Compreende-se, se tivermos em conta aquilo que são os padrões modernos de concertação de interesses na política internacional, nada focalizados nos Direitos Humanos.

A União Europeia não se compromete com umas eleições recheadas de episódios estranhos mas também não se coloca como obstáculo. Está aqui implícita uma posição de relativização democrática que, não sendo justa, é feita de um cínico pragmatismo que colhe cada vez mais junto das opiniões públicas.

Na percepção dominante Angola é o que é: um regime musculado onde pouco mais há em matéria de determinação de regras do que o poder do dinheiro mas que paulatinamente tem vindo a fazer uma evolução no sentido de um maior pluralismo e aceitação das regras do jogo democrático. Por pequena que seja tal evolução, todos aqueles – governos, empresários, banqueiros, agências de comunicação... – que têm uma razão para se relacionar com o governo de Luanda consideram-na satisfatória. Sendo assim...

Na verdade, sempre foi assim: a realidade do poder económico é sempre mais forte do que qualquer noção de justiça, mesmo que a meramente possível. Por isso Angola, por isso a Rússia.

Fonte: CM