Benguela - Um gesto considerado “de mau gosto” e falta de ética por parte do Governador provincial em exercício Agostinho Felizardo (AF), na última reunião de concertação social realizada na cidade do lobito a propósito do actual estado de saúde de Armando da Cruz Neto, está a levantar o tom da polémica sobre uma eventual substituição do general antes do fim do seu mandato por questões de saúde.
Fonte: F8
Descontentamentos sobre a sua governação
No final da referida reunião e já depois dos seus participantes se terem levantado e outros já fora da sala foram travados pela chamada de AF num gesto pouco simpático. “Meus senhores voltem, voltem e só para vos informar que aquilo que a imprensa anda a dizer sobre o estado de saúde do governador Armando da Cruz Neto é falso não liguem. Era só isso podem sair”.
Este gesto criticado em silêncio pelos presentes está a provocar varias leituras no seio do Mpla e do executivo local. Tratando-se de uma informação considerada importante e ligada a saúde do governador, a mesma deveria ser a primeira antes do início dos pontos da agenda de trabalhos da reunião de concertação social.
O deslize de AF está a ser interpretado como fazendo parte de um movimento silencioso nos corredores do Mpla e no palácio da Praia Morena de contestação a liderança de ACN desde a sua indicação por JES em substituição de Dumilde Rangel (DR).
No entender das fontes do folha-8, o gesto de AF é semelhante a quando substituiu DR por um período de 30 dias quando este se encontrava nos EUA em tratamento médico. Na altura, foi posta a circular informações que JES aproveitaria a oportunidade para dar fim ao mandato de DR por questões de saúde e na altura AF era um dos vários nomes apontados como sucessor, tendo como suporte o seu tio Pitra Neto, na altura Vice-presidente do Mpla, o que não veio a acontecer.
O facto de estar utilizar um batedor de polícia quando se desloca em serviços dentro da cidade de Benguela, acto que a ACN não faz, está a ser encarada por sectores do ême e do governo provincial, como mais um sinal de contínua apetência e sério concorrente ao palácio da Praia Morena.
Não sendo um acto isolado, várias personalidades no seio do Mpla e executivo local estariam dispostos a apadrinhar um movimento que desse por fim o mandato de ACN evocando questões de saúde.
Tais personalidades são tidas como descontentes, tendo como suporte o facto da governação de ACN estar eivada de um visível favorecimento empresarial a sua família, generais e altas figuras do poder central que em Benguela vão abocanhando pequenos e grandes negócios.
Entre os vários sinais de protesto está a requalificação do Parque de Ténis de Benguela, através do patrocínio da empresa MS Telecom que conta agora com uma cervejaria moderna com salas de jogos e ciber e entregue a sua gestão sem concurso público a uma empresa próxima a sua esposa e filhas, tendo desvirtuado o objecto social do referido espaço que era o de lazer e desporto.
A oficialização da feira anual de Benguela e entregue a empresa de direito angolano Arena Angola, é outro dos sinais que tem beliscado a alegada falta de coerência e gestão transparente do chamado “património de Benguela”. Sobre este facto as fontes do folha 8 sublinharam que sendo Benguela pioneira na realização de feiras, onde se destacam as feiras da então Sétima Região militar junto a Praia Morena que tinham dimensão regional, não entendem como é que em tempo de paz os líderes empresariais de tais iniciativas tenham sido postos de parte, mesmo depois de terem mostrado revitalidade na matéria, com a criação da feira de Benguela na ex-Seta na governação de Dumilde Rangel.
O movimento contestatário silencioso entende ainda que a máquina partidária de Benguela para o actual quadro eleitoral não oferece solidez com o actual governador, a julgar pela completa inaptidão na gestão corrente do Kremilin local. Um dos exemplos marcantes interpretados como uma banalização e desconhecimento da vida partidária é o caso da sua ausência num acto inaugural de um comité do Mpla, tendo no caso indigitado o segundo secretário provincial Veríssimo Sapalo e ter preferido assistir acto final de um concurso de pesca realizado na cidade do Lobito.
Com a procissão a trilhar caminhos obscuros a sucessão de ACN no comando da complexa província de Benguela onde se confluem os mais variados negócios do topo a base do poder em Angola, fica difícil prever quem poderá substituir o general que marcou o seu nome no fim da guerra em Angola e que agora arrisca-se a diluir todo o seu capital numa empreitada que muitos afirmaram que nunca ter aceite.
Nomes como Aníbal Rocha e o benguelense Vice Ministro do Interior Ângelo veiga, são em surdina apontados como estando na lista do Futungo para uma eventual substituição de ACN caso o seu estado de saúde se manifeste grave, afirmou uma fonte do Folha 8 que acompanha o caso.