Luanda -  O Supremo Tribunal Militar  continua a julgar os 21 elementos da Polícia Nacional acusados de estarem envolvidos na morte de Domingos João e Domingos Mizalaque, mas até ao momento a acusação não consegue apresentar provas de que os mesmos sejam os culpados do crime e do desvio de três milhões e 700 mil dólares.


*Isabel João
Fonte: NJ

A cada audiência, as acusações recaem mais sobre o antigo comandante da divisão de Viana, Augusto Viana. Esta semana, o Tribunal Militar ouviu quatro declarantes, entre eles o subcomissário Tiago Caliva, inspector-geral adjunto do Comando Geral da Polícia Nacional,
que desviou o foco de Quim Ribeiro.


Tiago Caliva é um dos oficiais que integrou a Comissão de Inquérito que estava encarregue de investigar e determinar as denúncias feitas pelo finado Joãozinho.


O subcomissário confirmou o que o declarante José Júlio Nogueira havia dito na sessão do dia 29 de Março, que em nenhum momento Joãozinho acusou Quim Ribeiro de o estar a perseguir.


O inspector-geral adjunto do Comando Geral da Polícia Nacional afirmou em tribunal que esteve com o falecido Domingos João em três momentos, em que ele foi ouvido pela Comissão de inquérito e em nenhuma circunstância disse que Quim Ribeiro o estava a perseguir.


“Domingos João nunca disse que o comissário Quim Ribeiro o estava a perseguir, antes pelo contrário. Sempre afirmou que quem o estava a perseguir era Augusto Viana, chegando mesmo a dizer, quando foi ouvido no terceiro momento, já a cumprir pena, que quando saísse da cadeia seria morto e se isso acontecesse o autor chama-se Augusto Viana”, salientou o declarante.


Ainda segundo Caliva, no primeiro encontro, Joãozinho levou uma carta denúncia ao ministério, subscrita por 20 oficiais efectivos do Comando da Divisão de Viana, onde diziam que havia irregularidade no funcionamento daquele órgão da Polícia Nacional.


Depois das declarações de Tiago Caliva e de outros declarantes, aumenta o número de vozes que questiona como é que Augusto Viana continua solto? E como é que o nome de Quim Ribeiro apareceu neste imbróglio?


Tiago Caliva respondeu a esta última questão, alegando que foi só no processo disciplinar, instaurado como consequência do desfecho do processo de averiguações, que Augusto Viana apareceu com outra versão, incriminando Quim Ribeiro.


O tribunal ouviu também Adão João António, intendente da Polícia Nacional, e Luís Abel Ferreira Dias, investigador criminal. Outra questão que passa pela mente dos que têm acompanhado o caso Quim Ribeiro, desde o início, é sobre a versão mais credível. Será a do falecido Domingos João, que disse, segundo os declarantes, que quem o estava a perseguir era o Augusto Viana, ou a de Augusto Viana, que apontou o dedo a Quim Ribeiro?


Um advogado ouvido pelo NJ disse que pelas informações que vem acompanhando na imprensa, principalmente pela Rádio Luanda, o tribunal já tem provas suficientes para Augusto Viana voltar à sua anterior condição de arguido neste processo para que seja feita justiça, porque a cada dia que passa ele enrola-se mais. “Acho que Augusto Viana, em desespero de causa, procurou sacudir a água do seu capote e incriminou os seus colegas. Vamos esperar para ver, mas eu acredito que o tribunal é imparcial”, frisou.


O julgamento, que começou no dia 10 de Fevereiro, tem como principal arguido o ex-comandante de Luanda Quim Ribeiro. Outros 20 réus respondem pelos crimes de violência contra inferior e superior hierárquico.