki deu o mote para que a questão seja discutida dentro das estruturas formais do partido.

 

Lukoki foi um destacado militante do partido da primeira hora, tendo respondido pela importante área da esfera ideológica, cumulativamente com o Ministério da Educação, até ser afastado da hierarquia do partido, ao qual só regressou, nos seus escalões mais altos, no quadro do amplo projecto de reunificação da “grande família do MPLA”.

 

Actualmente responde pelos assuntos diplomáticos da relação entre Angola e Tanzânia, um dos bastiões de apoio aos movimentos da luta de libertação nacional da África Austral, acolhendo movimentos como a Frelimo, MPLA e ANC.


PROCESSO DE RENOVAÇÃO…


O MPLA poderá renovar em apenas 30 por cento a sua bancada parlamentar, ao contrário do que sucedeu em 2008, quando mandou para casa pouco mais de 45 por cento de militantes seus integrantes da primeira assembleia multipartidária, embora muitos deles viessem da monolítica Assembleia do Povo.

 

O PAÍS apurou ainda, de uma fonte ligada ao partido no poder, que igual cifra está reservada à entrada de mulheres e um percentual de dez por cento dos lugares deverá ser destinado ao preenchimento da lista por personalidades ligadas à sociedade civil, logo sem qualquer vínculo com o MPLA.

 

Entre estes, segundo a fonte deste jornal, deverão constar músicos, intelectuais, desportistas, entre outros.


Como metodologia a empregar na avaliação dos candidatos a deputados que concorrerão nas próximas eleições gerais, que, admite-se, poderão ocorrer a 31 de Agosto próximo, constam o bom desempenho durante os debates na casa das leis, assim como a interacção com os eleitores dos círculos para os quais foram eleitos para o caso dos actuais deputados.

 

A fonte fez notar uma outra alteração de fundo nos critérios de avaliação que tem que ver com a passagem pelo crivo das estruturas locais do partido para que possam concorrer pelos círculos provinciais, contrariando uma prática recente de avaliação apenas ao nível central das estruturas do partido.


As possíveis alterações ao nível dos círculos provinciais ficar-se-ão a dever a este novo figurino de avaliação dos pretendentes a deputados à III legislatura da Assembleia Nacional.


Apesar do rigor a empregar na avaliação do perfil dos futuros deputados, a fonte admitiu que alguns casos serão tratados pontualmente fora deste esquema por razões justificáveis.

 

Em relação a esta última questão, confidenciou a fonte que deverão ser considerados alguns efeitos menos positivos, decorrentes da gestão partidaria junto de algumas figuras do MPLA.

 

A fonte deste jornal deixou ainda claro que deverão passar à reforma todos os parlamentares que exerçam a função de deputado desde o tempo da Assembleia do Povo, que não façam parte do bureau político do partido, portanto antes da adopção do sistema multipartidário em 1992, para que se possa insuflar sangue novo na bancada parlamentar do MPLA.

 

Em relação aos actuais detentores de cargos ministeriais que foram eleitos nas listas de deputados, decorre igualmente um processo de avaliação que visa aquilatar o cumprimento das metas propostas pelo Executivo durante o tempo que exerceram os respectivos cargos.

 

A fonte revelou que o partido no poder pretende implementar a figura do “deputado reformado” a conferir a todos aqueles que tenham cumprido dois mandatos consecutivos.

 

Esta situação estará a gerar algum movimento inusitado nas hostes do partido, sobretudo daqueles que estão a terminar o seu primeiro mandato e que se acham na iminência de deixar o lugar.

 

Dos actuais deputados da bancada do MPLA, pertenceram à antiga Assembleia do Povo nomes sonantes das hostes rubro-negra como Dino Matrosse, Francisco Magalhães Paiva “Nvunda”, António dos Santos França “Ndalu” e outras figuras que integraram o comité central até ao fim do monopartidarismo.

 

Entretanto, uma outra fonte disse que têm lugar garantido na nova lista de candidatos a deputados os 47 membros do actual bureau político no que pode ser considerado o grupo dos deputados timoneiros.

 

A formalização das candidaturas à Presidente da República, vice-presidente e deputados ao parlamento, junto do Tribunal Constitucional, deverá acontecer pouco depois do termo do registo eleitoral previsto para o dia 15 de Abril próximo.


POLÉMICA


Militares reformados das antigas FAPLA foram chamados a entregar documentos, supostamente solicitados pelo partido no poder, para beneficiarem de promoção.

 

Segundo João Agostinho, um dos militares que entregou os seus documentos nas imediações da antiga Escola Político-Militar Comandante Jika, concretamente em frente às antigas instalações da Direcção de Administração e Finanças das extintas FAPLA, estavam impedidos de entregar a documentação quem não tivesse sido das FAPLA.


Agostinho disse que os documentos solicitados eram as cópias do cartão de eleitor, a do BI, dos documentos de passagem à reforma, duas fotografias, autobiografia e o cartão do partido MPLA.


Contactada uma fonte na sede do MPLA, negou categoricamente que houvesse qualquer orientação nesse sentido, advertindo que pode estar por detrás dessa ‘demarche’ qualquer partido político com o fito de recolher assinaturas para serem presentes ao Tribunal Constitucional para efeitos de legalização de candidaturas.


“Eu trabalho com o camarada Suzana aqui na sede e não há qualquer orientação nesse sentido. Os camaradas devem ter cuidado e muita atenção com as manobras dos partidos políticos”, advertiu a fonte que pediu anonimato.


Nos termos da lei, compete ao Comandante em Chefe e ao chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas a autorização dos actos de promoção e graduação dos militares das FAA nas classes de generais e oficiais superiores e subalternos.