Whindoek  - Dizem que quem CASA quer CASA mas torna-se complicado nas nossas tradições Angolanas quando alguém CASA sem antes primeiro pagar o alembamento.


Fonte: Club-k.net


Sim, alembamento! Neste caso o é providenciar as respostas adequadas ou dar satisfações à família da noiva. Para mais, há quem ainda questiona se as bases ou o alicerce do tal casamento, já que não se fez o alembamento, serão suficientemente fortes para assegurar a CASA que muitos, incluindo a minha pessoa, prematuramente descrevem-na como sem teto, caboco e nem paredes.


Felizmente, este casamento surgiu num momento de grandes tensões mas oportuno, onde a CASA possivelmente terá como residentes elementos de famílias rivais a quase 37 anos, o que pretende produzir um certo equilíbrio nas tomadas de decisões da mesma comunidade destas duas famílias.


A CASA é nada mais, nada menos que a nova Convergência Ampla de Salvação de Angola, uma formação política apresentada por uma antiga figura do Galo Negro, Abel Epalanga Chivukuvuku, aos 14 de Março de 2012.

 

O porquê que digo que foi feito um casamento sem antes ser feito o alembamento?
Chivukuvuku convocou uma conferência de imprensa (ou um anúncio?), onde num discurso de “este é o momento! Este é o momento” e cheios de “eu” ao invés de “nós”, anunciou a formação da Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA), sem conceder o direito à perguntas aos jornalistas e convidados ao evento.

 

Naquela ocasião, Chivukuvuku foi politicamento correcto porque esquivou uma possível série de perguntas embaraçosas que ele mesmo não sabia se sairiam somente dos jornalistas ou de elementos infiltratos que tinham um único propósito de “matar o pintinho no ovo”.


Se é que as alegações de que esteve a preparar a sua saída na UNITA à mais de 10 anos atrás, o Chivukuvuku está democraticamento incerto por ter esquivado as perguntas porque para quem quer ser o presidente de Angola, vistos que o actual practicamente não responde perguntas de ninguém, deve mostrar exemplo e ao invés de vagamente convidar as pessoas a juntarem-se à sua CASA sem exactamente responder os porquês, mesmo depois de preparar-se para tal por mais de uma década.

 

Por mais que o Chivukuvuku esquivou-se de uma possível armadilha, ele deixou o povo na incógnita com mil e umas perguntas. O Chivukuvuku veio atona nos refrescar a memória acerca dos actuais problemas que nos afligem, mas em nenhuma parte do seu discurso nos explicou o plano ou o projecto da CASA onde constam a maneira em que vai nos ajudar a sair destas lacunas.

 

Repetidas vezes Chivukuvuku disse “este é o momento” e enfatizou que está pronto para a longa batalha mas não nos convenceu em como irá atingir tais objectivos comuns do povo Angolano.

 

Enfatizo que por não responder as perguntas, politicamente foi uma boa estratégia mas que democraticamente será imperativo ele vir adiante, pelo tempo que cada vez mais não está no nosso lado com vista as eleições de Setembro, e clarear o povo com o seu verdadeiro plano político.

 

Adicionalmente, por não responder as perguntas, Chivukuvuku comprou tempo para ouvir e aprender das críticas que cada vez mais surgem de diversas esferas da sociedade Angolana, e apenas espero que possa capitalizar nelas para melhor responder as mesmas questões.

 

Portanto, no resto da minha dissertação irei me expressar mais particularmente em torno de dois pontos: O Abel Chivukuvuku ; a CASA e a democracia Angolana.


a) Abel Chivukuvuku Gostaria de deixar bem claro que todo ser humano é naturalmente ambicioso embora em áreas diferentes, e Abel Chivukuvuku não fungiu da regra e fê-lo em cumprimento com a nossa Constituição atípica e o próprio estatuto da Unita. É de certeza uma idéa louvável, bom para a nossa miúda democracia.


Por mais que muitos critiquem ou ignorem, o Chivukuvuku tem algo de bom para oferecer à Angola, porque se não, não haveria tanta crítica e atenção à ele, como diz o ditado “não se atira pedras num pau sem frutos”... Há de certeza algo algum!
Somente temos de estar de olhos bem abertos nele e nas suas ambições para que não se transforme na segunda parte do filme que estamos a assistir, isto se milagrosamente conseguir ganhar.

 

Que chances há para que o Chivukuvuku se torne o presidente de Angola?
Infelizmente nesta altura do campeonato, as perspectivas são nublosas para ele porque primeiramente, em apenas 6 meses para as eleições, ele terá a dura tarefa de convencer uma grande maioria de eleitores, e infelizmente há que haver uma campanha massiva de mobilização e maketing da nova CASA porque no novo sistema de eleição presidencial na nossa Constituição atípica, o povo vota para um partido político e não para individualidades, querendo dizer que têm de conhecer a CASA certa.

 

E o próprio Chivukuvuku reconheceu a sua grande barreira à Presidência da Republica, dizendo que: “o conceito de figura de cabeça de lista é somento um artifício para permitir que alguém atinja o poder presidencial na boleia ou nas saias de forças partidárias”. Em suma, nesta vertente, salvo o erro, é surreal pensar que Chivukuvuku conquistará a Cidade Alta pela vigente forma de eleição presidencial e pelo pouco tempo que resta, particularmente na pressa em que a CASA vai tentar conquistar a confiança e possível lealidade dos eleitores.


Vistos que a CASA parece um tanto quanto extremo ao opor-se ao regime, a CASA deverá redobrar o esforço que está a ser evidado pelos outros partidos da oposição para que haja uma Comissão Nacional Eleitoral independente e para que haja eleições livres e justas em Angola.


b) A CASA e a democracia Angolana


Para além de incógnitas em volta do seu projecto, Chivukuvuku terá de explicar exactamente o que é a tal de Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA).

 

É um partido político? É uma coligação? Qual é o seu projecto e objectivo? O que diz o seu estatuto? Convidou-se os irmãos, os maninhos, os camaradas e todos os compatriotas mas em que bases a CASA se assenta actualmente? Quais são os seus elementos integrantes ou partidos constituentes? Quais são os condicionantes ou requisitos para que um partido se junte à CASA? Qual é o seu estimado número de militantes? Quando será o seu registo ao Tribunal Supremo? Se for uma coligação de partidos, claro que os lideres de tais partidos terão de ceder os seus poderes ao cabeça da lista da coligação. Será que há concenso para que o Chivukuvuku seja o cabeça da lista ou haverá eleições internas?


São estas e outras inúmeras questões que, em gesto de transparência, o Chivukuvuku e a CASA terão de responder ao povo Angolano.


Saliento que se a CASA se materializar, possivelmente haverá uma grande probabilidade de termos uma forte oposição política em Angola, que vai diversificar a maneira actual de actuar e encarar o regime.

 

Isto é bom para a democracia porque pode possivelmente equilibrar a balança parlamentar, actualmente composta por uma esmagadoramente maioritaria de deputados do MPLA, e noutro lado o Chivukuvuku também reconheceu que há uma necessidade vital de “acabar com a actual maioria asfixiante cuja dimensão parlamentar cometeu o escandalo de aproval uma Constituição que permite eleger um presidente da República com poderes quase absolutos sem ter que enfrentar o eleitorado directa e individualmente”.

 

Caracterizo o surgimento da CASA e do Bloco Democrático (BD) como luzes no fundo do tunel para muitos cidadãos Angolanos que mostravam-se indiferentes e indecisos na sua participação nas eleições porque muitos dos partidos políticos existentes não mais inspiravam confiança dos mesmos.

 

Finalmente, o surgimento da CASA e do BD, possivelmente ameaça a extinção ou perca de posicionamento parlamentar em termos de número de deputados por parte de alguns partidos políticos da oposição e do partido no poder.


Apesar dos seus benefícios para a nossa democracia, o senhor Abel Epalanga Chivukuvuku deve saber que quem CASA quer CASA mas que segundo os nossos hábitos e costumes da nossa imensa Angola, o alembamento deve ser pago por dar respostas as nossas questões, e não aceitaremos o truque de ir viver na CASA da sogra.