O PRS, número 1 na lista, pode ser considerado o que mais ganhou com o facto de ter ocupado um lugar privilegiado. Pessoas de baixa formação e os indecisos que se dirigiram às urnas apenas pelo facto de o voto ser um dever e igualmente um direito, não deram voltas à cabeça e colocaram o Xis no primeiro quadrado. A primeira posição no boletim também terá impedido que os seus adeptos votassem noutros partidos, visto ser quase nula a possibilidade de engano. “Um é um e está em primeiro lugar”. Apesar disso, reconhece-se também o facto de ter regiões em que é um partido expressivo, tendo por via disso eventualmente perdido também alguns Xis a favor do número dois.

Mais do que o PRS, a Nova Democracia terá sido quem mais se beneficiou da posição que ocupava no Boletim de Voto, pois tinha à sua frente o "gigante" MPLA e para além de se ter apresentado com uma bandeira amarela, (cor também amplamente difundida pelo partido vencedor). Na ND terão votado muitos iletrados, os cansados, os embriagados e os com deficiências visuais que terão confundido o quadrado correspondente ao número 10 ao anterior. O mesmo terá acontecido com o quadrado imediatamente posterior, o 11 da UNITA.

Analisemos os dados conseguidos pela ND, quando estão contados cerca de 85% dos votos válidos.

Em Cabinda, onde o MPLA tem 60,93% dos votos a ND conseguiu 0,9% e ocupou a 8ª posição. Na Lunda Sul, onde o MPLA teve 50,09% a ND teve 0,89% e foi 4º. Conclusão: enquanto menos votos conseguiu o MPLA, menor foi o desperdício a favor da ND. Excepção em Luanda e Bengo onde o elevado grau de literacia dos eleitores terá impedido que tal “fuga” acontecesse em massa, mesmo tendo o MPLA conseguido 78,63% e 90,24%, respectivamente, contra os 0,63% e 082% sendo 6º em Luanda e 4º no Bengo.

Vejamos outros números: Em Benguela o MPLA obteve 82,69 e a ND conseguiu “apanhar” nada mais do que 1,34% que escaparam do "saco" do maioritário e foi 3º mais “votado”. No Cunene o maioritário arrecadou 94,12% e a ND 1,17% obtendo também a 3ª melhor safra. No Kuanza-Norte onde os camaradas saíram com o saco cheio, 94,52%, a ND conseguiu “apanhar” 1,06%, ocupando a 3ª posição, passando-se o mesmo no Kuanza-Sul onde o partido no poder obteve 89,18% do eleitorado, contra 1,46% de “desperdício” a favor da ND que ficou na 3ª posição. Em Malanje o M levou ao seu "saco" 93,04% dos votos contra 1,40% da ND que ficou na 3ª posição, atrás da UNITA, PRS e PDP-ANA.

Assim sendo, de grão a grão, enchendo o papo, a ND conseguiu ainda o quarto lugar ,1,35%, no Uige onde o “devorador” MPLA ficou com 89,20%. Na Huila onde o partido vermelho, preto e amarelo consegui 90,16% do eleitorado, a sorteada ND arregimentou 2,17% e a 3ª posição. E foi na mesma senda que conseguiu ainda outro 3º lugar no Namibe, com 0,93%, onde o “Papa Tudo” subiu aos 94,39%.

Outros 4º s lugares obteve a ND no Bié (44,40%-1,80%), no Huambo (82,05%- 1,20%), no Zaire (69,02%-0,77%), no Moxico (85,67%- 1,57%) e no Kuando Kubango onde conseguiu 1,32% contra os 79,68% do MPLA que surgiu à frente em todas as províncias e com um saldo geral superior a 81%.

A Nova Democracia, mesmo sem ter predominância em nenhuma província como é o caso da UNITA (em Cabinda, Zaire, Benguela, Huambo, Uige, Bié e Kuando-Kubango onde pode eleger deputados), do PRS (na Lunda Norte, Moxico, Lunda Sul e Malanje), FNLA (no Zaire e Uige), consegue um deputado no Círculo Nacional.

Se a então desconhecida ND é agora a quarta formação partidária mais votada, beneficiando dos factos acima narrados, quem foram os “prejudicados”?

- Com certeza que foram aqueles que capitalizavam as atenções e que acabaram por ser os mais votados, independentemente dos resultados finais. O PADEPA é outra formação que terá beneficiado bastante dos "maninhos" da UNITA, dada o ordem de colocação no boletim. Mas a UNITA também beneficiou dos votos do PADEPA tendo em conta ao apelo de Carlos Leitão para que os militantes desta formação que ainda se revêem nele (Leitão) depositassem o seu voto na UNITA.

Fonte: http://mesumajikuka.blogspot.com/