Luanda  - Abel Chivukuvuku rompe com UNITA e defende que legislativas de setembro devem representar o início de uma "nova página" na vida política angolana.


Fonte: Lusa


O antigo dirigente da UNITA Abel Chivukuvuku declarou-se hoje em Luanda "pronto para protagonizar a mudança" que considera necessária em Angola, ao lançar a Convergência Ampla de Salvação Nacional (CASA), plataforma com que pretende apresentar-se às eleições gerais de setembro.

 

"Eu, Abel Chivukuvuku, estou disponível. Estou pronto!", proclamou perante dezenas de pessoas que encheram uma sala de um hotel na capital angolana, sublinhando a necessidade de os eleitores "abrirem em 2012 uma nova página" da história de Angola.


Sozinho, à frente de um cartaz em que se lia "Servir Angola, Servir os Angolanos", Abel Chivukuvuku leu uma declaração política, sem direito a perguntas, em que explicou por que razão abandona a UNITA, onde militou ao longo de 38 anos e propõe a CASA, que denominou como "casa comum para todos os angolanos".


"Neste ano de 2012 é preciso mudar (...) Para aqueles angolanos, que apesar de descontentes com a realidade atual do nosso país, vivem a angústia de terem que se submeter às lealdades partidárias, mesmo quando não concordam, nós propomos a terceira via. Quem não encontra espaço de realização nos extremos que se junte a nós no espaço patriótico que representa o centro", apelou.

 

Ao longo de cerca de 30 minutos, com citações de Mahatma Gandhi, Martin Luther King e Abraham Lincoln, Abel Chivukuvuku declarou sair da UNITA porque não pode "negar à pátria e ao povo angolano" a sua prestação "para o potenciamento de uma oportunidade, a criação de uma vida melhor, uma nova esperança, uma nova luz, para a realização do nosso sonho angolano".


"Significa o surgimento da terceira via", acentuou, reclamando a necessidade de mudança a todos os níveis.


Numa referência ao Presidente José Eduardo dos Santos, considerou que "não haverá uma vida melhor com a Presidência que temos", salientando que, "depois de 32 anos de exercício do poder presidencial nunca eleito, chegou a hora de demonstrar nas próximas eleições que chega".


"Trinta e dois é muito, então mais cinco (duração dos mandatos presidenciais), o que daria 37 anos seria demais para não dizer insuportável", vincou.


Partidário da necessidade de uma mudança pacífica, Abel Chivukuvuku disse não prescindir, contudo, "dos direitos fundamentais e constitucionais que consagram as liberdades democráticas".


"Os cidadãos têm o direito de exprimir a sua indignação perante o roubo desenfreado e imparável e os abusos do poder. A democracia tem de ser defendida", disse.


Chivukuvuku, que se apresentou acompanhado da mulher, utilizou na sua intervenção diferentes formas de tratamento, abrangentes de todo o espetro político angolano como "irmãos", "camaradas" e "maninhos". Trata-se, respetivamente, de expressões usadas internamente pelos militantes da FNLA, MPLA e UNITA, a cujos líderes históricos, Holden Roberto, António Agostinho Neto e Jonas Malheiro Savimbi, prestou homenagem.


Várias vezes interrompido pela assistência, que acompanhou com palmas e gritos de "Chivukuvuku" a sua entrada na sala, o político encerrou a leitura da declaração afirmando ser "chegada a hora de os angolanos se afirmarem perante a pátria e o mundo".


Relativamente aos últimos acontecimentos ocorridos em Luanda, com a repressão sobre uma manifestação de jovens, Abel Chivukuvuku considerou ser tempo de se respeitar a Constituição e "não de partir os braços de um cidadão apenas por apoiar jovens manifestantes", numa alusão ao espancamento de que foi alvo sábado passado o economista Filomeno Vieira Lopes.


O congresso fundador da nova formação partidária será em Luanda, a 3 e 4 de abril, e os pormenores para a criação das estruturas a nível provincial e nacional serão divulgados numa conferência de imprensa a realizar no próximo dia 20, em Luanda.