Será um acto corajoso, politicamente falando, avançar para uma disputa de liderança com o Dr. Samakuva, sem previamente reflectir sobre muitos factores que condicionam a UNITA, como a segunda força política nacional e primeira da oposição.

Ainda vai haver muitos a abandonar este « barco a deriva », que necessita de um « porto seguro », para ser « reparado e renovado ». Invés de especular-se em mudanças de liderança no partido, devia-se aguardar pelo pronunciamento do actual Presidente da UNITA, sobre o que ele pensa da situação pós-eleitoral do partido e o que vai fazer, enquanto « capitão do barco », sobre os seus imediatos, marinheiros e todos aqueles, que apesar de tudo, continuam dentro do barco, não fugindo como «ratos» e querem ir para o alto mar, de bandeira bem no alto, continuar a navegar por esse mar fora, que é o nosso País, que precisa de uma oposição forte, para continuar a tentar democratizar o nosso regime político e transformá-lo num Estado de Direito.

Vai-se aguardar, que o Presidente da UNITA reúna-se com os principais responsáveis da campanha eleitoral e que conduziram o partido para o «desastre» e que tenha a frontalidade de os convidar a demitirem-se, para serem substituídos por militantes ou dirigentes, que deram mostras de fidelidade, trabalho e não de intrigas palacianas.

Ao Presidente da UNITA, deixo o recado, pegue na «vassoura» e limpe a casa, mas não pondo o lixo debaixo do tapete.

A UNITA é um partido meio urbano e meio rural


A CNE publicou os resultados definitivos das eleições gerais em Angola após o indeferimento da impugnação da UNITA pelo Tribunal Constitucional.

O círculo Provincial de Luanda, como se sabe o maior do país, veio mostrar um cenário político da UNITA, que os principais dirigentes do partido não contavam. Com 670.363 do total de votos ( 10,39% ) e 258.474 (14,6%) dos votos concentrados no Círculo Provincial de Luanda, a UNITA, tem uma componente urbana perto da componente rural do interior de Angola, os tais « bastiões » de que tanto se fala.

E este dado, emergente destas eleições, foi uma das maiores falhas da estratégia eleitoral do partido, principalmente do seu «marketing político», que não fez o que era suposto fazer, para direccionar os dirigentes que estavam em campo, no contacto directo com eleitor. Não foi se quer, o problema da mensagem da «mudança», que era bem aceite e «colava» nos ouvidos do eleitor, mas antes, um sério problema de avaliação do potencial do eleitorado em termos de resultado, ou seja, a quantidade de votos que o partido iria recolher nessa Província, Município e Comuna.

Os dirigentes fizeram-se a estrada e apostaram em locais, cujos eleitores não corresponderam a expectativa criada, porque aqueles que dirigiram a campanha da UNITA, com base em dados pouco fiáveis e alguns inexistentes, não conseguiram colmatar as falhas que apareciam, muitas vezes por desconhecimento. E estas situações só acontecem, quando se confia plenamente numa pessoa, ou num pequeno grupo de pessoas, que entendem saber de tudo, mas que depois vai-se ver o resultado, e é aquele que agora sabemos.

Fonte: http://angolasempre.blog.com/